O conceito de luta de classes teve origem a partir da obra do sociólogo alemão Karl Marx. No marxismo, esse viés é usado para compreender a história e, especialmente, a sociedade capitalista. No artigo a seguir explicaremos o conceito com mais detalhes assim como a crítica marxista ao sistema capitalista.

Karl Marx e o conceito de luta de classes

De acordo com a obra de Karl Marx, a sociedade capitalista está dividida em duas grandes classes sociais:

• Burguesia – que detém os meios de produção;
• Proletariado – classe que não possui os meios de produção, mas detém a força de trabalho. 

Em linhas gerais, os meios de produção são as indústrias, fábricas, fazendas, maquinários, ferramentas, entre outros. Logo, a burguesia é constituída pelos proprietários das fazendas, indústrias e fábricas e o proletariado são os trabalhadores que atuam nesses espaços.

O fato de existir uma classe que possui e outra classe que não possui os meios de produção gera uma relação desigual. Nesse contexto, a classe que possui os meios de produção domina a classe que não os detém. 

Luta de classes não é exclusiva das sociedades capitalistas

Uma das frases mais famosas de Karl Marx é: “A história da humanidade é a história da luta de classe.”. De acordo com esse pensamento, fica evidente que não se trata de um fenômeno isolado das sociedades capitalistas. Não é uma disputa apenas entre burguesia e proletariado.

Marx aponta ao longo de sua obra, que a luta de classes tem caráter histórico. O sociólogo cita como exemplos as relações entre escravos e proprietários de escravos e senhores feudais e seus servos. 

Por que se usa o termo “luta” de classes?

Segundo Marx, as classes possuem interesses antagônicos entre si. Em outras palavras, a burguesia e o proletariado possuem interesses divergentes e irreconciliáveis. Essa contradição recebe o nome de antagonismo de classe, é o principal motivo da luta de classes. Uma classe está constantemente tentando sobrepor seus interesses aos da outra. 

Geralmente, a classe dominante obtém êxito na maior parte dos casos, pois ela detém a maior força material para oprimir a outra classe. De acordo, com Marx, a única forma de mudar esse cenário é a classe oprimida realizar uma revolução. Assim, o proletariado venceria a luta de classes. 

Revolução

A revolução pode ser definida como o auge da luta de classes. Um exemplo histórico que ilustra esse conceito é a Revolução Francesa (1789). Houve a tomada do poder pela burguesia e a queda da monarquia e da aristocracia francesa. De acordo com Marx, a revolução socialista levaria o proletariado ao poder e culminaria na queda da burguesia. 

Uma revolução, segundo o sociólogo, pode modificar a forma como a sociedade se organiza, inclusive seu modo de produção. Para Marx, a luta de classe funciona como o motor da história. Quando as classes se confrontam, as bases sociais são alteradas levando a produção de novas formas de sociedade. 

Luta de classes: críticas ao conceito

Há críticas variadas e de diferentes fontes ao marxismo e seus conceitos. Dentre os críticos mais ferrenhos podemos citar os teóricos liberais, conservadores e a Igreja Católica. Abaixo reunimos alguns dos principais argumentos contrários ao conceito de “luta de classes”. 

Divisão da sociedade por classes sociais

Um dos principais pontos de crítica do conceito de classes sociais é a divisão da sociedade em classes, diferentes grupos apontam esse tópico. De maneira geral, o argumento utilizado é de que a divisão da sociedade em classes sociais é reducionista. Essa divisão desconsidera a complexidade dos elementos e relações sociais envolvidas. 

Luta de classes como motor da história

Outro conceito defendido por Marx que recebeu críticas é o de que a luta de classes seria o motor da história. O historiador Karl Popper, em “Miséria do Historicismo”, afirma que essa ideia é uma forma de determinismo sociológico. Isso porque apresenta uma “lei” que conduz o desenvolvimento das sociedades.

Objeto de estudos

Embora, as teorias marxistas recebam críticas, ainda são objetos de estudos em diferentes áreas do conhecimento como:

• Sociologia;
• Economia;
• História;
• Filosofia. 

Essas teorias também são constantemente pauta de debate em diferentes ambientes não acadêmicos. 

A luta de classes atualmente

A luta de classes é um fenômeno histórico resultante do antagonismo de interesses das classes sociais, dessa forma gera uma disputa constante. Atualmente, há diferentes formas de lutas de classes em curso. Um exemplo é o MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) que busca pela reforma agrária.

Os trabalhadores do campo são os atores centrais dessa disputa e seus antagonistas são os grandes latifundiários. Os interesses em jogo são:

• Monocultura para exportação em grandes extensões de terra (grandes fazendeiros);
• Agricultura de subsistência direcionada ao mercado interno (pequenos produtores rurais). 

Greves: ferramenta de luta de classes

Outro exemplo recorrente de lutas de classes em curso são as greves. Elas expressam reivindicações diretas dos trabalhadores. No Brasil, em 2017, por exemplo, ocorreram mobilizações grevistas contra a Reforma Trabalhista. 

Tais mobilizações foram realizadas porque os trabalhadores sentiram que seus interesses estavam sendo duramente atacados e precisavam reagir. A greve é uma forma de resistir às ações do poder dominante.

Agora você sabe mais sobre o conceito de lutas de classes e a obra de Karl Marx. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!