A tensão entre tutsis e hutus, duas etnias que habitavam o atual território de Ruanda, levou ao triste episódio da Guerra Civil, ocorrida naquele país entre 1990 e 1994. No artigo a seguir você poderá entender mais sobre os dois grupos e conhecer as razões históricas do conflito. 

Descubra quem foram tutsis e hutus

Ruanda é um pequeno país situado na porção centro-oriental do continente africano. No decorrer de sua história, o país foi habitado por diferentes etnias. Tutsis e hutus representavam a maioria da população. A etnia twa representa a minoria étnica.

É importante pontuar que nem sempre existiu rivalidade entre tutsis e hutus. Do ponto de vista cultural, inclusive, as duas etnias têm diversos pontos em comum como:

• Falar o mesmo idioma (kinyaruanda);
• Ter as mesmas tradições;
• Compor as etnias majoritárias de Ruanda. 

Essa relação hostil começou a ser construída a partir do século XVIII com a formação do Reino de Ruanda. Os tutsis passaram a ocupar cargos relevantes no governo nesse período. Então, boa parte da elite econômica do país passou a ser composta basicamente pelos tutsis. 

Como o neocolonialismo acentuou a rivalidade entre tutsis e hutus?

Durante o período neocolonialista, enquanto Ruanda esteve sob o domínio da Alemanha e da Bélgica, a hostilidade entre tutsis e hutus aumentou. Partindo das decisões sobre divisão territorial ocorridas na Conferência de Berlim, os alemães foram os primeiros colonizadores europeus a se estabelecerem no país. 

A etnia dos tutsis atuou em parceria com os colonizadores e dessa forma receberam uma série de benefícios na administração colonial. O controle belga teve início após o fim da Primeira Guerra Mundial. A rixa entre as duas etnias foi acirrada nesse período. 

O aumento da divisão étnica

Os principais do chamado darwinismo social foram bastante utilizados no período colonial para justificar os privilégios oferecidos aos tutsis. De acordo com essa premissa, os tutsis seriam “naturalmente superiores”. 

Os belgas aumentaram essa divisão étnica a partir da década de 1930. A informação étnica de cada indivíduo passou a constar nos documentos de identificação. Os hutus aderiram em massa ao movimento independentista no processo de descolonização. Eles desejavam um governo liderado pelos hutus. 

O que foi a Revolução Ruandesa?

Em 1959, nesse cenário, teve início a Revolução Ruandesa que levou à transição do país para o condição de nação republicana independente. O governo passou para as mãos da etnia hutu. Foi um período em que ataques contra os tutsis foram registrados. 

Milhares de indivíduos dessa etnia se viram obrigados a se refugiar em países vizinhos, como Uganda. Em 1973, através de um golpe de estado, Juvénal Habyarimana se tornou presidente de Ruanda. A discriminação contra os tutsis foi intensificada e o governo se mostrou bastante corrupto e ditatorial.

O fortalecimento do discurso dos hutus

O governo de Habyarimana foi perdendo a força e o discurso de poder dos hutus foi sendo intensificado pelo Akazu. Esse grupo usava o discurso de ódio contra os tutsis para exaltar os hutus. 

O Akazu se tornou o “Poder Hutu” depois de algum tempo e passou a ser liderado por Agathe Habyarimana, esposa do presidente. Foram os integrantes desse grupo os principais responsáveis pelo genocídio em Ruanda. 

Frente Patriótica de Ruanda (FPR)

Observando a perda de força do governo de Habyarimana, grupos de refugiados tutsis se organizaram para tentar tomar o poder em Ruanda. Assim surgiu um grupo guerrilheiro denominado Frente Patriótica de Ruanda. O principal objetivo era que os refugiados tutsis, instalados em Uganda, pudessem voltar ao seu país. 

Guerra Civil em Ruanda

A Guerra Civil em Ruanda ocorreu entre os anos de 1990 e 1994. Esse conflito começou com os ataques realizados pelas tropas de oposição ao governo de Habyarimana. 

Essas ações começaram a partir de campos de refugiados em Uganda. As tropas eram formadas por tutsis e hutus moderados. Esses conflitos resultaram no genocídio de 800 mil tutsis em menos de 100 dias. 

Principais acontecimentos da Guerra Civil em Ruanda

• Em 1990, a FPR realizou um ataque contra as tropas do governo. 

• Em 1993, a primeira fase do conflito teve fim com a assinatura de um cessar-fogo por ambas as partes. 
• Nesse acordo estava previsto o retorno dos tutsis a Ruanda, a criação de um exército composto pelas duas etnias além de eleições presidenciais.
• Para os grupos extremistas hutus, o presidente Habyarimana os traiu ao assinar esse documento.
• Teve início um período de fortes críticas ao governo por parte do Poder Hutu. 
• Surgiram milícias populares que se armaram com o que tinham a mão, especialmente facões.
• A ONU recebeu relatórios humanitários que apontavam o risco de conflitos em Ruanda, mas não tomou nenhuma medida.  
• O avião do presidente Habyarimana sofreu um ataque na capital de Ruanda, Kigali, em 6 de abril de 1994 e ele faleceu. A autoria não foi esclarecida. 
• O Poder Hutu usou esse acontecimento como pretexto para dar início aos ataques contra tutsis e hutus moderados. 

Os 100 dias do genocídio em Ruanda

Durante 100 dias, Ruanda esteve mergulhada em profundo horror, ocorreu um genocídio de grandes partes da população tutsi. Houve em torno de 800 mil tutsis mortos nos conflitos, principalmente pelo uso de facões. 

As tropas da ONU foram retiradas de Ruanda e não houve nenhum tipo de mobilização para tentar conter o massacre. O genocídio foi interrompido quando a FPR conquistou cidades importantes de Ruanda como Kigali, a capital. O antigo governo foi então destituído.

Depois que a FPR declarou vitória foram registrados pequenos ataques contra comunidades hutus como represália. Acredita-se que foram 60 mil óbitos. Um momento de profundo pesar para Ruanda.

Os tutsis e hutus são etnias de grande importância na história de Ruanda. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!