As horas nuas: conheça sobre a obra e sua artista
Lygia Fagundes Telles, autora do romance “As horas nuas”, foi uma importante escritora brasileira. Nasceu em 1923, em São Paulo e faleceu em 2022 na sua cidade natal. Suas obras estão inseridas na terceira fase do modernismo brasileiro, também chamado de pós-modernismo. Continue lendo para saber mais.
As horas nuas
O romance “As horas nuas”, de Lygia Fagundes Telles, foi publicado em 1989 e se caracteriza por apresentar uma narrativa moderna. O enredo gira em torno Rosa Ambrósio, uma atriz de teatro decadente que se prepara para retornar aos palcos.
A protagonista faz um balanço de sua vida amorosa e relembra seus amores e desilusões. Dentre seus amores, está seu primo Miguel, a paixão adolescente. Por volta dos vinte anos, o jovem faleceu devido a uma overdose.
A atriz também relembra sua vida com o marido Gregório e como ele se tornou taciturno após ter sido torturado pela ditadura militar. O amante, Diogo, o último companheiro que teve, a trocou por mulheres mais jovens.
Nesse livro, Telles apresenta um enredo fragmentado em que ações e comportamentos são apresentados como resultados das interações com a sociedade. A escritora trabalha com a projeção da realidade destacando o seu reflexo na vida do indivíduo.
Linguagem
Um dos pontos mais interessantes de destacar a respeito de “As horas nuas” é o fato que o narrador busca adequar a linguagem às ações. Assim a vitalidade do tempo é demonstrada.
Gradualmente, o leitor vai se inteirando e adentrando no universo do livro, compreendendo as questões levantadas. A base desse romance está nos conflitos existenciais dos personagens, esses pontos se refletem em problemas da sociedade.
Há o uso constante de estrangeirismos ao longo da obra como, por exemplo:
- “Hasta siempre”;
- “Formes et couleurs”;
- “illustration”.
Quem foi Lygia Fagundes Telles?
A escritora Lygia Fagundes Telles nasceu no dia 19 de abril de 1923, na cidade de São Paulo. Seu pai era advogado e sua mãe pianista. Iniciou sua vida escolar na Escola Caetano de Campos e cursou a Escola Superior de Educação Física. Assim como o pai, Lygia cursou a Universidade de São Paulo.
Uma curiosidade é que ao iniciar a faculdade, em 1941, a escritora era uma das cinco ou seis moças da turma, havia em torno de 200 rapazes. Também no âmbito da escrita, Lygia precisou conquistar seu espaço, afinal essa era uma área dominada por homens.
Casamento
Lygia casou-se com Goffredo da Silva Telles Jr. (1915–2009), em 1947. Desse primeiro casamento, Lygia teve seu único filho.
O seu primeiro livro, “Ciranda de Pedra”, foi publicado em 1954. Em 1963, após sua separação do primeiro marido, a escritora se casou com o crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes (1916–1977).
Carreira plural
Além de seu trabalho como escritora, Lygia ocupou o cargo de procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo. No ano de 1977, a autora integrou a comissão escritores responsável pelo “Manifesto dos Mil”. O objetivo desse movimento era o fim da censura no Brasil. Também em 1977, ela foi presidente da Cinemateca Brasileira.
Depois da aposentadoria do Instituto da Previdência, Lygia Fagundes Telles, se dedicou principalmente à escrita. Participou de diversas atividades da Academia Brasileira de Letras. Faleceu, em São Paulo, em 3 de abril de 2022, em decorrência de causas naturais.
Academia Brasileira de Letras
Em 24 de outubro de 1985, Lygia Fagundes Telles foi eleita para a Academia Brasileira de Letras. Tomou posse da cadeira de número 16, no dia 12 de maio de 1987.
Características da obra de Lygia Fagundes Telles
As obras da autora estão classificadas como pertencentes à terceira fase do modernismo brasileiro (ou pós-modernismo). Uma das principais características das obras dessa fase é o caráter intimista, uma verdadeira sondagem interior dos personagens.
Confira algumas das principais características dessas obras:
- Os enredos giram em torno de indivíduos que se encontram imersos em conflitos e nas suas angústias existenciais;
- Há recorrente fluxo de consciência nas narrativas;
- Evidência de incertezas com que os personagens precisam lidar;
- Caráter psicológico que permite uma ampla investigação das relações humanas.
Obras de Lygia Fagundes Telles
Contos
- Porão e sobrado (1938);
- Praia viva (1944);
- O cacto vermelho (1949);
- Histórias do desencontro (1958);
- Antes do baile verde (1970);
- Seminário dos ratos (1977);
- Venha ver o pôr do sol e outros contos (1987);
- A estrutura da bolha de sabão (1991);
- A noite escura e mais eu (1995);
- Oito contos de amor (1996);
- Invenção e memória (2000);
- Conspiração de nuvens (2007);
- Um coração ardente (2012);
- O segredo e outras histórias de descoberta (2012).
Romances
- Ciranda de pedra (1954);
- Verão no aquário (1963);
- As meninas (1973);
- As horas nuas (1989).
Memórias
- A disciplina do amor (1980);
- Durante aquele estranho chá (2002).
Crônicas
- Passaporte para a China (2011).
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