Como foi o período colonial brasileiro?
O período colonial brasileiro se estende de 1530 (marcado pela missão “exploradora” de Martim Afonso de Souza) a 1815 (quando o Estado do Brasil passou a ser o Reino de Portugal, Brasil e Algarves). Foi um momento histórico bastante conturbado em que o Brasil conquistou grande parte de sua extensão territorial. Continue lendo para saber mais sobre esse período.
Período colonial brasileiro: o início
Portugal deu início a missões específicas para demarcação de território a partir de 1530 como uma reação à pretensão francesa de colonizar territórios sul-americanos. A primeira missão com essa finalidade no Brasil foi comandada por Martim Afonso de Souza.
No ano de 1534, Portugal tentou implantar o sistema de capitanias hereditárias no Brasil. Esse sistema era aplicado com relativo sucesso na pequena Ilha da Madeira, situada a sudeste da costa de Portugal.
O território brasileiro foi dividido em 14 capitanias distribuídas entre nobres da confiança de D. João III, rei português. O modelo não obteve êxito no Brasil durante os 16 anos em que foi utilizado, nesse período somente duas capitanias se destacaram: São Vicente (atual São Paulo) e Pernambuco.
Disputas
O início do período colonial foi marcado por disputas territoriais, com destaque para a ofensiva francesa. A França não concordava com a divisão territorial das terras da América entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela, celebrada por meio do Tratado de Tordesilhas assinado em 1494.
O Reino da França passou a realizar as suas próprias expedições fundando em 1555 uma colônia francesa na região da Baía do Rio de Janeiro, conhecida então como Baía de Guanabara, a França Antártica. Os franceses uniram esforços à ofensiva dos índios tamoios da região contra os portugueses.
Em 1560, a França Antártica foi desmantelada sob o comando de Mem de Sá, o então governador-geral. Em 1594, uma nova tentativa francesa de ocupação foi feita, dessa vez no Maranhão. Em 1615, mais uma vez os portugueses derrotaram os franceses.
Período colonial brasileiro: o Governo-Geral
Em 1549, Tomé de Sousa chegou ao Brasil para assumir o cargo de Governador-Geral. Cabia a ele a responsabilidade por diversas funções administrativas relacionadas a diferentes esferas, como produção agrícola, defesa, controle dos índios, além da fundação de uma capital colonial (São Salvador da Bahia de Todos os Santos, atual Salvador).
Os jesuítas vieram junto com Tomé de Sousa para promover a catequização dos índios. Em 1553 foi fundado o Colégio dos Jesuítas da Bahia. Embora a centralização de poder do governo-geral tenha obtido algum sucesso, ainda enfrentava as dificuldades de comunicação e transporte existentes no século XVI. Esse modelo persistiu até a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, o chamado Período Joanino.
O ciclo econômico do açúcar
O açúcar foi a principal riqueza produzida em território brasileiro e viveu seu auge entre os séculos XVI e XVII. A produção de cana-de-açúcar em massa foi possível devido ao sistema conhecido como plantation. A base dessa atividade era: monocultura + mão de obra escrava + solos férteis. O Nordeste brasileiro se destacou na produção, em especial Pernambuco e Bahia.
Os holandeses investiram significativamente com o objetivo de ter acesso a terras brasileiras. Em 1654, eles foram expulsos do território brasileiro após diversos conflitos e acabaram se instalando na região das Antilhas, produzindo um açúcar muito competitivo. Foi a competitividade do açúcar produzido nas Antilhas que desestabilizou o mercado brasileiro. O ciclo do açúcar acabou dando lugar ao ciclo do ouro.
Entradas e Bandeiras
As entradas eram operações realizadas por pessoas financiadas pelo governo no século XVI com o objetivo de exploração do território da colônia. As bandeiras, por sua vez, eram as operações realizadas com recursos próprios com objetivos de exploração do território, captura de índios para escravização, entre outros.
Portugal incentivou essas expedições em diferentes momentos históricos, em especial no fim do ciclo do açúcar, objetivando encontrar outras fontes de exploração, como os metais, por exemplo. Foram métodos importantes para a expansão territorial.
O ciclo econômico do ouro
No século XVIII, as bandeiras passaram a encontrar muito ouro no interior da colônia brasileira, em especial em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Foi um período em que as finanças da Coroa Portuguesa estavam bastante comprometidas.
A mão de obra escrava foi imprescindível para os interesses portugueses. Nesse período se formaram vilas que hoje em dia são importantes cidades brasileiras como Ouro Preto (MG), São João del Rei (MG), Mariana (MG) e Jaraguá (GO).
Tratado de Methuen
Foi no século XVIII que Portugal assinou com a Coroa Britânica o chamado Tratado de Methuen. O acordo, que vigorou entre os anos de 1703 e 1836, instituía que os portugueses comprariam tecidos dos ingleses, enquanto os últimos comprariam os vinhos de Portugal.
Houve um grande contraste nesse período entre a profunda industrialização inglesa e a estagnação portuguesa. Não demorou para que Portugal estivesse endividada com a Inglaterra. Com a escassez do ouro no fim do século XVIII, a solução foi partir para outra atividade baseada no plantation, o cultivo de café.
Revoltas do período colonial brasileiro
O período colonial brasileiro foi marcado por diversas revoltas decorrentes de conflitos de interesses. Esses conflitos são chamados por historiadores de movimentos nativistas. Podemos mencionar nessa categoria conflitos como: Insurreição Pernambucana (1645-1654), Guerra dos Emboabas (1708-1709), Guerra dos Mascates (1710), Conjuração Mineira (1789), entre outras.
Um dos principais motivos de descontentamento dos rebeldes nativistas dizia respeito ao Pacto Colonial (conhecido também como Exclusivo Comercial Metropolitano). Esse pacto determinava que Portugal era a beneficiaria das atividades econômicas de suas colônias, sem que houvesse a possibilidade de livre comercialização. Essas revoltas contribuíram para o processo de Independência do Brasil em 1822.
Sistema colonial: a crise
Diferentes fatores contribuíram para a crise do sistema colonial. Um deles foi Portugal ter permanecido alheio ao novo rumo de poder econômico, a industrialização. A Inglaterra passou a despontar como a principal força econômica do mundo. Houve, ainda, outra importante transformação, o fim da escravidão, que foi substituída pela mão de obra assalariada.
Na segunda metade do século XVIII diversas colônias francesas e inglesas deram início aos seus processos de independência, algo que se refletiu na América Latina no século XIX. Apesar de terem sido transformações lentas, foram cruciais para que o Brasil Colônia ruísse.
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