O que significa Aliança Nacional Libertadora (ANL)?
A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi fundada em março de 1935 como uma forma de combater o fascismo e o imperialismo. No artigo a seguir falaremos mais sobre o contexto histórico da sua fundação e do seu papel na história do século passado.
Contexto histórico da fundação da Aliança Nacional Libertadora (ANL)
O avanço do nazi-fascismo pelo mundo no século passado, resultou no surgimento de diversas frentes de combate. Diferentes correntes políticas se uniam nessas frentes objetivando agir de forma unificada como uma barreira aos ideais fascistas. No Brasil, o fascismo também avançava, especialmente sob a forma da cada vez mais influente Ação Integralista Brasileira (AIB).
Pequenas frentes antifascistas foram surgindo em nosso país, tendo como seus principais participantes socialistas, comunistas e “tenentes”. Os últimos constituíam um grupo que ajudou Getúlio Vargas a chegar à presidência com o golpe de 1930. Esses tenentes antigos estavam descontentes com a aproximação do então presidente com os grupos oligárquicos que foram retirados do poder por ocasião do golpe.
No segundo semestre de 1934, alguns intelectuais e militares — como Francisco Mangabeira, Manuel Venâncio Campos da Paz, Moésia Rolim, Carlos da Costa Leite e Aparício Torelly — passaram a se reunir no Rio de Janeiro.
O principal objetivo dessas reuniões era oferecer suporte político para as lutas que estavam sendo travadas em âmbito popular. Foi a partir dessas reuniões que nasceu a Aliança Nacional Libertadora (ANL). O primeiro manifesto foi lido na Câmara Federal em janeiro de 1935.
Aliança Nacional Libertadora (ANL): programa básico
O programa básico da ANL foi divulgado em fevereiro de 1935, contendo alguns pontos polêmicos para a época. Dentre os destaques do documento estavam:
- Proposta de suspensão do pagamento da dívida externa do Brasil;
- Proteção de pequenos e médios proprietários;
- Realização da reforma agrária;
- Nacionalização das empresas estrangeiras
- Garantia das liberdades individuais.
O documento da ANL não apontava como o governo faria para concretizar essas propostas.
ANL: os primeiros passos do seu crescimento
O diretório nacional provisório da ANL foi definido em março de 1935, tendo como presidente Herculino Cascardo e como vice-presidente Amoreti Osório. Outros nomes que ganharam destaque nesse diretório foram: Manuel Venâncio Campos da Paz, Roberto Sisson, Benjamin Soares Cabello e Francisco Mangabeira.
Popularização da ANL
Assim que a ANL foi oficialmente lançada, houve um grande volume de filiações formais de cidadãos. Porém, nunca se conheceu o número exato de membros. Dentre as adesões mais significativas estão: Miguel Costa, Maurício de Lacerda e Abguar Bastos. Houve personalidades que, mesmo sem terem se filiado, se declararam simpáticas às causas, como os ex-interventores, respectivamente do Ceará e do Pará, Magalhães Barata e Filipe Moreira Lima.
Havia um número considerável de interessados nos comícios da ANL e em diversas cidades havia manifestações públicas favoráveis. Havia um jornal no Rio de Janeiro e outro em São Paulo que divulgavam as ações da ANL.
Luís Carlos Prestes
Luís Carlos Prestes tinha grande prestígio entre os comunistas por ter sido o líder da Coluna Prestes, movimento empreendido uma década antes com o objetivo de derrubar o governo por meio do uso de armas. Aclamado como presidente de honra da ANL, Prestes passou um tempo na União Soviética recebendo orientações da direção da Internacional Comunista.
Em abril de 1935, Prestes retornou de forma clandestina ao Brasil com planos de promover no Brasil um levante armado para instaurar no país um governo nacional-revolucionário. Para cumprir tal missão, ele pode trazer um grupo de militares estrangeiros, incluindo a sua esposa, a alemã Olga Benário.
Disputa entre comunistas e integralistas
Integralistas e comunistas entravam constantemente em conflitos nas ruas desde que a ANL passou a se popularizar. No dia 5 de julho de 1935, a ANL promoveu algumas manifestações públicas, como celebração aos levantes tenentistas de 1922 e de 1924. Nessa ocasião, foi lido um manifesto de Prestes, sem que houvesse a anuência de todos, em que ele propunha a derrubada do governo e o poder para a ANL.
Houve grande repercussão a leitura desse manifesto e, para Getúlio Vargas, foi a oportunidade para ordenar o fechamento da ANL com base na Lei de Segurança Nacional promulgada em abril de 1935.
Ilegalidade
A ANL passou a ser ilegal e, dessa forma, não podia mais empreender as suas manifestações públicas. Assim, perdeu o seu contato com a massa popular que se mostrava empolgada com as suas ideias.
Em novembro de 1935, em Natal, no Rio Grande do Norte, foi deflagrado um levante militar em nome da ANL. Houve apoio popular para esse movimento e durante quatro dias a capital esteve sob o controle dos deflagradores. Outros levantes foram realizados no Rio de Janeiro e no Recife.
No entanto, o governo federal conseguiu conter esses levantes com certa facilidade. Iniciou-se, então, uma repressão bastante rigorosa contra os grupos de oposição, independentemente de fazerem ou não parte dos levantes. A ANL foi duramente desarticulada.
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