O que é naturalismo?
O movimento artístico e cultural conhecido como naturalismo se manifestou na literatura, artes plásticas e teatro. As produções naturalistas têm como principais características a impessoalidade, objetividade e retrato fiel da realidade. Continue lendo para saber mais.
Entenda o que é naturalismo
O naturalismo teve sua origem na França, em meados do século XIX. Em pouco tempo se espalhou para outros países do velho continente e pelo mundo. Esse movimento artístico e cultural se caracterizou por buscar retratar a realidade de forma fiel. As obras naturalistas também apresentavam impessoalidade e objetividade.
É interessante observar que o naturalismo era oposto ao Romantismo. O último tinha como principais características: face sonhadora, fuga da realidade, subjetividade e idealização.
Os artistas do naturalismo acreditavam que tudo estava determinado e tinha uma explicação lógica baseada na ciência. Esse posicionamento é um reflexo da influência das correntes científicas e filosóficas que nasceram na Europa como:
- Determinismo;
- Darwinismo;
- Cientificismo.
Influência do meio social
Um dos tópicos mais relevantes de citar sobre o naturalismo é a visão de que o ser humano era como uma máquina influenciada pelo meio social e físico. O homem não teria livre arbítrio, tudo já estava determinado pelo contexto em que ele estava inserido. A arte naturalista promove profunda denúncia social com foco em temas como:
- Pobreza;
- Desigualdades;
- Disputa de poder;
- Patologias sociais.
Principais características do naturalismo
- Determinismo – corrente teórica que acredita que a natureza determina o caráter e o comportamento do ser humano. Tudo já está pré-determinado, o homem é fortemente influenciado pelo meio em que vive, é um fruto desse meio.
- Positivismo – essa corrente filosófica se apoia na ciência para alcançar o conhecimento verdadeiro. O conhecimento científico seria usado para explicar teorias e leis científicas, assim como a sociedade e o próprio ser humano.
- Objetivismo científico – os naturalistas entendiam que a ciência era a chave e os fatos explicados à luz das correntes científicas em vigor em meados do século XIX. Os naturalistas não projetavam idealizações e utopias em suas obras.
- Darwinismo social – tem como base as ideias de Charles Darwin, como o evolucionismo e a seleção natural. O conceito se baseia na ideia de que os mais fortes sobrevivem às adversidades da sociedade enquanto os outros perecem.
- Oposição ao Romantismo – o naturalismo era contrário a subjetividade e fuga da realidade. Nas obras naturalistas há forte objetividade e o retrato da realidade em idealizações.
- Imparcialidade e impessoalidade – os autores naturalistas são imparciais e impessoais em suas descrições, apoiam-se em correntes científicas. As opiniões pessoais e juízos de valor que não possuem fundamentação em teorias científicas são deixados de lado.
- Descrições detalhadas – nas obras literárias naturalistas há grande preocupação com as minúcias. Os autores buscam retratar fielmente onde a trama se passa. Por isso, geralmente as narrativas naturalistas têm ritmo lento e com muitos detalhes.
- Zoomorfização – com forte influência do darwinismo social, as personagens naturalistas são apresentadas com características animalescas e instintivas, por meio de uma perspectiva biológica. O comportamento humano se assemelha ao comportamento dos animais demonstrando o impacto do condicional do meio.
- Retrato fiel da realidade – o naturalismo se preocupa em observar o mundo e as coisas que nos rodeiam com grande minúcia. Assim, o espectador recebe um retrato verossímil da realidade.
- Temas degradantes e patologia social – a arte naturalista promove intensa denúncia social, especialmente de problemas sociais e morais. Alguns dos temas mais abordados são: injustiças, pobreza extrema, violência, perversões, falta de caráter e crimes.
- Passividade do ser humano – os seres humanos são produtos do meio, na arte naturalista, e assim não têm livre arbítrio.
naturalismo na literatura
A publicação da obra “Thérèse Raquin”, de Émile Zola (1840-1902), em 1867, na França, inaugura a literatura naturalista. Esse é tido como o primeiro romance naturalista e teve grande influência em outros escritores.
A obra abordava temas relacionados a interesses, sexualidade e morte, algo bastante criticado na época. Porém, foi outra obra de Zola que se tornou reconhecida como uma das mais importantes do naturalismo francês, o livro “Germinal”, de 1881. Nesse romance, o autor descreve as condições subumanas de trabalho em uma mina de carvão.
O Realismo e o naturalismo
Os movimentos do Realismo e do naturalismo surgiram na Europa, em meados do século XIX. Embora apresentem várias semelhanças, também têm diferenças. Os escritores dos dois movimentos descrevem minuciosamente o ambiente e as personagens.
Contudo, há diferenças entre os personagens e temas trabalhados nas obras. O naturalismo segue por um viés de animalização das personagens e os temas mais recorrentes são:
- Pobreza;
- Corrupção;
- Violência;
- Desigualdades;
- Erotismo;
- Sensualidade.
O realismo, por sua vez, tem como personagens pessoas comuns que apresentam manias e defeitos, geralmente da classe média. Há maior aprofundamento psicológico das personagens e os temas mais trabalhados são:
- Cotidiano;
- Defeitos humanos;
- Poder;
- Diferenças sociais;
- Instituições.
O naturalismo pode ser considerado um desdobramento do realismo, uma versão mais radical e exagerada dele.
Principais autores naturalistas brasileiros
- Aluísio de Azevedo (1857-1913), autor de obras como “O mulato” (1881) e “O Cortiço” (1890). O primeiro é considerado o primeiro romance naturalista brasileiro, mas o segundo é o de maior relevância.
- Raul Pompeia (1863-1895), autor de “O Ateneu” (1888), livro que faz profunda crítica moral e social. Também é o autor de “Uma Tragédia no Amazonas” (1880) e “As Joias da Coroa” (1883).
- Adolfo Caminha (1867-1897), grande nome do naturalismo brasileiro é o autor de “A Normalista” (1893). Nesse livro o tema do incesto é abordado. Também tem destaque em sua obra “Bom Crioulo” (1895).
- Inglês de Souza (1853-1918), alguns críticos apontam esse autor como o introdutor do naturalismo no Brasil com a obra “O Coronel Sangrado” (1877). Esse livro não teve reconhecimento quando publicado. A sua obra mais importante é “O Missionário” (1891).
O naturalismo também teve influência nas artes plásticas e no teatro. Para conferir mais conteúdos sobre literatura e outras disciplinas, navegue pelos posts do blog Hexag Medicina!