Explorando a obra e poesia de Alberto Caeiro: um estudo de seus traços e criações - Hexag Medicina
15/02/2024 Literatura

Explorando a obra e poesia de Alberto Caeiro: um estudo de seus traços e criações

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Explorando a obra e poesia de Alberto Caeiro: um estudo de seus traços e criações

Alberto Caeiro é um dos heterônimos do escritor Fernando Pessoa. O português afirmava que Caeiro nasceu em Lisboa, em 1889 e faleceu em 1915, na mesma cidade. A poesia atribuída a esse heterônimo é bucólica e valoriza a simplicidade. Continue lendo para saber mais. 

Biografia de Alberto Caeiro

De acordo com Fernando Pessoa (1888-1935), Alberto Caeiro da Silva nasceu em Lisboa, Portugal, em 1889. Boa parte de sua vida foi vivida no campo, local em que ele produziu boa parte dos seus poemas. Caeiro é o autor do livro “O guardador de rebanhos” assim como de “O pastor amoroso” (obra inacabada). 

O poeta recebeu apenas instrução primária tendo pouco acesso à educação. Não tinha uma profissão. Por ter ficado órfão muito jovem, foi viver com uma tia-avó idosa. Vivia de alguns rendimentos. Pessoa ressaltava que a obra de Caeiro refletia o que houve na vida do poeta. 

No aspecto físico, Caeiro era descrito como tendo estatura mediana, cabelos loiros, olhos azuis e raspava a barba. Fernando Pessoa costumava dizer que Caeiro não parecia tão frágil como era na realidade. O heterônimo faleceu em Lisboa, em 1915, vitimado pela tuberculose

Características da poesia de Alberto Caeiro

A obra de Alberto Caeiro se destaca pelas seguintes características: 

  • Sensacionismo (valorização das sensações); 
  • Versos livres (sem rima e sem métrica); 
  • Bucolismo (idealização da vida no campo); 
  • Locus amoenus (lugar ameno); 
  • Linguagem simples (não há dificuldade para compreender); 
  • Paganismo (caráter politeísta).

Obra e poesia de Alberto Caeiro

A seguir iremos analisar dois poemas de Alberto Caeiro para ser mais fácil compreender como ele se expressava através da sua poesia. 

Sou um guardador de rebanhos

Um dos poemas mais conhecidos de Alberto Caeiro é aquele em que ele se diz um “guardador de rebanhos”. O eu lírico diz que o “rebanho” são os seus pensamentos. Na sequência, os pensamentos são apresentados como sendo “todos sensações” (sensacionismo). 

Dessa forma o escritor demonstra a relevância dos sentidos para entender a realidade. De acordo com o poema de Caeiro, para ele cheirar uma flor é o mesmo que pensar essa flor. Confira abaixo esse poema. 

Sou um guardador de rebanhos

 

Sou um guardador de rebanhos.

O rebanho é os meus pensamentos

E os meus pensamentos são todos sensações.

Penso com os olhos e com os ouvidos

E com as mãos e os pés

E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la

E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

 

Por isso quando num dia de calor

Me sinto triste de gozá-lo tanto,

E me deito ao comprido na erva,

E fecho os olhos quentes,

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,

Sei a verdade e sou feliz.

 

O que nós vemos das cousas são as cousas

Nesse poema, o eu lírico fala mais uma vez sobre a supremacia dos sentidos ou das sensações. Assim, ele nos diz que aquilo que vemos e ouvimos é exatamente o que vemos e ouvimos. 

Porém, precisamos “saber ver”, ou seja, isso significa não pensar ou racionalizar a respeito daquilo que vemos. Caeiro defende que haja simplicidade e objetividade, contrariando assim os poetas, que não entendem as estrelas e flores como apenas estrelas e flores. 

O que nós vemos das cousas são as cousas

 

O que nós vemos das cousas são as cousas.

Por que veríamos nós uma coisa se houvesse outra?

Por que é que ver e ouvir seria iludirmo-nos

Se ver e ouvir são ver e ouvir?

 

O essencial é saber ver,

Saber ver sem estar a pensar,

Saber ver quando se vê,

E nem pensar quando se vê,

Nem ver quando se pensa.

 

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),

Isso exige um estudo profundo,

Uma aprendizagem de desaprender

E uma sequestração na liberdade daquele convento

De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas

E as flores as penitentes convictas de um só dia,

Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas

Nem as flores senão flores,

Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores.

Quem foi Fernando Pessoa?

O escritor Fernando Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888, no Largo de São Carlos, em Lisboa, Portugal. Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa e Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa. Seu pai faleceu quando ele tinha somente cinco anos de idade. 

Passou a sua infância em Durban, colônia britânica na África do Sul. O seu padrasto era cônsul de Portugal lá. Na adolescência era considerado um rapaz tímido, mas muito inteligente. Era excelente aluno e dotado de uma grande imaginação. 

A escrita na vida de Fernando Pessoa 

A escrita passou a fazer parte da vida de Pessoa ainda na infância, escreveu seu primeiro texto em 1895, aos sete anos de idade. Iniciou o curso de graduação em Letras, em Lisboa, mas abandonou dois anos depois. Tinha preferência por estudar por conta própria. 

Além de escritor, foi também tradutor, crítico literário e redator em revistas. Pessoa foi o tradutor da obra “O corvo” de Edgar Allan Poe. Mudou-se para Rua Coelho da Rocha, nº 16, em Lisboa, em 1920. Atualmente, esse é o endereço da Casa Fernando Pessoa. Faleceu em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos, de cirrose hepática. 

Heterônimos de Fernando Pessoa

Confira abaixo outros heterônimos de Fernando Pessoa: 

  • Alberto Caeiro; 
  • Álvaro de Campos;
  • Barão de Teiv; 
  • Alexander Search; 
  • Bernardo Soares; 
  • Charles Robert Anon; 
  • António Seabra; 
  • Carlos Otto; 
  • Faustino Antunes; 
  • António Mora; 
  • Frederico Reis; 
  • Charles James Search; 
  • Henry More; 
  • Coelho Pacheco; 
  • Joaquim Moura Costa; 
  • Frederick Wyatt; 
  • Jean Seul; 
  • Maria José; 
  • I. I. Crosse; 
  • Raphael Baldaya; 
  • Pantaleão; 
  • Ricardo Reis; 
  • Thomas Crosse; 
  • Pêro Botelho; 
  • Vicente Guedes. 

Gostou de saber mais sobre Alberto Caeiro? Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!

Retornar ao Blog