Livro Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval
O livro “Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval” foi escrito por quatro especialistas e tem como objetivo ser um apoio para aqueles que desejam se aprofundar na leitura, edição e comentário de textos medievais. A seguir vamos explicar com mais detalhes no que consiste a filologia e no que consiste o livro em questão.
O livro “Filologia, história e língua: olhares sobre o português medieval”
Essa obra foi escrita por três profissionais da área de letras (especializados em filologia, linguística histórica e história da língua portuguesa) e por um historiador (especializado em história medieval). Os autores identificaram a existência de uma lacuna nesse universo de conhecimento.
Embora haja excelentes gramáticas históricas da língua portuguesa e bons livros sobre filologia, ainda faltava uma obra especificamente voltada para a leitura, análise e comentário de sincronias passadas, especialmente manuscritos medievais. O papel dessa obra foi o de cruzar os olhares histórico, filológico e histórico-linguístico.
O livro percorre os pormenores desse caminho e conta com excelentes atividades complementares para ajudar nesse preparo dos estudantes apaixonados por filologia. Os autores Leonardo Lennertz Marcotulio, Célia Regina dos Santos Lopes, Thiago Laurentino de Oliveira e Mário Jorge da Motta Bastos entregaram uma obra primorosa. Vale dizer que a publicação conseguiu aliar a didática com a transmissão de saberes fundamentais.
Afinal, o que é filologia? Qual é a sua relação com a história?
O termo “filologia” se origina do grego “Φιλολογία”, que significa “amor ao estudo, à instrução”. Em linhas gerais, se caracteriza por ser o estudo da linguagem feito a partir de fontes históricas escritas. Podem ser utilizados para finalidades de estudos filológicos: a literatura, a linguística e a história.
Consiste no estudo de textos literários e registros escritos, estabelecendo, dessa forma, sua autenticidade e forma original. Também diz respeito à determinação do seu significado. Recebe o nome de filologia clássica a filologia do grego e latim clássico, é historicamente primária, originou-se em Alexandria e Pérgamo por volta do século IV a.C.. Durante o Império Romano e Bizantino, a filologia prosseguiu através dos gregos e romanos.
Foi assumida posteriormente pelos europeus estudiosos da Era dos Descobrimentos. Nesse período, havia filólogos europeus (de origem celta, germânica, eslava, entre outras) e não europeus (de origem persa, chinesa, árabe etc). Surgiu também os estudos indo-europeus que se referem a filologia comparativa entre as línguas indo-europeias.
Toda linguagem clássica pode ser submetida a estudos filológicos. A filologia de vertente romântica objetiva especificamente estudar as línguas e dialetos oriundos do latim vulgar. Investiga as suas literaturas se atendo desde suas origens até a situação atual. Para nós brasileiros, é muito interessante investigar o português medieval, pois isso nos ajuda a entender a origem da língua que falamos em nosso país.
Filologia em contraste com a linguística
A filologia possui foco no desenvolvimento histórico (análise diacrônica) e, em decorrência disso, passou a ser vista como um termo contrastante com a linguística. Essa visão é resultado da insistência de Ferdinand de Saussure, no século XX, a respeito da relevância da análise sincrônica. Mais tarde surgiu o estruturalismo e a teoria linguística de Chomsky com ênfase na sintaxe.
Para que a filologia é utilizada?
O foco da filologia é investigar problemas de datação, localização e edição de textos. Para que possa cumprir esse papel, atua lado a lado com a História e alguns de seus ramos, a história das religiões, por exemplo. Também se vale da gramática, linguística e estilística na área da Letras. Outros segmentos de estudo, como epigrafia, arqueologia e papirologia, também contribuem para esse estudo.
O filólogo pode traçar o desenvolvimento geral, se baseando em registros documentais. Em diversas nações, o termo filologia se refere ao estudo de uma língua juntamente com a literatura e contextos históricos e culturais. A compreensão de obras literárias depende do conhecimento desses e de outros contextos relevantes.
Dessa forma, fica evidente que a filologia abrange estudos de história, gramática, interpretação, retórica, tradições, entre outros fatores. No entanto, essa definição mais abrangente está se tornando cada vez mais rara. Atualmente, o conceito de filologia está muito mais relacionado ao estudo de texto, partindo de uma perspectiva histórica da linguística.
Filologia: aproximação da linguagem humana
Tomando por base a definição mais restrita da filologia, podemos concluir que se trata de uma das primeiras ciências do século XIX a ter se aproximado da linguagem humana. Contribuiu para direcionar a ciência moderna da linguística, no século XX, pela influência de Ferdinand de Saussure. Ele argumentava que a linguagem falada precisava ter primazia.
Em 1880, foi fundado o Jornal Americano de Filologia, nos Estados Unidos, pelo professor de Filologia Clássica na Johns Hopkins University, Basil Lanneau Gildersleeve. O desenvolvimento da filologia foi essencial para desenvolver a área do estudo da linguística como um todo.
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