Mário de Andrade: conheça suas obras e características
O escritor Mário de Andrade se tornou um dos principais nomes da primeira geração modernista. Nascido em 9 de outubro de 1893, em São Paulo, desenvolveu uma obra com forte nacionalismo crítico e valorização da linguagem coloquial. Sua obra mais famosa é Macunaíma. Continue lendo para saber mais.
A vida de Mário de Andrade
Nascido em 9 de outubro de 1893, em São Paulo, Mário de Andrade é um dos principais nomes da primeira fase modernista brasileira. Voltou sua obra para arte e cultura brasileiras.
Em 1922, estudou piano no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Trabalhou como professor de História da Música e da Estética nesse mesmo conservatório.
Também em 1922, participou da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, dando início ao Modernismo no Brasil. Nessa fase escreveu para periódicos como:
- A Gazeta;
- Jornal do Comércio;
- A Cigarra.
A fotografia também foi um interesse artístico de Mário de Andrade, ele se dedicou a essa forma de expressão com intensidade entre 1923 e 1931. Empreendeu uma viagem para a Amazônia e o Nordeste, em 1927, para registrar as culturas locais. Dedicou-se ainda ao estudo do folclore brasileiro e foi crítico literário.
Cargos públicos e realizações
Mário de Andrade ocupou o cargo de diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, entre 1935 e 1938. Ajudou na criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1936. Em 1938, ocupou o cargo de diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro.
O escritor foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Escritores (Abre), que fazia oposição ao Estado Novo (1937-1945). Mário de Andrade faleceu em 25 de fevereiro de 1945, em São Paulo. Sua obra foi reconhecida e aclamada pela crítica especializada.
Características da obra de Mário de Andrade
Mário de Andrade é um dos principais nomes da primeira geração modernista. Dessa forma, suas obras possuem características dessa fase, como:
- Forte nacionalismo crítico;
- Liberdade formal;
- Antiacademicismo;
- Resgate do folclore brasileiro;
- Busca por uma identidade nacional;
- Regionalismo;
- Releitura de símbolos de nacionalidade;
- Crítica sociopolítica;
- Uso de linguagem coloquial.
Obras de Mário de Andrade
Década de 1920:
- Há uma gota de sangue em cada poema (1917);
- Pauliceia desvairada (1922);
- A escrava que não é Isaura (1925);
- O losango cáqui (1926);
- Primeiro andar (1926);
- Amar, verbo intransitivo (1927);
- Clã do jabuti (1927).
Década de 1930:
- Remate de males (1930);
- Modinhas imperiais (1930);
- Belazarte (1934);
- Música, doce música (1934);
- O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935).
Década de 1940
- Poesias (1941);
- O movimento modernista (1942);
- O empalhador de passarinho (1944);
- Contos novos (1947).
Macunaíma: a principal obra de Mário de Andrade
A obra mais famosa de Mário de Andrade é Macunaíma, esse livro se tornou um dos mais emblemáticos do modernismo brasileiro. Possui forte caráter antirromântico e irônico. Diferentemente das obras românticas, nesse livro o protagonista é um herói (ou anti-herói) indígena sem nenhum caráter.
Ao longo da obra fica evidente que Macunaíma é preguiçoso e adepto de “brincar” (eufemismo para referir-se ao ato sexual). O personagem é um indígena brasileiro que passa por algumas aventuras, mas não é valente. A sua característica mais marcante é ser esperto, ou seja, desonesto.
Representação não idealizada
A figura do herói indígena nas obras românticas tem o objetivo de representar o povo brasileiro, mas o faz de forma idealizada. Por sua vez, em Macunaíma, Mário de Andrade também busca por essa representação, mas sem a idealização. A identidade brasileira é enfatizada a partir de um olhar crítico.
O foco passa a ser das referências indígenas e africanas na cultura brasileira. Torna-se possível a coexistência de seres folclóricos como Curupira e Ci (Mãe do Mato) com o grande centro urbano e industrial de São Paulo. Os contrastes são evidenciados.
História de Macunaíma
Macunaíma, ainda criança, se torna um “príncipe fogoso” a partir de um acontecimento fantástico. Então ele “brinca” com Sofará que é companheira de seu mano Jiguê. Algum tempo depois, ele conhece Ci, a Mãe do Mato, e com ela tem um filho.
O anti-herói indígena aconselha seu filho a crescer depressa para poder ir para São Paulo ganhar bastante dinheiro. Contudo, o pequeno curumim acaba falecendo. Ci, então, presenteia o amado com uma muiraquitã. Ela então sobe ao céu através de um cipó para se tornar uma estrela.
São Paulo
Em um dado momento, Macunaíma perde o amuleto que recebeu de si. A pedra acaba com o gigante comedor de gente, Venceslau Pietro Pietra ou Piaimã. Decidido a recuperar a muiraquitã, Macunaíma decide ir a São Paulo.
Acompanhado pelos manos Jiguê e Maanape, Macunaíma chega a São Paulo e precisa então enfrentar o gigante e a companheira dele, Ceiuci. Com o amuleto em mãos, Macunaíma e seus irmãos retornam para o local de seu nascimento, a beira do Uraricoe.
Uiara
Vei, a Sol, deseja que Macunaíma caia nos braços da sereia dos rios e lagos, Uiara. Isso porque Macunaíma rejeitou uma de suas filhas. A sereia seduz o anti-herói e devora partes do seu corpo.
Conclusão
Elementos das culturas indígena e africana, assim como situações fantásticas revelam a identidade nacional lançando luz a respeito do caráter do povo. A imagem heroica ou anti-heroica de Macunaíma é construída através do uso de elementos como:
- Erotismo;
- Esperteza;
- Preguiça;
- Misticismo.
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