Conheça a biografia de Graça Aranha, autor de Canaã
O escritor e diplomata Graça Aranha é um dos principais nomes do movimento pré-modernista brasileiro. Em 1897, ele foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). Foi o titular da cadeira de número 38 que tinha como patrono Tobias Barreto. Teve importante papel na Semana de Arte Moderna (1922).
Conheça a biografia de Graça Aranha
O escritor José Pereira da Graça Aranha nasceu em 21 de junho de 1868, em São Luís, Maranhão. Seus pais eram Temístocles da Silva Maciel Aranha e Maria da Glória da Graça. Como sua família tinha recursos financeiros, Graça Aranha recebeu boa educação desde a infância.
Formou-se em Direito, na Faculdade do Recife, em 1886. Em seguida se mudou para o Rio de Janeiro para exercer o cargo de juiz. Foi também juiz no estado do Espírito Santo. Inclusive foi nesse período que o autor escreveu “Canaã”, sua obra mais importante. O romance explorava temas como o preconceito, o racismo e a imigração.
Diplomata
Graça Aranha atuou como diplomata e devido a esse cargo viajou para vários países como:
- Itália;
- Inglaterra;
- Noruega;
- Suíça;
- França;
- Dinamarca;
- Holanda.
As viagens de Graça Aranha foram essenciais para que ele se inserisse no movimento modernista que começava a ser construído no Brasil. Na Europa, ele teve contato com as vanguardas artísticas que tiveram grande influência para o surgimento do modernismo em nosso país.
Academia Brasileira de Letras
Em 1897, antes da publicação do seu primeiro livro, Graça Aranha ajudou na fundação da Academia Brasileira de Letras. Tomou posse da cadeira de número 38 cujo patrono era Tobias Barreto (1839-1889).
Após duas décadas atuando como diplomata, Graça Aranha voltou ao Brasil e iniciou diálogo com os modernistas, jovens que desejavam outra forma de se expressar artisticamente.
Modernismo
Graça Aranha foi um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922. O autor foi o responsável pelo discurso inicial cujo título era “A emoção estética na arte moderna”.
Apesar de ter sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), Graça Aranha rompeu com a instituição em 1924. Na Conferência “O Espírito Moderno”, o escritor disse: “A fundação da Academia foi um equívoco e foi um erro”.
Rompimento com a Academia Brasileira de Letras
Esse rompimento se deu porque as ideias vanguardistas de Graça Aranha e o próprio modernismo não eram condizentes com o academicismo pregado pela Academia. Sobre essa situação, o autor de Canaã declarou: “Se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!”.
O escritor também falou que a ABL tinha morrido para ele da mesma forma que não existia para o pensamento do país naquele momento. Graça Aranha acreditava que estava numa situação de incoerência ao ter entrado e permanecido na Academia. Pela coerência ele decidiu se separar da instituição.
Prisão
Em 1922, Graça Aranha ficou preso durante um mês pela suspeita de estar envolvido em uma conspiração contra o então presidente Arthur Bernardes (1875-1955).
Curiosidade
Algo curioso é que Graça Aranha foi o único fundador e escritor a ter estabelecido uma ligação com a ABL sem ter tido uma única obra publicada. Em 26 de janeiro de 1931, aos 62 anos de idade, ele faleceu, no Rio de Janeiro.
Obras de Graça Aranha
Confira abaixo as principais obras de Graça Aranha:
- Canaã (1902);
- Malazarte (1914);
- A Estética da Vida (1921);
- Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco (1923);
- Espírito Moderno (1925);
- A Viagem Maravilhosa (1929);
- O Meu Próprio Romance (1931);
- O Manifesto dos Mundos Sociais (1935).
Características literárias de Graça Aranha
O escritor Graça Aranha foi um dos mais importantes nomes do pré-modernismo brasileiro, confira algumas das principais características de suas obras:
- Regionalismo;
- Nacionalismo;
- Crítica sociopolítica;
- Monólogo interior;
- Ausência de idealizações;
- Reflexão filosófica.
Canaã
A obra mais importante de Graça Aranha é o romance regionalista intitulado “Canaã”. Esse é um dos livros de maior destaque do Pré-Modernismo e tem valor documental. O tema central trabalhado na história tem relação com a questão da migração alemã no Espírito Santo.
A trama se desenrola em Porto do Cachoeiro, no Espírito Santo, e tem como protagonistas Milkau e Lentz. Embora os dois imigrantes alemães tenham pontos de vista muito distintos sobre a vida, se tornam amigos.
Milkau é favorável à mistura de raças, no entanto, tem um pensamento de base racista. Para ele, a mistura da “raça superior” com a “selvagem” levaria à renovação da civilização. O posicionamento do personagem reflete a política de branqueamento que estava em curso no Brasil, no final do século XIX e começo do século XX.
Por sua vez, Lentz acreditava na superioridade europeia e que seria um atraso essa mistura. Os personagens são usados, ao longo do livro, para provocar reflexões filosóficas em relação ao determinismo naturalista.
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