O que é negacionismo e como ele apareceu ao longo da História?
Provavelmente, você já assistiu ou leu uma matéria sobre o negacionismo. Nos últimos tempos, esse tema entrou para a pauta de debate. A ciência vem sendo constantemente desacreditada sem quaisquer evidências contrárias a ela.
Contudo, para quem pensa que essa é uma questão atual, devemos alertar que já faz tempo que esse movimento vem acontecendo. Prossiga na leitura para entender o conceito em detalhes e saber como ele já se manifestou no decorrer da história.
O que é negacionismo?
Resumidamente, o negacionismo consiste na negação de uma afirmação cientificamente comprovada. O método científico se caracteriza pela análise de fatos e evidências através da realização de experiências.
Para que fique mais claro, daremos um exemplo de um negacionismo, a negação da existência do Holocausto por alguns grupos. De acordo com esses negacionistas, o genocídio de judeus não aconteceu ou pelo menos não na proporção documentada historicamente.
O Holocausto foi um acontecimento amplamente investigado por pesquisadores e historiadores. Sobreviventes dos campos de concentração ratificaram os fatos através de seus depoimentos. Logo, a ocorrência do Holocausto é cientificamente comprovada. O negacionismo desse evento consiste em se recusar a reconhecer essas evidências científicas.
Os negaciosnistas do Holocausto afirmam que não houve nenhum tipo de perseguição aos judeus por parte dos nazistas. Segundo essas pessoas, as câmaras de gás para extermínio em massa não existiram.
As vidas dos judeus teriam sido ceifadas pela guerra e não pelo regime nazista, de acordo com essa visão negacionista. Inúmeros registros palpáveis da existência desse evento comprovam que em torno de seis milhões de judeus foram perseguidos e assassinados pelo nazismo.
Como o negacionismo apareceu ao longo da história?
Lembra que citamos que o negacionismo não é algo atual? Saiba que a negação de comprovações científicas já apareceu algumas vezes ao longo da história. Confira a seguir uma lista de algumas dessas situações.
Giordano Bruno e a defesa de vida em outros planetas
Giordano Bruno (1548-1600) foi matemático, filósofo, teólogo e religioso. Quando ele passou a defender a possibilidade de que outros mundos existissem com formas de vida, foi condenado à morte.
Além disso, Bruno também questionou a natureza divina de Jesus Cristo. Na Idade Moderna, se tornou comum que aqueles que usavam a ciência para questionar dogmas religiosos fossem condenados à morte.
Galileu Galilei e as teorias heliocêntricas
Galileu Galilei (1564-1642) foi físico, astrônomo e engenheiro. Após ter defendido teorias heliocêntricas (que colocavam o Sol como centro do universo ao invés da Terra) ele foi processado pela Inquisição.
Para evitar o mesmo fim de Giordano Bruno, Galileu negou todas as teorias. O geocentrismo (que colocava a Terra como o centro do universo) corroborava com as narrativas bíblicas, sendo a teoria defendida pela Igreja Católica.
Movimento terraplanista
Nos últimos anos, observamos consideravelmente o crescimento do movimento terraplanista. Basicamente, esse movimento é composto por pessoas que acreditam que a Terra é plana. O formato redondo da Terra foi comprovado há muito tempo. Em 276 a.C., o grego Eratóstenes já representava o planeta como uma esfera e, inclusive, mediu a sua circunferência.
Fernão de Magalhães liderou os espanhóis, no começo do século XVI, na primeira viagem de circum-navegação. Logo, temos mais de 2 mil anos de estudos e comprovações científicas de que nosso planeta é redondo. No entanto, mesmo com esses argumentos irrefutáveis, há quem distorça fatos científicos para afirmar que a Terra é plana, ainda que não faça sentido.
Movimento antivacina
Na lista das dez maiores ameaças à saúde, divulgada em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), consta o movimento antivacina. Trata-se de um grupo de pessoas sem informação que têm medo irracional das vacinas. Essas pessoas não somente deixam de se vacinar como também não levam seus filhos.
O grande número de pessoas não-vacinadas vem contribuindo para que doenças até então erradicadas voltem a gerar surtos. Em 2018, o Brasil viveu um surto de sarampo em decorrência das consequências do número de pessoas contrárias à vacinação. A pandemia do novo coronavírus deixou ainda mais evidente a gravidade de ter pessoas que se recusam a se vacinar.
As redes sociais tornaram-se uma poderosa ferramenta de difusão de inverdades por parte dos adeptos dos movimentos antivacina e terraplanista. Verificar as informações recebidas é essencial para ter certeza da veracidade do que está sendo compartilhado.
Negacionismo da pandemia de Covid-19
Ao longo da pandemia da Covid-19, foi possível acompanhar pessoas que defendiam fervorosamente que o vírus não existia ou que não representava risco para a humanidade.
Alguns grupos acreditam que o vírus foi inventado para manipular a população mundial. Outros negacionistas não duvidam que a doença exista, mas acreditam que ela não causou tantos óbitos quanto foram divulgados.
Negar uma questão de saúde pública representa um grande risco para todas as pessoas de forma geral. Se as pessoas não creem no risco do vírus, deixam de cumprir as medidas sanitárias essenciais, como o uso de máscara, higienização das mãos e isolamento social. A negação pode levar à recusa da vacina e potencializar os dados causados por doenças como a Covid-19.
O negacionismo representa um grande atraso para a humanidade.