O que são órgãos vestigiais?
Se você tem curiosidade de saber por que temos apêndice, dente do siso e cóccix, vai gostar de saber mais sobre os órgãos vestigiais. Apesar dessas estruturas parecem um tanto desprovidas de função, ao menos as originais, podem indicar fatos relevantes sobre nosso passado. Algumas, inclusive, apresentam funções anatômicas secundárias. Continue lendo para entender melhor.
Entenda o que são órgãos vestigiais
Os órgãos vestigiais podem ser chamados também de estruturas vestigiais. Eles consistem em órgãos, estruturas, tecidos ou células de um organismo vivo, cuja funcionalidade foi perdida ou modificada no decorrer da história. Tais órgãos não realizam mais a função principal que tinham em uma espécie de ancestral comum.
Embora o nome seja órgãos vestigiais, nem sempre são realmente órgãos. É por isso que também se utiliza o termo estruturas vestigiais. Um exemplo é o de músculos da orelha humana, que deixaram de ter a capacidade de virar. Em contrapartida, o pescoço humano se tornou mais articulado.
Por que os órgãos vestigiais existem?
Os indivíduos mais aptos sobrevivem ao espaço em que estão inseridos e se reproduzem, de acordo com a teoria da seleção natural. Essa maior aptidão, ou seja, vantagem que esses indivíduos possuem tem relação com alguma característica. Em uma região mais fria, por exemplo, um animal com maior abundância de pelos tem mais facilidade de sobreviver e se reproduzir.
Contudo, se por acaso essa comunidade de animais cria um tipo de ar condicionado, torna a pelagem densa sem função prática. É exatamente nesse ponto que entram os órgãos vestigiais. Basicamente, órgãos ou partes do corpo que eram essenciais para uma espécie podem se tornar quase obsoletas em outras espécies que possuem hábitos distintos.
Essas mudanças podem ser melhor compreendidas através do estudo realizado com a ferramenta de embriologia comparada. Há muitos animais com desenvolvimentos bem parecidos durante alguns estágios da vida embrionária. Uma questão curiosa é que o ser humano, por exemplo, possui cauda até quase 30 dias de desenvolvimento do embrião.
Os órgãos vestigiais nos seres humanos
O ser humano possui em seu corpo algumas estruturas que perderam sua funcionalidade principal. Conheça os principais exemplos dessas estruturas em humanos.
Apêndice
O apêndice com certeza é o principal exemplo de estrutura vestigial. Trata-se de uma projeção do intestino que não tem grandes funções no corpo humano, sendo removido se ocorre inflamação.
O apêndice é uma estrutura que apresenta grande relevância em mamíferos herbívoros, como coelhos, por exemplo. Essa estrutura tem papel decisivo na digestão da celulose, uma vez que abriga microrganismos que conseguem quebrá-la.
Estabelecer comparações com espécies correlacionadas permite a suposição de que ancestrais de humanos apresentavam uma dieta bem mais vegetal. Dessa forma, o apêndice possuía grande importância.
Dente do siso
Outra estrutura vestigial bastante conhecida do corpo humano são os dentes do siso, os terceiros molares. Os ancestrais humanos apresentavam mandíbulas mais destacadas e precisavam mastigar folhas maiores e mais duras.
Logo, esse dente apresentava funções bastante fáceis de identificar. Contudo, com a diminuição da mandíbula, em grande parte das pessoas o dente siso nem chega a despontar na gengiva.
Cóccix
Outro órgão vestigial do ser humano é o cóccix, um prolongamento da coluna vertebral que indica a existência de uma cauda em ancestrais humanos. A evolução, de acordo com os princípios da deriva genética e seleção natural, fez com que novas espécies perdessem essa característica. Porém, o cóccix ainda possui funções anatômicas secundárias como, por exemplo, ser um dos pontos em que estão fixados vários músculos pélvicos.
Curiosidade: arrepios
Você sabia que existem músculos responsáveis pelo arrepiar de pelos em seres humanos? Esses músculos, ao que tudo indica, são vestígios de estruturas bastante úteis para animais com mais pelos, como chimpanzés, por exemplo. Esse mecanismo permite que eles absorvam mais calor e, assim, se mostrem mais ameaçadores para os predadores.
Órgãos vestigiais nas outras espécies
As estruturas vestigiais estão presentes em vários animais e até mesmo em plantas. Um exemplo interessante, para a compreensão do processo evolutivo, é o de alguns peixes que habitam cavernas ou anfíbios, como a cobra-cega, que mesmo sem enxergar possuem olhos sem função.
Algumas espécies de aves como os avestruzes, emas e kiwis australianos possuem asas como estruturas vestigiais. Basicamente, essas espécies foram, ao longo do tempo, adquirindo hábitos terrestres e isso fez com que as suas asas perdessem a função de voar. Embora, essas asas não realizem a função primária principal (voar) possuem funções secundárias, como a manutenção do equilíbrio durante a corrida, por exemplo.
Também podem ser utilizadas para atrair parceiros para o acasalamento. Dessa forma, as estruturas vestigiais não necessariamente deixam de ter função, apenas deixam de cumprir seu papel principal e passam a ser usadas com outras finalidades. Por isso, não se pode dizer que tais estruturas não são necessárias de alguma maneira.
Os órgãos vestigiais permitem compreender em parte o processo de evolução de algumas espécies.