Saiba o que significa Dadaísmo e quais são os seus principais artistas
O Dadaísmo foi um movimento artístico de vanguarda do começo do século XX. Com forte oposição à arte acadêmica deu destaque para o nonsense (ausência de significado) e espontaneidade na arte. Continue lendo para saber mais.
O que significa Dadaísmo?
Um dos movimentos de vanguarda do começo do século passado, o Dadaísmo, surgiu em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial. Nesse período, essa forma de arte que se opunha ao modelo acadêmico tinha como objetivo contestar os valores culturais.
O nome Dadaísmo deriva da palavra “dadá”, que pode ter diversos significados ou significado algum. Caracterizou-se por ser oposto à racionalidade e à arte acadêmica. Dava ênfase ao nonsense e a espontaneidade na produção artística.
Contexto histórico do Dadaísmo
O começo do século passado ficou marcado por um clima tenso entre as potências europeias. Esse clima foi o resultado de uma política de expansão neocolonialista que teve início no século XIX.
Havia forte sentimento nacionalista, que era direcionado para alimentar a ideia de que cada nação era superior às demais. A rivalidade cresceu e levou as nações a estabelecer acordos entre si e dar início a uma verdadeira corrida armamentista. Em 1914, teve início a Primeira Guerra Mundial que acabaria somente em 1918.
Paralelamente, a esse clima de rivalidade e tensão política havia o sentimento de euforia em relação às inovações tecnológicas do começo do século passado como:
- Aparelho de raio-X;
- Telefone;
- Telégrafo sem fio;
- Cinema;
- Automóvel;
- Avião.
O novo século começava com grandes avanços tecnológicos que levavam a velocidade. Diante desse panorama, alguns artistas se mostraram descrentes do ser humano. Como o homem podia, ao mesmo tempo, desenvolver tecnologias tão incríveis e matar uns aos outros nos campos de batalha?
Baseados em forte sentimento questionador e anárquico, esses artistas desenvolveram o movimento de vanguarda conhecido como dadaísmo. As vanguardas europeias foram movimentos artísticos do começo do século XX que ocorreram no continente europeu.
Origem do Dadaísmo
Os movimentos artísticos de vanguarda tinham cada um suas próprias características. Contudo, todos tinham em comum a quebra com os valores da arte tradicional. O dadaísmo foi um desses movimentos de vanguarda. O poeta romeno Tristan Tzara (1896-1963) foi seu principal idealizador.
Em 14 de julho de 1916, o movimento surgiu oficialmente em Zurique. Nessa data foi publicado o primeiro manifesto do movimento, assinado pelo escritor alemão Hugo Ball (1886-1927).
Significado de dadá
Segundo o manifesto, “dadá” significaria:
- Em francês: “cavalo de pau”;
- Em alemão: “Não me chateies, faz favor, adeus, até a próxima!”;
- Em romeno: “Com toda certeza é assim. Sim, senhor, realmente. Já cuidamos disso.”.
A partir dessas definições, fica claro que o movimento do dadaísmo era fortemente baseado na ironia. A palavra “dadá”, na verdade, não apresenta nenhum significado para os dadaístas. A falta de definição da palavra “dadá” evidencia a essência dessa vanguarda que é a falta de sentido.
Características do Dadaísmo
O dadaísmo é um movimento artístico considerado questionador e anárquico por ter feito oposição radical aos valores estéticos tradicionais. Confira algumas de suas características:
- Irreverência;
- Experimentalismo;
- Valorização da improvisação;
- Crítico ao capitalismo;
- Crítica ao consumismo;
- Defesa de uma arte espontânea;
- Forte uso do nonsense (falta total de sentido).
As duas técnicas do Dadaísmo
O movimento dadaísta é fortemente associado a duas técnicas artísticas:
Colagem
Nessa técnica, pedaços de materiais distintos como tecido, papel entre outros são dispostos lado a lado ou em sobreposição, formando uma imagem.
Ready-made
Um objeto é deslocado do seu contexto para gerar estranhamento no espectador. Podemos citar como exemplo a obra “fonte” de Marcel Duchamp (1887-1968) em que um mictório é tirado do seu contexto para ser exposto como obra de arte.
Principais artistas do Dadaísmo
- Hugo Ball (1886-1927) – escritor alemão fundador do Cabaret Voltaire, clube noturno onde surgiu o movimento. Foi o autor do primeiro manifesto dadaísta.
- Hans (Jean) Arp (1886-1966) – pintor, escultor e poeta alemão, naturalizado francês em 1926. Usava materiais não convencionais e técnicas de colagem.
- Tristan Tzara (1896-1963) – poeta romeno influenciado pelos simbolistas franceses no início da carreira. Tornou-se então dadaísta e depois surrealista.
- Francis Picabia (1879-1953) – pintor francês cubista com traços futuristas. Tornou-se dadaísta, rompeu com o movimento e adotou o surrealismo.
- André Breton (1896-1966) – escritor francês interessado no dadaísmo, tornou-se o principal líder do surrealismo sendo o autor do Manifesto Surrealista de 1924.
- Max Ernst (1891-1976) – pintor alemão inicialmente cubista, depois dadaísta. Tornou-se surrealista em 1922, mas rompeu com o movimento em 1954.
- Hannah Höch (1889-1978) – artista alemã cujas colagens e fotomontagens apresentavam questões de gênero e identidade. Fazia críticas sociais.
- Marcel Duchamp (1887-1968) – pintor e escultor francês, influenciado pelo fauvismo, aderiu ao cubismo e depois ao dadaísmo. Autor da obra “Fonte”.
- Raoul Hausmann (1886-1971) – artista plástico e escritor austríaco, começou no expressionismo e depois se tornou dadaísta.
Dadaísmo na literatura
Os nomes de maior destaque na literatura dadaísta são:
- Hugo Ball que produziu “poemas sonoros” ou “poemas fonéticos” (sem palavras);
- Tristan Tzara e sua poesia com sílabas sem sentido, imagens obscuras e elipses;
- Raoul Hausmann com seu chamado “poema-cartaz” ou “poema-poster”. Destaque para o seu poema optofonético “OFFEAH” de 1918.
Dadaísmo na literatura brasileira
Não houve exatamente uma literatura dadaísta no Brasil. Contudo, o modernismo brasileiro foi bastante influenciado pelos movimentos vanguardistas europeus. Algumas características dessas vanguardas podem ser identificadas nas obras dos escritores modernistas.
O dadaísmo teve grande influência no movimento do concretismo brasileiro. Especialmente no seu estilo “verbivocovisual” (palavra, som, imagem) que é bastante semelhante a “poesia sonora” ou “fonética” dadaísta. Algo facilmente observado no poema “Cidade” de Augusto de Campos, de 1963.
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