Saiba mais da história de João Figueiredo, o último presidente do Brasil durante o período da ditadura militar
O general João Figueiredo (1918-1999) foi o último presidente do período da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Seu governo se estendeu de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985. Durante sua gestão a abertura política se consolidou através da Lei da Anistia e da realização de eleições diretas para o Congresso e governos estaduais.
Biografia de João Figueiredo
João Baptista Figueiredo nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 15 de janeiro de 1918. Era filho de militar e sua formação escolar se deu em instituições militares como a Escola Militar de Porto Alegre. Entre os anos de 1935 e 1937, frequentou a Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro.
Destacou-se como o primeiro aluno da classe e como reconhecimento por seu bom desempenho recebeu o espadim das mãos de Getúlio Vargas. Em 1942, João Figueiredo se casou com Dulce Figueiredo. O casal teve dois filhos.
Em sua passagem pelo Exército, João Figueiredo:
- Foi instrutor de cavalaria;
- Cursou a EsAO (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais);
- Foi instrutor da precursora da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras);
- Trabalhou no Comando e Estado-Maior do Exército;
- Cursou a ESG (Escola Superior de Guerra).
Atividades que ajudaram João Figueiredo a chegar à presidência
Ao longo de sua carreira no exército, João Figueiredo realizou atividades que o ajudaram a ascender ao poder. Entre os anos de 1955 e 1958, ele fez parte da missão militar do Brasil responsável pela instrução do Exército do Paraguai.
Após três anos, trabalhou no Conselho de Segurança Nacional. No período de 1961 a 1964, atuou no Estado-Maior do Exército. Fez parte da Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional do Governo de Jânio Quadros (1917-1992). Ajudou o movimento militar que derrubou o presidente João Goulart e iniciou a ditadura.
A atuação de João Figueiredo durante a ditadura militar
João Figueiredo ocupou alguns cargos durante a ditadura militar, antes de se tornar presidente. Entre os anos de 1964 e 1966, foi o comandante do SNI (Serviço Nacional de Informações). Entre 1967 e 1969, foi o comandante da Força Pública de São Paulo, este é o 1° Regimento da Cavalaria de Guardas, os Dragões da Independência.
No ano de 1969, tornou-se o chefe do Estado-Maior. Ocupou o cargo de chefe do gabinete militar do presidente Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) nos anos seguintes. No governo de Ernesto Geisel (1907-1996) tomou posse como ministro-chefe do SNI.
Presidência
Em 1979, através de eleição indireta, em que recebeu 355 votos, tornou-se presidente do Brasil. Como demonstração de que o governo militar estava chegando ao fim, Figueiredo promulgou diversas leis em favor do retorno de governos civis. Abandonou a política ao deixar o cargo presidencial. Faleceu em 24 de dezembro de 1999.
A abertura política
Um dos principais compromissos assumidos por João Figueiredo ao assumir a presidência foi conduzir o processo de abertura política no Brasil. Na sua gestão, em agosto de 1979, foi aprovada a Lei da Anistia. Exilados em decorrência de perseguição política puderam retornar ao país retomando as suas vidas.
O projeto que assegurava o voto direto para deputados, prefeitos, governadores e senadores foi aprovado durante o governo de Figueiredo. Contudo, o voto direto para presidente ainda não havia sido aprovado.
O surgimento de novos partidos
Esse processo de democratização também se apoiou na garantia de pluralidade partidária. O Brasil, durante a ditadura militar, adotou o bipartidarismo em que existiam apenas dois partidos:
- Arena (Aliança Renovadora Nacional);
- MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Novos partidos surgiram nesse processo de abertura política:
- PDS (Partido Democrático Social) – partido formado por ex-integrantes da Arena;
- PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) – formado por integrantes do MDB sob a liderança do deputado Ulysses Guimarães;
- PP (Partido Popular) – partido fundado pelo deputado Tancredo Neves;
- PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – esse partido havia sido fundado por Getúlio Vargas;
- PDT (Partido Democrático Trabalhista) – partido liderado por Leonel Brizola e orientado à esquerda;
- PT (Partido dos Trabalhadores) – partido fundado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Atentados durante o governo de João Figueiredo
Os grupos de extrema-direita não receberam bem a abertura política que estava sendo promovida durante o governo de João Figueiredo. Atentados a bomba foram realizados em bancas que vendiam jornais de orientação de esquerda.
Em agosto de 1980, cartas-bomba foram enviadas à Câmara Municipal do Rio de Janeiro e para a sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O resultado foi um óbito e uma pessoa mutilada.
Em 1981, dois militares levaram uma bomba ao Riocentro, local em que estava sendo comemorado o Dia do Trabalho. Porém, a bomba explodiu no estacionamento, um dos militares faleceu e outro ficou gravemente ferido.
Crise econômica
João Figueiredo precisou administrar a crise econômica resultante de anos de um modelo econômico falho, adotado pelos militares. Um dos grandes desafios foi a crise do petróleo.
O governo deu início à segunda fase do Proálcool, uma tentativa de reduzir a dependência externa do petróleo. O Brasil passou a ser o único país em que carros rodavam movidos a álcool.
A construção de usinas nucleares em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, teve sequência. No entanto, as obras acabaram sendo deixadas por falta de recursos. Foi criado o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com a função de ser um banco que concederia crédito às empresas brasileiras.
No entanto, o governo não conseguiu parar a alta de preços, o que prejudicou a população carente. Em 1981, a inflação chegou a US$ 61 bilhões de dólares. O PIB ficou estagnado.
Fim da ditadura militar
Em 1985, a ditadura militar chegou ao fim no Brasil com a eleição indireta de Tancredo Neves, que faleceu antes de assumir. José Sarney, o vice, assumiu o governo, primeiramente de forma provisória e depois definitivamente.
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