O conceito de gênero e a construção social do sexo
A questão do gênero é um tema com grandes chances de ser abordado no Enem e vestibulares devido a atualidade desse debate. Compreender o conceito de gênero e a construção social do sexo nos ajuda a entender melhor as desigualdades da nossa sociedade.
A questão do gênero
A forma como homens e mulheres vivem o seu cotidiano é diferente em diversos aspectos como carreira profissional, comportamento, vida pessoal, entre outros. Para muitos essas diferenças são inatas, isto é, nascem com os indivíduos. O debate a respeito da questão do gênero surgiu para tentar derrubar essa visão.
O que é gênero?
Na esfera da Sociologia, o gênero diz respeito à construção social do sexo biológico. Basicamente, isso significa que a maneira do homem e da mulher é orientada de acordo com a cultura de uma sociedade específica.
Na prática, isso significa que homens e mulheres são moldados para serem como são desde crianças pelo ambiente em que estão inseridos. Mulheres de diferentes países se comportam de formas distintas, por exemplo.
Da mesma forma, homens de diferentes séculos se portavam de formas distintas. Se o comportamento realmente fosse inato, essas diferenças não seriam possíveis. Logo, podemos concluir que o comportamento é uma construção do ambiente à nossa volta.
A construção social do sexo
A forma como mulheres e homens se comportam em sociedade é resultado de um aprendizado sociocultural intenso. O ambiente em que estamos inseridos nos ensina a agir de acordo com as prescrições de cada gênero. Na infância, as crianças são ensinadas que existem brincadeiras distintas de meninos e meninas.
Existe uma grande expectativa social em relação a aspectos de comportamento de homens e mulheres como, por exemplo, sua forma de:
- Falar;
- Agir;
- Sentar;
- Mostrar seu corpo;
- Dançar;
- Brincar;
- Cuidar dos outros;
- Amar;
- Relacionar-se sexualmente, entre outros.
Lugar de homem, lugar de mulher
A construção social do gênero também se reflete na existência de lugares e modos específicos de circulação e trabalho para homens e mulheres. Há ainda expectativas em relação às atividades que devem ser realizadas por homens e mulheres.
Podemos exemplificar através de algumas profissões que ainda são entendidas como sendo exclusivas de homens ou mulheres. São raros os casos de homens que atuam como empregados domésticos, manicure, cuidadores de crianças, entre outros.
Por outro lado, há poucas mulheres trabalhando como caminhoneiras, políticas, na construção civil, entre outras. A pensadora francesa Simone de Beauvoir disse certa vez: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
A mensagem dessa frase não se refere ao sexo biológico e sim a construção social de gênero. A mulher, desde a infância, é ensinada a como agir de forma a atender as expectativas de gênero que a sociedade impõe.
Diferenças entre gênero, sexo e orientação sexual
A confusão que se faz entre esses três conceitos é responsável por gerar dificuldades sociais diversas para as pessoas que estão fora do padrão esperado socialmente. Confira abaixo um apanhado sobre os três conceitos.
- Sexo – tem relação às características físicas e biológicas do indivíduo como, por exemplo, sua genitália.
- Identidade de gênero – refere-se a forma como o indivíduo se percebe, pode ser como homem, mulher ou transexual (transgênero).
- Orientação sexual – diz respeito aos gêneros pelos quais uma pessoa sente atração sexual e/ou atração romântica.
Um indivíduo heterossexual é aquele que sente atração por pessoas do gênero oposto. Já as pessoas que sentem atração por pessoas do mesmo sexo são homossexuais. Aqueles que sentem atração por ambos os gêneros são bissexuais.
A homofobia e a transfobia
Aqueles que possuem identidade de gênero ou orientação sexual diferente da dominante têm como grande desafio vencer o preconceito e ter seus direitos reconhecidos.
Os dois termos são construídos a partir do uso da palavra grega “fobia” que significa aversão e ódio. Logo, a homofobia é a discriminação contra indivíduos homossexuais.
É possível falar ainda sobre:
- Transfobia – discriminação contra transexuais, travestis e transgêneras;
- Bifobia – discriminação contra bissexuais;
- Lesbofobia – discriminação contra lésbicas.
Desigualdade de gênero e o patriarcado
O patriarcado foi a base da construção histórica das sociedades ocidentais. Em linhas gerais, patriarcado é a naturalização da dominação masculina na estrutura social. Esse domínio tem início na esfera privada, ou seja, na família e avança para outras esferas como economia, política, cultura, entre outras.
Na sociedade patriarcal, o papel feminino está limitado ao âmbito doméstico. O poder é distribuído de forma desigual de poder. Pense rápido, quantas mulheres que são figuras históricas te vêm à mente?
Em parte isso se deve ao apagamento histórico de figuras femininas emblemáticas e em outra parte se relaciona a falta de acesso.
O feminismo e a luta contra as desigualdades de gênero
As brasileiras não podiam votar até 1930, para conquistar esse direito foi necessário muita luta. Avanços significativos foram feitos nas últimas décadas, porém, a igualdade de gêneros está longe de ser alcançada.
Atualmente, um dos grandes desafios que as mulheres enfrentam é a dupla jornada, ou seja, o trabalho fora e o trabalho doméstico. Além de ter um emprego formal, muitas mulheres realizam as atividades domésticas como fazer comida, limpar a casa e cuidar dos filhos.
Além disso, as mulheres convivem ainda com a violência, seja em casa ou nas ruas. Caminhar pelas ruas, à noite, pode ser difícil para as mulheres devido a possibilidade de assédio. Porém, nem dentro de suas casas elas estão seguras, por haver um número expressivo de casos de violência contra a mulher realizada por companheiros.
Agora você já tem melhor entendimento sobre o conceito de gênero e a construção social do sexo. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!