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20/06/2024 Biologia

Nomenclatura científica dos seres vivos

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Nomenclatura científica dos seres vivos

A nomenclatura científica consiste em um conjunto de regras para padronizar os nomes científicos dos seres vivos do planeta. A seguir iremos explicar quais são essas regras e a sua importância. 

Por que a nomenclatura científica é importante? 

Para compreender a importância da nomenclatura científica é interessante fazer um exercício de viagem no tempo. Imagine o Brasil, há 500 anos, quando foi “descoberto” pelos portugueses. Nessa época, as diferentes nações indígenas que habitavam o território tinham suas próprias formas de fazer ciência e utilizar os seres vivos. 

Havia centenas de grupos diferentes que nomeavam os seres vivos de acordo com suas variações linguísticas e cultura. Os nomes atribuídos às espécies tinham ligações íntimas com a cultura e língua de cada povo. Assim como o exemplo do Brasil, podemos expandir essa ideia para outras partes do mundo. 

A nomenclatura diferente dos mesmos seres dificultava o intercâmbio científico entre diferentes culturas. Dessa forma, a padronização da nomenclatura de seres vivos para uso no meio científico se mostrou uma necessidade. 

Sistema de Lineu

A necessidade de padronização da nomenclatura científica foi observada pelo cientista sueco Carl von Linné (1707-1778), mais conhecido como Lineu em português. Ele desenvolveu um método de classificação dos seres vivos que se tornou essencial para o trabalho científico. 

Os seres vivos, de acordo com o sistema de classificação de Lineu, foram agrupados em categorias chamadas de táxons. O cientista ainda criou um sistema de nomenclatura chamado de nomenclatura binomial. 

O que é nomenclatura binomial? 

O sistema de nomenclatura binomial é responsável por padronizar um nome constituído por duas palavras para nomear um ser vivo. A partir da publicação dos trabalhos de Lineu, os nomes dos seres vivos foram padronizados globalmente. 

Por exemplo, o cachorro doméstico é chamado de Canis familiaris, esse é o seu nome em qualquer idioma e país. Ainda que cachorros tenham diversos nomes populares, o seu nome científico oficial é Canis familiaris

Regras da nomenclatura científica dos seres vivos

Lineu definiu algumas regras para que os nomes científicos fossem estabelecidos. Ao longo do tempo, essas regras foram aperfeiçoadas. 

Latim: língua oficial 

Os nomes científicos devem ser escritos em latim ou serem latinizados. Lineu optou pelo latim pelo fato de ser uma língua “morta”, isto é, que não era mais falada pela população. Uma vez que uma língua não é mais utilizada não passa por modificações. Então os nomes científicos permanecerão sempre iguais. 

Geralmente, os cientistas nomeiam um ser vivo a partir de palavras em latim que descrevem alguma característica do ser em questão. Um exemplo é a nomenclatura Homo sapiens que significa “homem sábio”. 

Latinização

Se não existir uma palavra em latim equivalente à característica que se deseja destacar ou homenagear é possível optar pela latinização de um termo. Esse processo é feito adicionando radicais latinos às palavras. 

Para ficar mais claro usaremos como exemplo o nome atribuído a um fungo descoberto, em 2013, em Santa Catarina. A bióloga Valéria Ferreira Lopes atribuiu a esse fungo o nome Phylloporia clariceae.

Sobre o epíteto “clariceae”, Valéria esclareceu que se tratou de uma homenagem a uma de suas professoras favoritas da graduação, a Doutora Clarice Loguércio Leite. Então, o nome “Clarice” passou pelo processo de latinização para ser atribuído à espécie. 

Destaque no texto

O nome científico é escrito em latim e deve ser destacado no texto. Esse destaque pode ser feito de duas maneiras:

  • Phylloporia clariceae (em itálico);
  • Phylloporia clariceae (sublinhado). 

Sistema binomial

O nome científico de um ser vivo é composto sempre por dois nomes, isto é, trata-se de um sistema binomial. O primeiro nome diz respeito ao gênero a que a espécie pertence. Por exemplo:

  • Onça pintada (Panthera onca);
  • Leão (Panthera leo). 

Observe que ambos possuem o mesmo primeiro nome, pois pertencem ao gênero: Panthera. O segundo nome, por sua vez, é o epíteto específico e mesmo que possa ser usado para outras espécies não haverá uma composição igual. A combinação dos dois nomes é única e não pode ser repetida para mais de uma espécie. 

Iniciais maiúsculas e minúsculas

O primeiro termo do nome científico, aquele que se refere ao gênero, deve ser iniciado sempre com a letra maiúscula. Já o segundo nome deve ser iniciado sempre pela letra minúscula. 

A exceção acontece quando o segundo termo é uma homenagem a alguém, nesse caso pode ser iniciado pela letra maiúscula. Todos os termos que se referem a categorias de Gênero até Reino devem ser iniciados com letra maiúscula. 

Terceiro nome na nomenclatura binomial

Há casos em que pode existir um terceiro nome compondo a nomenclatura científica de uma espécie. Esse terceiro termo indica uma subespécie, sendo utilizado quando as populações de uma mesma espécie estão geograficamente isoladas. Esse isolamento se reflete em modificações no decorrer das gerações e pode até gerar novas espécies. 

Confira exemplo:

  • Crotalus terrificus terrificus (cascavel brasileira);
  • Crotalus terrificus durissus (cascavel da Venezuela e da Colômbia).

Nome do(a) cientista e data

O nome científico da espécie pode ainda estar acompanhado do nome do(a) cientista que a descreveu e da data que foi descrita. Nesse modelo, após o nome da espécie é adicionado o nome do(a) cientista e em seguida a data que pode estar entre parênteses ou após vírgula. Confira um exemplo: 

  • Trypanossoma cruzi Chagas, 1909.

sp ou spp

A sigla sp é uma abreviação de “species” (espécies em inglês). Já spp é a sigla que indica o plural. O uso de sp ou spp indica que o(a) autor(a) do texto está fazendo referência a diversas ou todas as espécies que pertencem ao gênero. A abreviação é usada quando o nome da espécie não pode ou não convém ser apresentado no texto. 

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