O que é obsolescência programada na sociedade?
Já percebeu como as pessoas mais velhas gostam de ressaltar que os objetos duravam mais antigamente? Essa percepção se deve ao crescimento da presença de obsolescência programada na sociedade, atualmente, é bastante destacado que os produtos têm um ciclo de vida bastante curto.
Um dos principais reflexos sociais desse ciclo de vida efêmero é a potencialização do consumismo. A cada nova geração de lançamentos o período de vida é menor. Há cada vez mais anseio pela renovação do que ainda nem ficou velho de verdade. Continue lendo para saber mais sobre o conceito e como ele afeta a forma como vivemos.
Afinal, o que é obsolescência programada?
Em linhas gerais, a obsolescência programada consiste na criação, produção e oferta de produtos com ciclo de vida útil menor do que poderia ter. O objetivo é fazer com que os consumidores entrem em uma espiral de compra de novos itens.
Os produtos em questão poderiam ter seu uso estendido por meses ou até mesmo anos, no entanto, os fabricantes os desenvolvem para que parem de funcionar antes do período entendido como normal. Assim, se tornam quase descartáveis, porém, isso não é condizente com a realidade deles, uma vez que são eletrônicos.
Avanço da tecnologia e a obsolescência programada
O avanço da tecnologia digital contribui para o processo de obsolescência programada. As tecnologias são constantemente melhoradas, de maneira que os itens da geração imediatamente anterior se tornam ultrapassados rapidamente.
Sendo assim, além dos produtos serem fabricados para ter uma duração menor, também tem o fato de que os constantes avanços tecnológicos geram a “necessidade” da aquisição da versão mais atual.
Questão de retorno
Outro ponto importante a mencionar é que as empresas não investem para combater a obsolescência programada por entender que não haverá retorno. Se os produtos não tiverem esse ciclo de vida curto, o volume de vendas mensal e o faturamento das fábricas será consideravelmente reduzido.
Obsolescência programada: conheça os diferentes tipos
A obsolescência programada pode ser identificada na forma de diferentes tipos na sociedade atual, confira:
Obsolescência funcional
O documentário “Light Bulb Conspiracy” explica muito bem esse tipo de obsolescência programada através da história apresentada. O proprietário de uma impressora que apresentava defeito sem um motivo aparente investigou mais a fundo e identificou a razão pela qual a impressora simplesmente parava de imprimir. O aparelho tinha um chip implantado que causava uma pane que a impedia de realizar sua função. Ela veio de fábrica com esse chip.
Obsolescência operacional
Você já tentou atualizar um sistema operacional e descobriu que seu aparelho não comportava a atualização? Nesse caso, o indivíduo se vê praticamente obrigado a comprar um novo aparelho para que possa ter acesso a atualização.
Obsolescência mecânica
Há aparelhos eletrônicos que notificam os usuários a respeito da necessidade de trocar peças devido a problemas. Porém, esses avisos são emitidos quando os itens estão funcionando plenamente.
Obsolescência restaurativa
Algumas pessoas quando quebram a tela do celular percebem que é mais barato comprar um aparelho novo do que consertar. Nesse caso, há a obsolescência restaurativa.
Quais são as consequências da obsolescência programada na sociedade?
Certamente, o impacto mais fácil de observar da obsolescência programada na sociedade é o financeiro. Consumidores e governos estão tendo que lidar com uma situação que já está se tornando uma causa humanitária. Estima-se que 99% dos produtos têm a obsolescência programada. Itens que durariam umas cinco décadas resistem apenas entre 2 e 12 anos.
Como mencionamos, a obsolescência programada leva a um consumismo desenfreado que, por sua vez, gera problemas sociais e ambientais. Os países desenvolvidos têm enviado seu lixo eletrônico, nomeado como e-waste, para os países subdesenvolvidos.
Gana é o país que mais recebe esse lixo eletrônico e uma das consequências foi a criação de um mercado clandestino de venda desses produtos. Além disso, o país africano sofre com a poluição e doenças advindas desses produtos.
Os índices de câncer entre as crianças são muito altos, assim como a contaminação por chumbo entre os trabalhadores que todos os dias entram em contato com a queima do e-waste. A contaminação por metais pesados, como cobre, chumbo e alumínio, é bastante elevada no solo, nas águas e no ar. Esses metais pesados já foram identificados no leite materno das mães ganesas.
A obsolescência programada e seus reflexos no mercado
Embora os fatos comprovem a existência da obsolescência programada, as empresas ainda permanecem negando. Os grandes empresários alegam que se trata de uma teoria da conspiração.
Aqueles que admitem a possível existência da obsolescência programada afirmam que ela não tem relação com o consumismo. Esse sistema não seria o responsável pelo desejo das pessoas de ter aparelhos cada vez mais modernos.
Uma parte da responsabilidade pelo consumismo desenfreado é da publicidade que instiga os indivíduos a comprarem produtos cada vez mais atualizados. Há também a questão da competitividade entre as empresas. Para se destacar no mercado é imprescindível ter sempre produtos mais modernos e inovadores.
Como a obsolescência programada pode ser combatida?
O combate à obsolescência programada demanda uma mudança no sistema de consumo, especialmente no de tecnologia. Já existem iniciativas que estão unindo governos e populações através de organizações que visam mudar o ciclo de consumo. Essa busca de mudança pode ser exemplificada através de um conceito chamado Triple Bottom Line.
Tal conceito se caracteriza por trabalhar a sustentabilidade unindo a sociedade e as indústrias. Em 2016, a IBM desenvolveu um método de reciclagem do lixo eletrônico que o converte em um tipo de plástico que pode ser usado na purificação de água, fibras óticas e até para confeccionar equipamentos hospitalares.
No Brasil, a entidade civil Proteste publicou dicas para que o consumidor saiba como evitar a obsolescência programada. Dentre essas dicas está a de preferir marcas cujos produtos sejam mais duráveis.
A obsolescência programada é um problema do presente que terá ainda mais impacto no futuro.