A disputa da Crimeia
A península da Crimeia é uma república semiautônoma da Ucrânia que foi anexada pela Rússia em 2014. Essa disputa teve início com a deposição do então presidente Viktor Ianukovitch, cujo governo era alinhado às políticas russas. Um referendo realizado na península aprovou sua união à Rússia.
Kiev não reconhece a legitimidade dessa anexação, a comunidade internacional também não. Para entender melhor essa questão que está relacionada ao conflito bélico entre Rússia e Ucrânia continue a leitura.
Contexto histórico da disputa da Crimeia
O território da Crimeia tem o status de república semiautônoma e está localizado no mar Negro, é banhado a nordeste pelo mar de Azov. Essa península está situada ao sul da Ucrânia e a sudoeste da Rússia.
Esse território já fez parte de domínios como o Império Otomano e a Horda Dourada. Foi ainda um dos mais importantes entrepostos comerciais da Europa, no século XIII. Durante o século XV, os tártaros estabeleceram o Canato da Crimeia no oeste da península. Os períodos seguintes foram marcados pelo domínio do Império Otomano.
Disputa entre Rússia e Turquia
A península da Crimeia já foi motivo de disputa entre a Rússia e a Turquia, no século XVIII. Os dois povos desejavam o controle do mar Negro, algo que dependia desse território.
Esses embates duraram até meados do século XIX na batalha que se tornou conhecida como “Guerra da Crimeia” (1853–1856). Esse conflito envolveu territórios e Estados como:
- Reino da Sardenha (atual Itália);
- Grã-Bretanha;
- França.
Anexação da Crimeia ao Império Russo
Em 1783, a imperatriz Catarina II anexou o território da Crimeia ao Império Russo. Foi nesse período que a base naval da cidade de Sevastopol (situada na península) foi estabelecida. Essa unidade estratégica de defesa da marinha russa é conhecida, atualmente como Frota do Mar Negro.
Inclusive, atualmente, essa unidade é considerada um dos fatores de potencialização da tensão entre Rússia e Ucrânia pelo território da Crimeia. Por um breve período a Crimeia foi declarada como nação independente em decorrência da queda do Império Russo em 1917.
República Autônoma Socialista Soviética da Crimeia
Passado algum tempo, a península foi incorporada à Rússia e posteriormente à União Soviética como uma república autônoma. Nesse período, passou a se chamar República Autônoma Socialista Soviética da Crimeia.
Tártaros
Milhares de tártaros foram deportados da península entre 1944 e o final da Segunda Guerra Mundial sob a acusação de terem colaborado com os nazistas. Atualmente, esse grupo é uma das minorias étnicas que vive na Crimeia.
Província
Após o fim da Segunda Guerra, a península foi convertida em uma província ou oblast, pertencente à então federação russa. A Crimeia perdeu sua autonomia temporariamente. Em 1954, o então líder da União Soviética Nikita Kruschev transferiu a Crimeia para o território ucraniano.
Essa foi uma medida para firmar os laços de amizade com o país vizinho. Contudo, a base naval russa continuou instalada no sul da península. Em 1991, a União Soviética chegou ao fim e a Ucrânia se tornou independente. Nesse momento, ressurgiram as tensões entre os dois países.
Em 1994, Ucrânia, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia assinaram o Memorando de Budapeste. Esse documento assegurou os limites do território ucraniano e a segurança do país. O memorando mantinha a Crimeia como parte da Ucrânia. Por sua vez, a Ucrânia aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Quais as causas da crise na Crimeia?
Grande parte dos motivos que levou a crise na Crimeia tem relação com a conjuntura política ucraniana nos primeiros anos do novo século. A Ucrânia, nesse período, estava negociando para formalizar um acordo de livre-comércio com a União Europeia. O então presidente era Viktor Yanukovich, reconhecido por ser pró-Rússia.
Em 2013, Yanukovich encerrou o diálogo com a União Europeia e se aproximou mais da Rússia. A população ucraniana reagiu protestando fortemente. Negando as demandas populares, Yanukovich foi deposto em 2014. O parlamento da Crimeia foi assumido por um comando pró-Rússia alguns dias depois da deposição.
A maioria da bancada do parlamento votou a favor da anexação da Crimeia pela Rússia. Ainda em 2014, um referendo obteve 96,7% de votos a favor dessa anexação. A população da Crimeia é formada por 60% de russos.
A anexação russa
Em 2014, a Crimeia foi anexada pela Rússia. O presidente russo Vladimir Putin declarou na ocasião que a Crimeia sempre foi território da Rússia nos corações e mentes das pessoas. Essa anexação não foi reconhecida pela ONU e nem pela Ucrânia.
Consequências da disputa da Crimeia
A disputa pela Crimeia desencadeou uma crise diplomática entre a Rússia e os países do Ocidente. Inclusive alguns países como os do bloco da União Europeia e os Estados Unidos impuseram sanções aos russos.
Verbas foram destinadas à Ucrânia, pela Comissão Europeia e Estados Unidos, como forma de auxílio para a oposição à anexação. A tensão entre Ucrânia e Rússia só cresceu nos últimos anos. O desentendimento mais recente diz respeito ao descontentamento russo com a Otan. A Ucrânia estava cogitando entrar para a organização.
Resumo sobre a disputa da Crimeia
- A disputa pela Crimeia, entre Rússia e Ucrânia, é de viés geopolítico. A península tem localização estratégica.
- A crise política de 2013 na Ucrânia culminou na crise da Crimeia.
- Em 2014, foi realizado um referendo na Crimeia e a resposta da população foi positiva em relação à anexação ao território russo.
- A Rússia ocupou a Crimeia em 2014 após a aprovação do referendo.
- A Ucrânia e a comunicação internacional, por meio da ONU, não reconhecem a anexação da Crimeia à Rússia.
- A disputa pela Crimeia foi um dos motivos que levou ao aumento da tensão entre Rússia e Ucrânia nos anos de 2021 e 2022.
Agora você tem um panorama amplo a respeito da disputa da Crimeia. Para conferir mais conteúdos sobre geopolítica, além de dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!