Guerra Civil em Ruanda: descubra as razões históricas do conflito - Hexag Medicina
03/03/2023 Atualidades

Guerra Civil em Ruanda: descubra as razões históricas do conflito

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Guerra Civil em Ruanda: descubra as razões históricas do conflito

O conflito, que entrou para a história como a Guerra Civil em Ruanda, aconteceu entre os anos de 1990 e 1994. No artigo a seguir você poderá entender mais sobre esse período e quais foram as suas razões históricas.

O que foi a Guerra Civil em Ruanda?

Entre os anos de 1990 e 1994, ocorreu a Guerra Civil em Ruanda. O conflito começou quando tropas de oposição ao governo do presidente Juvénal Habyarimana (no poder desde 1973) deram início a ataques. As ações se deram a partir de campos de refugiados em Uganda.

Compunham essas tropas de oposição tutsis e hutus moderados. Os conflitos levaram a graves consequências dentre as quais está o genocídio de 800 mil tutsis num espaço de tempo de cerca de 100 dias. 

Contextualização 

Localizado na porção centro-oriental do continente africano, Ruanda é um país pequeno. Ao longo da história, a nação foi habitada por etnias diferentes, sendo que os tutsis e hutus representavam a maioria da população. Os twa eram a minoria étnica. Foi a partir do século XVIII, que hutus e tutsis passaram a construir uma rivalidade. 

Culturalmente, tutsis e hutus apresentavam diversas similaridades como:

  • Falam o mesmo idioma (kinyaruanda);
  • Têm as mesmas tradições;
  • Compunham as etnias majoritárias de Ruanda.

A rivalidade entre as duas etnias iniciou com a formação do Reino de Ruanda, no século XVIII. Nesse período, os tutsis passaram a ocupar cargos importantes no governo. Logo, a elite econômica de Ruanda passou a ser quase que totalmente constituída por tutsis.

Período neocolonialista

A hostilidade entre tutsis e hutus cresceu no período neocolonialista, quando Ruanda esteve sob o domínio da Alemanha e da Bélgica. Os alemães foram os primeiros colonizadores europeus a se estabelecer na região, partindo da divisão territorial realizada na Conferência de Berlim. 

O domínio alemão ocorreu em parceria com os tutsis. Foram concedidos para essa etnia diversos privilégios na administração colonial. Quando a Primeira Guerra Mundial chegou ao fim, a região passou para o controle belga. Nesse período a rixa entre tutsis e hutus se acirrou.

Darwinismo social e aumento da divisão étnica 

Para justificar os privilégios concedidos aos tutsis, os colonizadores europeus, utilizavam os princípios do darwinismo social, bastante em voga naquele período. Eles afirmavam que os tutsis eram “naturalmente superiores”. 

A partir da década de 1930, a divisão étnica foi potencializada pelos belgas. Os documentos de identificação passaram a ter a informação étnica de cada indivíduo. No processo de descolonização, os hutus aderiram massivamente ao movimento independentista. O desejo era um governo democrático liderado pelos hutus. 

Revolução Ruandesa

Nesse contexto, iniciou-se a Revolução Ruandesa, em 1959, que culminou na transição do país para uma nação republicana independente e governada pela etnia hutu. Houve registros de ataques contra os tutsis nesse período. Dessa forma, milhares dessa etnia se viram obrigados a se refugiar em países vizinhos como a Uganda. 

Juvénal Habyarimana 

Um golpe de estado, em 1973, tornou Juvénal Habyarimana presidente de Ruanda. Habyarimana deu sequência a discriminação contra os tutsis e desenvolveu um governo ditatorial e corrupto. 

Conforme o governo de Habyarimana se enfraquecia, o discurso de poder dos hutus se fortalecia impulsionado pelo Akazu. O Akazu era um grupo que espalhava um discurso de ódio baseado no preconceito contra os tutsis e de exaltação dos hutus.

Algum tempo depois, o Akazu se tornou o “Poder Hutu”, grupo sob a liderança de Agathe Habyarimana, a esposa do presidente. Os integrantes desse grupo foram diretamente responsáveis pelo genocídio ocorrido em Ruanda. 

Frente Patriótica de Ruanda (FPR)

Grupos de refugiados tutsis se organizaram para tentar tomar o poder em Ruanda uma vez que o governo de Habyarimana perdia força. Surgiu então um grupo guerrilheiro denominado Frente Patriótica de Ruanda (FPR). O objetivo era que os refugiados tutsis, instalados em Uganda, pudessem retornar ao seu país. 

Histórico da Guerra Civil em Ruanda

  • A guerra civil começou em 1990, quando a FPR deu início a um ataque contra tropas governamentais;
  • A primeira fase do conflito se estendeu até 1993 quando as partes assinaram um cessar-fogo;
  • O cessar-fogo previa o retorno dos tutsis a Ruanda, a formação de um exército com as duas etnias e a realização de eleições para presidente;
  • Os grupos extremistas hutus não gostaram de o presidente Habyarimana ter assinado o documento;
  • O Poder Hutu começou a criticar fortemente o governo de Ruanda;
  • O clima de tensão levou ao surgimento de milícias populares que se armavam com o que tinham, especialmente facões; 
  • A ONU ignorou informações de relatórios humanitários que apontavam os grandes riscos de conflito em Ruanda. Nenhuma medida foi tomada; 
  • No dia 6 de abril de 1994, o presidente Juvénal Habyarimana faleceu em decorrência de um ataque ao seu avião em Kigali, capital de Ruanda;
  • A autoria do ato nunca foi realmente esclarecida. O Poder Hutu usou esse pretexto para dar início a ataques contra tutsis e hutus moderados.

O genocídio em Ruanda

Ruanda passou por 100 dias de horror em que houve um genocídio de grandes proporções da população tutsi. As milícias hutus ceifaram a vida de aproximadamente 800 mil tutsis nesse período, principalmente com o uso de facões. 

Não foi realizado nenhum tipo de mobilização internacional para parar o massacre. Inclusive, as tropas da ONU foram removidas de Ruanda. Quando a FPR conquistou cidades relevantes de Ruanda, como a capital Kigali, o genocídio foi interrompido. Foi comunicada então a destituição do antigo governo.

Foram registrados pequenos ataques contra comunidades hutus, após a vitória da FPR. Estima-se, que essa represália, levou a óbito aproximadamente 60 mil hutus. Foi um momento de grande perda para o povo de Ruanda. 

Essas são as razões históricas para a Guerra Civil em Ruanda. Para conferir mais conteúdos sobre História, além de dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag!

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