O que foi o surrealismo? Características, artistas e principais obras
Saber o que foi o surrealismo é importante para compreender outros movimentos artísticos que vieram posteriormente. A arte surrealista não esteve restrita ao campo das artes plásticas, também teve grande influência sobre outras manifestações, como a literatura, o teatro, a escultura e o cinema.
Continue lendo para conhecer mais profundamente essa vanguarda artística do começo do século XX.
O que foi o surrealismo?
No início do século XX, surgiram algumas vanguardas artísticas em Paris, sendo uma delas o surrealismo. O movimento teve origem como uma reação ao materialismo e ao racionalismo da sociedade ocidental.
Inúmeros movimentos artísticos, incluindo o surrealismo, surgiram nos chamados “tempos loucos”, o período entre as duas Grandes Guerras (1918 a 1939). Havia grande incerteza em relação à manutenção da paz, algo que criou um desejo de viver intensamente o presente.
Nesse período de insatisfação e desequilíbrio, diversos movimentos artísticos foram delineados, possibilitando uma nova interpretação e expressão da realidade. Tais movimentos tornaram-se conhecidos como “vanguardas europeias”. O surrealismo tem como principais influências o Dadaísmo e a pintura metafísica de Giorgio de Chirico (1888-1978).
Manifesto Surrealista
O escritor francês André Breton (1896-1966), que participou do Dadaísmo, rompeu com o líder dadaísta Tristan Tzara. A partir desse rompimento, o surrealismo começou a ganhar seus contornos. Em Paris, no ano de 1924, Breton lançou o Manifesto Surrealista, com uma nova forma de encarar a arte.
De acordo com o manifesto, o surrealismo se caracteriza por propor a expressão – verbal, escrita ou por outro meio – do funcionamento do pensamento. O pensamento deixa de ter qualquer controle da razão e se mostra alheio a preocupações estéticas ou morais. Os princípios surrealistas são apresentados despidos de lógica e demonstram a adoração de uma realidade superior que é chamada de maravilhosa.
Ainda em 1924, circulou a primeira edição da revista “A Revolução Surrealista”, que continha todos os meios de expressão artística, porém, com uma destacada exclusão da música.
Surrealismo: conheça as principais características
Confira, a seguir, uma lista com as principais características do surrealismo enquanto corrente artística:
- Grande espontaneidade expressiva;
- Influência exercida por teorias da psicanálise;
- Criação de cenas irreais;
- Pensamento livre;
- Valorização do inconsciente;
- Criação de realidade “paralela”.
No surrealismo, há a proposição da valorização da fantasia, loucura e uso de reação automática. A ideia é que o artista se deixe conduzir pelo impulso, registrando, dessa forma, tudo o que vem à sua mente sem se preocupar se tem lógica. Os artistas desse movimento objetivavam utilizar o potencial do subconsciente e dos sonhos como uma fonte para criar imagens fantásticas.
A literatura e as artes plásticas passaram a ser vistas como um meio de expressão da fusão dos sonhos e da realidade em uma forma de realidade absoluta, o que passou a ser chamado de “surrealidade”. Nesse mesmo período, o estudo da psicanálise estava sendo desenvolvido, especialmente por Sigmund Freud, algo que influenciou consideravelmente o surrealismo.
Direções do surrealismo na pintura
O surrealismo seguiu por duas direções na pintura: pintura surrealista figurativa e a pintura surrealista abstrata. Nas duas houve a adaptação das técnicas de escrita automática adotadas pelos poetas surrealistas.
Basicamente, o objetivo era a liberação da mente do controle consciente, produzindo, assim, um fluxo de ideias do subconsciente. Desse modo, se chegava a obras abstratas ou figurativas.
Em uma outra perspectiva, o surrealismo se baseou em elaboradas reconstruções de um mundo de sonho, em que objetos eram colocados em uma justaposição inesperada.
Principais artistas e obras do surrealismo
Veja quais são os principais artistas do surrealismo.
Max Ernst
O pintor alemão Max Ernst (1891-1976) foi o inventor da técnica conhecida como “frottage” (palavra francesa que significa “friccionar”), em 1925. O método consiste basicamente em friccionar o lápis ou outro material em um papel sobre uma superfície texturizada para que surjam imagens.
As imagens criadas podiam ser usadas como apareciam ou para ser base de um novo desenho. Uma obra de destaque do artista com essa técnica foi “A Roda da Luz” de 1925.
Outra técnica pertinente ao trabalho de Ernst foi a decalcomania, em que se deposita tinta sobre superfícies, como metal ou vidro, e em seguida se pressiona uma tela ou papel sobre. As formas que surgiam eram então trabalhadas de maneira criativa. Antes de fazer parte do movimento surrealista, ele foi dadaísta. Uma obra de destaque de Ernst foi “Epifania”, de 1940.
Joan Miró
Joan Miró (1893-1983) foi um pintor espanhol de grande relevância para o movimento surrealista. Um dos grandes destaques de sua obra foi “Carnaval de Arlequim” (1924-25) em que cruzou a fronteira entre a observação de um modelo e o uso de símbolos que fluíam do seu inconsciente.
Apesar de ser uma obra feita a partir do uso de desenhos feitos em um estado de alucinação, tem composição bastante organizada pela intervenção do consciente. Jackson Pollock (1912-56) foi um norte-americano influenciado por Miró.
René Magritte
O pintor belga René Magritte (1898-1967) foi o responsável por uma das telas mais famosas do surrealismo: “A Traição das Imagens” (1929). Ele rejeitava a suposta espontaneidade do automatismo, uma vez que a considerava falsa.
Uma característica interessante do seu trabalho era o fato de trabalhar com imagens aparentemente convencionais que recebiam um carácter bizarro através de sobreposições.
Salvador Dalí
Salvador Dalí (1904-1989) nasceu na Espanha e se tornou um membro oficial do grupo dos surrealistas. Certamente, ele é o mais lembrado quando se fala a respeito de surrealismo.
No trabalho de Dalí é possível observar algumas particularidades, em especial o seu interesse pelas condições mentais anormais, com destaque para as alucinações. As imagens de Dalí eram retratadas de tal forma que pareciam fotografias em cores. A sua obra de maior destaque foi “A persistência da memória”, de 1931.
O Surrealismo no Brasil
O surrealismo exerceu grande influência sobre o movimento Modernista no Brasil. Destacou-se como um dos maiores expoentes do movimento o escritor Oswald de Andrade.
É possível observar no seu Manifesto Antropófago, nas peças “O Cavalo e a Morta” e “O Homem”, assim como no romance “Serafim Ponte Grande” elementos que têm ligação com as técnicas de criação surrealistas. Essa vanguarda europeia também influenciou artistas plásticos como Tarsila do Amaral, Cícero Dias e Ismael Nery.
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