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16/01/2024 Filosofia e Sociologia

Conheça sobre o método socrático na filosofia: ironia e maiêutica

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Conheça sobre o método socrático na filosofia: ironia e maiêutica

Sócrates (470-399 a.C.) foi o responsável por desenvolver o método socrático, dividido em duas partes: ironia e maiêutica. No artigo a seguir você poderá saber mais sobre Sócrates e o seu método. Boa leitura!

Método socrático: ironia e maiêutica

Sócrates (470-399 a.C.) é considerado o “pai da filosofia”, ainda que não seja o primeiro filósofo da história. Uma de suas características mais marcantes era a busca pelo conhecimento. Para chegar a esse conhecimento ele desenvolveu o método socrático. 

O objetivo desse método é questionar as crenças habituais do interlocutor para em seguida reconhecer a sua ignorância buscando, então, o conhecimento verdadeiro. Esse método tenta afastar a doxa (opinião) e alcançar a episteme (conhecimento). 

Sócrates considera que somente após afastar a falsidade é que a verdade pode emergir. O método de investigação proposto por Sócrates é formado por dois momentos: ironia e maiêutica.

Ironia

A ironia é a primeira parte do método socrático, seu nome vem de uma expressão grega cujo significado é “perguntar fingindo não saber”. Essa etapa do diálogo possui um viés negativo uma vez que nega:

  • Pré-concepções;
  • Pré-julgamentos;
  • Pré-conceitos (preconceitos). 

Como a etapa da ironia era realizada

Nessa etapa, perguntas eram feitas ao interlocutor para demonstrar que o conhecimento dele estava errado. A ideia era que ele compreendesse que aquilo que julgava conhecer não passava de simples opinião ou uma interpretação parcial da realidade.

Sócrates defendia que o não conhecimento ou a ignorância era preferível ao mau conhecimento (aquele que se baseia em preconceitos). As perguntas de Sócrates levavam o interlocutor a perceber que não estava seguro de suas crenças. Assim ele poderia reconhecer a sua própria ignorância. 

Diálogos aporéticos

Não era incomum que os interlocutores de Sócrates se sentissem incomodados com as suas perguntas. Muitas discussões eram abandonadas antes de serem concluídas. Esses diálogos que não se completavam eram chamados de diálogos aporéticos (que significa “impasse” ou “inconclusão”). 

Maiêutica

A segunda parte do método socrático é chamada de maiêutica cujo significado é “parto”. O filósofo prossegue com as perguntas, mas agora o seu objetivo é que o interlocutor chegue a uma conclusão segura a respeito do assunto. Assim, o interlocutor poderá definir um conceito. 

Uma curiosidade é que o nome “maiêutica” foi escolhido com inspiração da família do filósofo. Fainarete, a mãe de Sócrates era parteira. Identificando semelhança entre as suas atividades e as de sua mãe, o filósofo escolheu esse nome. Sua mãe ajudava as mulheres a darem à luz a crianças, ele ajudava as pessoas a darem à luz as ideias. 

Como a etapa da maiêutica era realizada

O filósofo acreditava que as ideias já estavam dentro das pessoas, sendo conhecidas pela sua alma eterna. Dessa forma, ao fazer a pergunta certa é possível fazer com que a alma se lembre do seu conhecimento previamente adquirido. 

Sócrates acreditava que ninguém tinha a capacidade de ensinar alguma coisa para outra pessoa. Na visão dele, somente a própria pessoa pode tomar consciência e dar luz às suas ideias. Então a forma de conquistar o conhecimento seria a reflexão. 

Então é fundamental concluir a etapa da maiêutica, pois a partir dessa reflexão o indivíduo parte do conhecimento mais simples para algo mais complexo. Esse conhecimento com maior complexidade tende a ser mais perfeito. O pensamento socrático serviu como base para a “teoria da reminiscência” de Platão

Só sei que nada sei

Sócrates recebeu uma mensagem do Oráculo de Delfos que dizia que o filósofo era o homem mais sábio dentre os gregos. Diante dessa afirmação, o filósofo disse a sua famosa frase “Só sei que nada sei”, ele tentava entender como poderia ser o mais sábio. 

Foi então que ele percebeu que se questionar e assumir a sua própria ignorância foi o primeiro passo para buscar o conhecimento. Os “sábios”, até aquele momento, sentiam-se seguros sobre os seus conhecimentos. No entanto, tudo não passava de simples opiniões ou uma visão parcial da realidade. 

Ao assumirem a segurança sobre aquilo que sabiam, os sábios não buscavam o conhecimento verdadeiro. Sócrates, por sua vez, estava consciente de sua própria ignorância e assim procurava sempre a verdade. 

O método socrático e o Mito da Caverna de Platão

Platão (428-347 a.C.) foi o principal discípulo de Sócrates e o responsável pelo desenvolvimento da Alegoria da Caverna (Mito da Caverna). Nessa história, somos apresentados a um prisioneiro que está acorrentado, desde o seu nascimento, no fundo de uma caverna, assim como outras pessoas. 

Um dia esse prisioneiro consegue se libertar e sai da caverna. Conhecendo o que há no exterior ele decide voltar para contar o que viu para os outros prisioneiros. Porém, os outros prisioneiros não acreditam nele, riem do que ele conta e finalmente o matam. 

O significado do Mito da Caverna

Nessa alegoria, Platão narra a trajetória de Sócrates na Grécia antiga e o papel da filosofia, segundo seu entendimento. Assim, o questionamento proposto pelo método socrático é a atitude que faz com que o indivíduo perceba que é prisioneiro de um mundo de aparências. 

A partir dessa inquietação o indivíduo passa a buscar o conhecimento verdadeiro, a forma de sair da caverna. Entendendo a verdade iluminada pelo Sol o indivíduo se torna livre. O prisioneiro que se liberta e retorna representa o filósofo que tem compaixão pelos outros e quer tirá-los da escuridão.

Desfecho trágico

O desfecho da alegoria da caverna é uma referência ao julgamento e condenação de Sócrates. O método socrático, especialmente a ironia, incomodou homens poderosos de Atenas, pois eles eram muitas vezes ridicularizados por Sócrates. 

Sob a acusação de desvirtuar os jovens e atentar contra os deuses gregos, o filósofo foi julgado e considerado culpado. O próprio Sócrates escolheu como punição beber um cálice de cicuta, um veneno que causa paralisia e morte. 

Agora você conhece mais sobre o método socrático. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!

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