O que é evolução convergente?
O fenômeno em que uma característica semelhante é observada em duas espécies sem um ancestral comum recebe o nome de evolução convergente ou convergência evolutiva. Continue lendo para entender mais sobre o tema que é recorrente em provas de vestibular e do Enem.
Entenda o que é evolução convergente
A evolução convergente consiste em um fenômeno evolutivo em que duas espécies sem relações, ou seja, sem um ancestral em comum, apresentam uma característica semelhante. Nesses casos, se observa a inexistência de um ancestral direto comum que poderia ter transmitido tal característica.
As características semelhantes que resultam da evolução convergente podem ser chamadas de análogas ou homoplasias (palavra vinda do grego e que significa “moldado da mesma forma”). Trata-se de um processo evolutivo bastante comum e que pode ser facilmente explicado através da seleção natural. Pressões seletivas semelhantes favorecem adaptações semelhantes. Há diversos exemplos de características análogas presentes na natureza.
Asas de morcego e aves: exemplo de evolução convergente
Um excelente exemplo de convergência evolutiva é o das asas dos morcegos e aves. Ambas as asas desempenham a mesma função, ou seja, o voo, porém, possuem origens evolutivas diferentes.
Aves, répteis e mamíferos têm um ancestral comum que viveu há milhões de anos. Porém, esse ancestral não podia voar e isso nos leva à conclusão de que essa característica surgiu em aves e morcegos de maneira independente.
Contudo, se observarmos com atenção a estrutura óssea da asa do morcego perceberemos que ela se parece bem mais com a mão do ser humano do que com a asa de uma ave. Apesar de desempenharem funções diferentes, a asa do morcego e a mão humana possuem estrutura óssea equivalente com adaptações ao modo de viver de ambos.
Nas asas dos morcegos há membranas interdigitais que tornam possível seu voo. Os seres humanos não apresentam tais membranas. Embora tenham funções distintas, as duas características possuem descendência de um ancestral comum mais recente do que o descendente compartilhado com as aves, que são chamadas de homólogas.
Homóloga e análoga
Uma característica pode, ao mesmo tempo, ser classificada como análoga e homóloga. Para explicar melhor vamos retomar o exemplo das asas de aves e morcegos. Observando as asas de ambos como membros que permitem voo, as classificamos como análogas. No entanto, se considerarmos as asas como membros superiores, então serão homólogas, uma vez que essa é uma característica presente em um ancestral comum a ambos.
Olhos desenvolvidos de vertebrados e cefalópodes: exemplo de evolução convergente
Outro bom exemplo de evolução convergente é o dos olhos bem desenvolvidos presentes em vertebrados e cefalópodes. Os cefalópodes consistem na classe de moluscos a que lulas e polvos pertencem.
Apesar de serem bastante parecidos no tocante às suas funções e forma, os olhos de vertebrados e cefalópodes apresentam distinções amplas em relação aos tipos de células e formas como elas se encontram organizadas.
Caso tal estrutura fosse herdada de um ancestral mais recente compartilhado por ambos e outros grupos, seria natural que a característica se manifestasse nos outros grupos também. Além disso, as diferenças seriam, bem provavelmente, mínimas. Por esses motivos, acredita-se que a seleção natural levou à evolução de olhos complexos nos dois grupos. A característica se desenvolveu por caminhos diferentes.
Urubus e abutres
Os urubus são conhecidos popularmente como os “abutres das Américas” e os abutres como os “urubus do Velho Mundo”. Contudo, embora sejam bastante semelhantes visualmente e nas adaptações que possuem – ambos podem se alimentar de carniça por terem um sistema imunológico fortalecido – não têm parentesco direto. Do ponto de vista evolutivo, os abutres são mais aparentados aos gaviões do que aos urubus.
Tanto os urubus quanto os abutres desempenham papéis ecológicos parecidos, isso é um indicativo de que eles foram submetidos a pressões seletivas semelhantes. Essas pressões levaram os grupos ao desenvolvimento das características que os tornam semelhantes.
Esse é um exemplo que nos permite compreender o âmago da evolução convergente, pois é inegável o quanto urubus e abutres se parecem. É bastante interessante observar como as pressões ambientais podem levar para um mesmo caminho e desenvolvimento de características semelhantes. A evolução convergente é um tema que merece atenção nos seus estudos.
Análise de fósseis
O conceito de evolução convergente pode ser compreendido e estudado atualmente em grande parte devido ao estudo de fósseis. Os registros fósseis têm um papel preponderante na confirmação desse conceito porque permitem conhecer as diferentes espécies que habitaram a Terra ao longo de milhões de anos.
O estudo dos fósseis permite a identificação de parentescos entre as espécies atuais e outras que já foram há muito tempo extintas. As evidências são buscadas a partir da análise dos traços anatômicos, fisiológicos e morfológicos. Trata-se de um campo de estudo fascinante e que permite compreender um pouco mais sobre como a vida evoluiu em nosso planeta até chegar ao momento atual.
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