Reformas Religiosas: a divisão do cristianismo no Ocidente
As Reformas Religiosas foram movimentos sociais e religiosos ocorridos na Europa Ocidental, no começo do século XVI. Contribuíram significativamente para mudanças consideráveis na Igreja Cristã e na sociedade como um todo. Continue lendo para entender melhor.
O que foram as reformas religiosas?
As reformas religiosas consistiram em movimentos realizados durante o século XVI, na Europa. Uma das suas principais consequências foi a dispersão da população para outras religiões cristãs. Antes desses movimentos, a Igreja Católica concentrava o grupo populacional do período.
É importante ressaltar que essas outras religiões, embora fossem cristãs, não se submetiam aos dogmas católicos ou a autoridade do papa. As reformas religiosas abrangem tanto a Reforma Protestante (de contestação da Igreja Católica) quanto a Contrarreforma (movimento de contenção do Protestantismo).
Contexto histórico das reformas religiosas
A Europa do começo do século XVI, ainda era fortemente influenciada pelo Renascimento, movimento cultural baseado nos valores da Antiguidade Clássica. Foi um período de oposição à Idade Média e a tudo que ela representava.
Uma das características mais marcantes do Renascimento era o humanismo, concepção filosófica baseada no antropocentrismo (o ser humano colocado no centro). Essa visão contribuiu para o surgimento de uma nova relação do homem moderno com a religião.
Também houve a valorização do racionalismo, isto é, a busca pelo conhecimento através da razão e da reflexão. A sociedade moderna foi impactada de muitas formas por esse processo de mudança de pensamento. Na religião influenciou na Reforma Protestante.
A Reforma Protestante
A Igreja Católica, no começo do século XVI, intensificou algumas ações que eram bastante criticadas por nobres, camponeses e até por membros do clero. Um dos principais tópicos de críticas era o oferecimento de indulgências, perdão de pecados mediante a doação de uma quantia para a Igreja.
Quem foi Martinho Lutero?
Martinho Lutero foi um monge germânico que, em 1517, escreveu 95 teses críticas à Igreja Católica. Em seguida, ele pregou essas teses na porta da Catedral de Wittenberg, cidade do Sacro Império Romano-Germânico e atual Alemanha. Ele já tinha um histórico de pregações contra a prática de venda de indulgências.
As teses de Lutero se espalharam rapidamente e conquistaram muitos adeptos. O Papa Leão X foi informado a respeito e assim iniciou-se um conflito entre o monge e a Igreja. Em 1521, Lutero foi excomungado, porém, suas teses haviam captado muitos interessados.
O que foi o Luteranismo?
Lutero recebeu apoio da nobreza germânica como uma forma de contestação do poder da Igreja Católica. Os camponeses também apoiaram as teses do monge e assim surgiram movimentos de reivindicação da divisão de terras.
Temendo perder o apoio da nobreza, Lutero condenou os movimentos camponeses que nasceram a partir das suas teses. Como estava excomungado, Lutero decidiu fundar uma nova religião, o Luteranismo.
Principais características do Luteranismo
- Salvação pela fé – o luteranismo acreditava que a salvação era consequência da fé das pessoas e não da venda de indulgências.
- Interpretação livre da Bíblia – a Bíblia era conhecida apenas em latim, após a Reforma foi traduzida para outros idiomas permitindo livre interpretação.
- Tradução dos cultos – as missas católicas também eram realizadas somente em latim e depois da Reforma passaram a ser realizados em outros idiomas.
- Imagens e santos – não há a adoração de imagens e santos no luteranismo.
- Celibato – passou a ser condenado pela Reforma.
A Reforma Protestante não aconteceu somente na Alemanha e nem se restringiu apenas ao luteranismo. Houve outros movimentos e religiões surgidos na Europa com ideias semelhantes.
O que foi o Calvinismo?
O líder religioso francês João Calvino passou boa parte da sua vida na Suíça. Assim como Lutero, ele defendia a necessidade de mudanças na Igreja Católica. As ideias dele levaram ao surgimento de uma religião chamada calvinismo. No entanto, Calvino se opunha ao uso desse termo.
Havia uma grande diferença entre o calvinismo e o luteranismo. A doutrina de Calvino acreditava na predestinação, isto é, que as pessoas eram predestinadas a serem salvas ou condenadas por Deus.
Acreditava-se que existiam sinais dessa predestinação à salvação como a riqueza material, por exemplo. O calvinismo não se restringiu apenas à Suíça, influenciou os protestantes da Inglaterra e da França.
Anglicanismo
Na Inglaterra, o rompimento com a Igreja Católica ocorreu de forma diferente. Henrique VIII, o rei inglês, liderou o movimento que deu origem ao anglicanismo. Ele deseja se divorciar de Catarina de Aragão alegando que ela não lhe deu nenhum filho homem. Mas, a Igreja Católica não permitia o divórcio.
Assim o rei rompeu com a Igreja, em 1534, através do Ato de Supremacia. Por meio desse ato, o monarca se tornou também o líder religioso supremo da Inglaterra. Houve o desligamento da autoridade do papa. O anglicanismo é a religião majoritária da Inglaterra até os dias atuais.
Além do divórcio do rei, a ruptura com a Igreja Católica também foi motivada por questões financeiras. A coroa e a nobreza inglesas reivindicavam terras que eram de propriedade da Igreja.
Contrarreforma
A Igreja Católica já tinha passado por outros períodos de contestação, contudo, nenhum com o potencial dos movimentos reformistas. A unidade e o poder da Igreja Romana foram ameaçados.
Como forma de combater o avanço da Reforma Protestante, foi realizado o Concílio de Trento (1545-1563), sob a liderança do Papa Paulo III. O objetivo era reafirmar os dogmas católicos e desenvolver diretrizes para a Igreja. Esse processo recebeu o nome de Contrarreforma por ser o movimento oposto a Reforma Protestante iniciada em 1517.
Principais pontos estabelecidos pela Contrarreforma:
- Reforço do Tribunal da Santa Inquisição (ou do Santo Ofício) – o objetivo era a condenação dos hereges, quem não respeitava os dogmas católicos.
- Apoio à Companhia de Jesus – ordem religiosa focada na conversão de povos nativos das Américas ao catolicismo.
- Index Librorum Prohibitorum (Índice de Livros Proibidos) – lista de livros proibidos pela Igreja.
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