Quais foram as missões jesuítas no Brasil?
As Grandes Navegações resultaram na descoberta do Novo Mundo no século XVI. Nesse contexto, foram empregadas as missões jesuítas, objetivando apresentar e disseminar a cultura e religião do Ocidente entre os nativos desses novos territórios.
As missões jesuíticas realizadas na América levaram à formação de inúmeros acampamentos em que eram ensinados valores ocidentais cristãos para os nativos indígenas de todo o continente. Essas missões eram usadas como uma das justificativas para o estabelecimento das colônias, uma vez que se dizia necessário salvar espiritualmente os indígenas.
Missões jesuítas: contexto histórico
No fim do século XV, as nações mais poderosas do mundo, Portugal, Espanha e Inglaterra, deram início às chamadas grandes navegações. A motivação dessas viagens marítimas era descobrir novas rotas comerciais com o Oriente. Em 1493, ocorreu a queda do Império Bizantino e isso fez com que a navegação pelo Mediterrâneo se tornasse restrita aos árabes.
Assim começou uma grande busca por outros caminhos para chegar às Índias. Esse processo de busca por novas rotas levou à descoberta do chamado Novo Mundo, o continente americano. A descoberta desses territórios deu início ao processo de colonização das Américas.
Tanto portugueses quanto espanhóis adotaram uma postura de recusa do estranho quando entraram em contato com os nativos de terras até então desconhecidas. No entanto, as posturas adotadas foram distintas. Portugal tentou, no início, estabelecer uma relação amistosa com os indígenas através do escambo. Por sua vez, a Espanha adotou uma estratégia mais agressiva, levando a um genocídio na América Espanhola.
Em parte, acredita-se que essa ação violenta dos espanhóis se deu pelo fato de terem descoberto grandes reservas de ouro já nos primeiros contatos. Os portugueses demoraram algum tempo para identificar as riquezas do novo território.
Processo de colonização
Uma vez que outros países passaram a invadir os territórios recém-descobertos, tornou-se necessário iniciar o processo de colonização. Países como a França também queriam as riquezas do Novo Mundo e, para isso, passaram a se instalar no território descoberto pelos portugueses. Nesse contexto, percebeu-se a importância de utilizar as missões jesuítas para a colonização dos territórios.
As missões jesuíticas
Em 1534, foi criada a Companhia de Jesus e assim teve início às missões jesuíticas. O objetivo da ordem religiosa Companhia de Jesus era disseminar a cultura e a religião católica no mundo. Foi uma resposta às reformas religiosas propostas por Martinho Lutero, algo que teve início em 1517.
As missões jesuíticas foram expedições de doutrinação religiosa organizadas pela Companhia de Jesus do século XVI ao século XVIII. Essas expedições foram realizadas na América e na África. As missões jesuítas na América tiveram início devido a denúncias de violência cometida contra os nativos.
Foi a partir desse contexto que o Papa passou a defender a importância da salvação espiritual desse povo por meio do Catolicismo. Assim, as missões tiveram o aval para que fossem empreendidas. Porém, também foram usadas como justificativa para a ocupação e a colonização dessas terras, já que estavam sendo impostos o modo cultural europeu para os indígenas.
Missões jesuítas no Brasil
Em 1549, teve início às missões jesuítas no Brasil, que contou com o apoio de Tomé de Souza, o governador geral. Destacam-se nesse período nomes como os dos padres: Manoel Nóbrega, José de Anchieta e Antônio Vieira.
Os acampamentos jesuítas tinham rotinas bastante rigorosas, um reflexo do treinamento militar que os padres tinham. A disciplina era bastante valorizada. Em 1759, essas missões tiveram fim com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal.
Acampamento jesuíta: características
Os acampamentos jesuítas estavam sob o comando de padres missionários. O perfil desses acampamentos era bastante autoritário, sendo exigida grande disciplina por parte dos indígenas. Quando algo não era realizado a contento dos padres, eram empregadas punições físicas.
O objetivo central era a catequização dos indígenas de forma a adaptá-los aos costumes religiosos, sociais e culturais dos europeus. Dos índios era exigido que realizassem tarefas religiosas e trabalhos de mão de obra para o sustento do acampamento.
Os primeiros projetos de educação que moldaram a configuração das primeiras escolas brasileiras tiveram início nos acampamentos. A educação em nosso país começou através do monopólio jesuíta que estava intimamente relacionado aos valores cristãos.
Negros e indígenas
Os índios não eram escravizados amplamente como ocorria com os negros. Esse fato se deu em decorrência das filosofias trazidas pelas missões jesuíticas e que tinham como pauta as ideias de São Tomás de Aquino. Essa filosofia acreditava que a salvação do negro seria encontrada por meio da servidão. Essa seria a justificativa para o regime escravocrata.
Por sua vez, o índio seria salvo através do Catolicismo. Essas ideias eram amplamente defendidas por jesuítas, como Padre Antônio Vieira, em seus sermões. Contudo, não era apenas a filosofia religiosa que motivava essa prática. Portugal tinha grande interesse econômico no tráfico negreiro.
O índio também foi escravizado durante a colonização, mas com menos frequência devido à filosofia religiosa e ao tráfico negreiro. Em linhas gerais, o índio escravizado era o rebelde que não se moldava aos costumes dos acampamentos jesuítas. A perda do seu povo e as doenças trazidas pelos europeus, como gripe, sarampo e varíola, assim como a escravização, levava os índios a ceder ao Catolicismo.
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