Entre os anos de 1708 e 1709, ocorreu uma ferrenha disputa entre paulistas e estrangeiros pelo domínio da exploração da região das minas, o que recebeu o nome de Guerra dos Emboabas. No artigo a seguir você poderá entender mais a respeito do conflito a partir de sua contextualização histórica. 

Guerra dos Emboabas: conheça os antecedentes históricos

Portugal estava em busca de metais preciosos desde a chegada ao Brasil em 1500. Observando o alto lucro que os espanhóis tinham em seus territórios no continente americano, os portugueses acreditavam que podiam encontrar também fontes de riquezas. No entanto, ao desembarcar não encontraram pedras preciosas. 

Para não voltar a Portugal sem nada, os portugueses passaram a extrair pau-brasil (árvore abundante do litoral brasileiro na época). Posteriormente, passaram a explorar a colônia por meio do cultivo de cana-de-açúcar. O Brasil se tornou um grande produtor de açúcar entre os séculos XVI e XVII.

A Holanda, de olho nesse grande potencial, invadiu o Nordeste brasileiro entre os anos de 1630 e 1654. Os portugueses conseguiram expulsar os holandeses, no entanto, os últimos se estabeleceram nas Antilhas e tomaram o posto de grande produtor açucareiro do Brasil. A coroa portuguesa precisava de outra forma de lucrar com sua colônia na América. 

Guerra dos Emboabas: conheça o contexto histórico

A crise açucareira voltou o interesse de Portugal para o sertão brasileiro. As expedições realizadas em direção ao interior do Brasil em busca de metais preciosos receberam o nome de Entradas.

Na Capitania de São Vicente, mais ao sul, estava localizado um vilarejo, fundado por padres jesuítas, denominado São Paulo de Piratininga. A produção de açúcar não foi marcante nesse local. A economia era de subsistência. 

Como os paulistas não tinham livre acesso à mão de obra escravizada oriunda do continente africano, passaram a realizar expedições em direção ao sertão brasileiro, em busca da captura de indígenas para cumprir esse papel. Essas expedições receberam o nome de Bandeiras. Eram os paulistas que financiavam suas próprias expedições e, por isso, passaram a ser chamados de bandeirantes, que também procuravam por metais preciosos. 

Os bandeirantes, em meados do século XVII, passaram a ocupar o sertão, abrindo caminhos. Uma curiosidade é que foi durante esse período que diversas rodovias relevantes para a cidade de São Paulo foram abertas e, por isso, se chamam bandeirantes.

Foi no final do século XVII que os bandeirantes descobriram as primeiras minas de ouro na região de Sabará (nos dias atuais essa cidade é a região metropolitana de Belo Horizonte). As notícias se espalharam e teve início uma corrida do ouro. 

Pessoas de diferentes partes da colônia foram para essa região em busca de ouro e, mesmo os bandeirantes tendo chegado antes, não podiam impedir esse aglomerado de aventureiros. A coroa portuguesa não tinha como tomar o ouro da região das minas uma vez que foi descoberto por expedições particulares dos paulistas. 

Os Emboabas

O termo “emboaba” tem origem na língua indígena tupi e era utilizado para se referir a aves cujo corpo era totalmente coberto por penas. Os bandeirantes passaram a utilizar a palavra “emboaba” para se referir aos aventureiros que chegavam à região em busca de ouro. 

Causas da Guerra dos Emboabas

O motivo central que levou à deflagração da Guerra dos Emboabas foi a disputa pelas minas de ouro. Os bandeirantes desejavam que a coroa portuguesa lhes concedesse o direito exclusivo de exploração dos metais preciosos encontrados na região. No entanto, esse pedido se mostrou inviável, haja vista o grande número de brasileiros e portugueses que se dirigiram para a região. 

O conflito conhecido como Guerra dos Emboabas se deu entre os paulistas e os aventureiros que chegaram posteriormente à região. Os dois grupos já haviam se desentendido antes da deflagração do conflito. 

Os emboabas assassinaram dois chefes paulistas que tentaram impor o domínio dos bandeirantes no local. Contrariando as ordens portuguesas, os emboabas nomearam Manuel Nunes Viana como governador da região das minas e decidiram pela expulsão dos paulistas. 

O conflito

O objetivo central dos emboabas era gerar o enfraquecimento do domínio paulista. Com esse foco, Manuel Nunes Viana, liderou as expedições de combate aos paulistas. O líder dos paulistas era o bandeirante Borba Gato. 

A batalha mais trágica da Guerra dos Emboabas foi travada em uma região chamada de Capão da Traição (local próximo da atual cidade de Tiradentes). Os paulistas foram derrotados pelos emboabas, que passaram a dominar a região. A Guerra dos Emboabas chegou ao fim com a vitória dos estrangeiros. 

Consequências da Guerra dos Emboabas

A coroa portuguesa, depois do término do conflito, decidiu intervir diretamente na região das minas, impedindo que se tornasse um território livre. As capitanias do Rio de Janeiro e São Paulo se separaram e foi criada a Capitania das Minas de Ouro.

Houve também a decisão da coroa de que haveria cobrança de impostos sobre o ouro extraído. Assim, teve início a cobrança do quinto. O nome se deve ao fato de que um quinto do ouro extraído era por direito do rei de Portugal. 

Os paulistas, mesmo derrotados, não desistiram da exploração de metais preciosos e organizaram expedições rumo ao Mato Grosso e Goiás. Essa exploração do ouro levou ao processo de interiorização do país, tendo surgido várias vilas para que os aventureiros pudessem se acomodar. Houve diversificação da economia. 

A intensificação da fiscalização da coroa portuguesa sobre a exploração do ouro passou a gerar descontentamento entre os mineradores. Portugal passou a ser vista como um peso para o Brasil. Diversas revoltas foram desencadeadas na região das minas e começou a ser levantada a possibilidade de o Brasil deixar de ser colônia de Portugal. 

Agora você conhece a história da Guerra dos Emboabas. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog do Hexag Medicina!