O governo Geisel (1974-1979) foi marcado pelo início da transição do regime ditatorial para o regime democrático. O quarto presidente da ditadura militar, Ernesto Geisel, fazia parte de um grupo mais moderado dentro do Exército. Durante a sua gestão o AI-5 (Ato Institucional n° 5, considerado o mais restritivo) foi derrubado. 

Como foi o Governo Geisel?

Ernesto Geisel foi o quarto presidente do regime militar e seu governo se estendeu entre os anos de 1974 e 1979. Nesse período, houve a transição do regime ditatorial para o regime democrático. Também foi durante essa gestão que o Brasil deu início a uma política neoliberal. 

Geisel deu fim ao AI-5 e concedeu anistia política para diversos brasileiros exilados em outros países, especialmente políticos e artistas. Esse governo também ficou marcado pela proposta de reforma do Poder Judiciário. Parte dos deputados criticou duramente a proposta. A resposta foi o fechamento do Congresso por 14 dias. 

Estava bem claro que o país vivia um momento de transição para um regime democrático, embora esse processo fosse lento e seguro para os militares. A sociedade já não aceitava mais as arbitrariedades e o autoritarismo do regime antidemocrático. Nesse período, as vagas ocupadas pelo MDB na Câmara cresceram significativamente. 

Investimentos na indústria de base e crise 

As relações diplomáticas e comerciais do Brasil com outras nações foram intensificadas durante esse governo. Fortes investimentos foram realizados na indústria de base. O PIB (Produto Interno Bruto) chegou a apresentar 31,88% de crescimento, porém, o país estava numa situação econômica complicada (falaremos mais a seguir). 

Geisel congelou os salários durante o seu governo e assim começou uma grande revolta popular. Protestos de sindicatos, especialmente na região do ABC paulista, passaram a ser realizados como resposta à crise econômica do período. 

Lei Falcão

A Lei Falcão foi criada durante o governo de Ernesto Geisel e proibia a realização de campanhas eleitorais nos meios de comunicação. Além disso, ampliava o período do mandato presidencial de cinco para seis anos. 

Vale citar ainda que durante esse período, um terço do Senado foi escolhido por voto indireto pelas assembleias estaduais. Entidades de classe, como UNE e OAB, começaram a apoiar o movimento da sociedade em busca da redemocratização do Brasil. 

Abertura econômica

Na economia, o governo Geisel aplicou o II Plano Nacional de Desenvolvimento, elaborado por Mário Henrique Simonsen, então ministro. Basicamente, esse plano se baseava em conter a inflação elevada através de alternativas para incentivar o crescimento da economia. 

Confira abaixo algumas medidas tomadas:

• Aumento das taxas de juros;
• Fortalecimento das empresas estatais;
• Emissão de títulos resgatáveis;
• Pesados investimentos na indústria para a geração de empregos. Nesse período o Brasil vivia os reflexos da crise do petróleo de 1973.

Os resultados da aplicação desse plano:

• Aumento da dívida externa;
• Inflação em constante alta;
• Recessão econômica;
• Crise política. 

Quando assumiu o governo, Geisel recebeu um país com inflação de 15,54%. Ao entregar o governo, em 15 de março de 1979, a inflação era de 40,81%. A população estava revoltada e era contra as decisões tomadas pelos militares. 

Enfraquecimento do governo Geisel

O governo de Ernesto Geisel já enfrentava dificuldades mediante aos protestos realizados por sindicalistas e estudantes.

A situação se agravou ainda mais com as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, em 1975. Ambos foram submetidos a torturas nos porões da ditadura em São Paulo e não resistiram. 

Como foi o fim do governo Geisel? 

Quando o governo Geisel chegou ao fim, a gestão ditatorial dos militares já era insuportável para a população brasileira. Esse governo foi bastante marcado pelos primeiros sinais de que haveria a transição para um regime democrático com eleições diretas. 

Assim, direitos que deixaram de existir ao longo da ditadura, seriam retomados, tais como:

• Liberdade de expressão;
• Liberdade de imprensa;
• Maior participação popular nas decisões políticas;
• Ações de combate à corrupção. 

Resumidamente, podemos dizer que o governo Geisel foi um tipo de despedida dos militares do poder. Nesse período, o golpe de 1964 passou a ser enfraquecido. Foi um momento crucial para a história brasileira. Geisel foi o penúltimo presidente do regime militar, seu sucessor foi João Figueiredo. 

Movimento Diretas Já

Durante a gestão de Figueiredo, a sociedade orquestrou um movimento civil que se tornou conhecido como “Diretas Já”, em março de 1983. A reivindicação era por eleições diretas para a Presidência da República. 

Lideravam esse movimento Leonel Brizola, Miguel Arraes, Tancredo Neves entre outros. A consolidação desse movimento se deu através da eleição indireta de Tancredo. No entanto, ele faleceu antes de assumir e seu vice, José Sarney, assumiu a presidência. Dessa forma, teve fim 21 anos de regime ditatorial no Brasil. 

Quem foi Ernesto Geisel?

Ernesto Beckmann Geisel nasceu em 03 de agosto de 1907, no Rio Grande do Sul. Foi o quarto presidente do regime militar que teve início em 1964 e fim em 1985. Filho de imigrantes alemães, Geisel estudou no colégio militar de Porto Alegre. 

Sua formação como aspirante de oficial se deu na Escola Militar de Realengo (atual Academia Militar das Agulhas Negras). Em 1964, Geisel iniciou sua história na política durante o governo de Castelo Branco. 

No governo de Emílio Médici, tornou-se presidente da Petrobras. Nesse período, Ernesto indiciou seu irmão, Orlando Geisel para o Ministério do Exército. Orlando se mostrou bem articulado e foi decisivo para Médici indicasse Ernesto para ser presidente. Em 15 de março de 1974, assumiu o cargo.

Histórico de Ernesto Geisel

Geisel participou de ações militares durante a Revolução de 1930. Também foi combatente na Revolução Constitucionalista de 1932. Durante a ditadura de 30 foi Secretário da Fazenda da Paraíba. Casou-se com uma prima de primeiro grau e o casal teve dois filhos. 

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