Quem foi Lima Barreto? Conheça mais sobre sua história
O escritor pré-modernista Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881. Por ser descendente de escravos sentiu o impacto do preconceito, especialmente nos meios acadêmicos.
No decorrer da vida enfrentou diferentes problemas de saúde, além do alcoolismo. Sua obra mais conhecida é “Triste fim de Policarpo Quaresma”. Acompanhe e saiba mais!
Quem foi Lima Barreto?
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no dia 13 de maio de 1881, na cidade do Rio de Janeiro. O escritor nasceu em uma família muito humilde e tinha a pele negra. Era descendente de escravos, a sua avó materna, Geraldina Leocádia da Conceição, foi uma escrava alforriada.
A mãe de Lima Barreto foi professora primária e faleceu quando ele tinha apenas seis anos de idade, vítima de tuberculose. O seu pai trabalhava como tipógrafo e sofria de uma doença mental.
Estudos e carreira
Lima Barreto estudou no Colégio Pedro II por ter um padrinho de posses, o Visconde de Ouro Preto (1836-1912). Em seguida, ingressou na Escola Politécnica, no entanto, não terminou o curso de Engenharia por precisar trabalhar.
O escritor foi aprovado em um concurso, em 1903, para atuar junto à Diretoria do Expediente da Secretaria da Guerra. Em paralelo ao seu trabalho como funcionário público, o autor escrevia seus textos literários.
Publicações
Trabalhou também como jornalista, em 1905, no Correio da Manhã. Em 1907, lançou a revista Floreal. Dois anos depois, em 1909, seu primeiro romance foi publicado em Portugal com o título “Recordações do escrivão Isaías Caminha”.
O romance “Triste fim de Policarpo Quaresma” foi publicado primeiramente, em 1911, em forma de folhetim, no Jornal do Comércio. Lima Barreto foi internado em um hospital psiquiátrico, pela primeira vez, em 1914.
A saúde frágil de Lima Barreto
Aos 26 anos, Lima Barreto desenvolveu uma fraqueza geral que debilitou a sua saúde como um todo. Quando completou 29 anos, o escritor passou a sofrer de impaludismo e reumatismo poliarticular. Na infância ele teve maleita, doença que voltou a importuná-lo aos 30 anos.
Devido ao seu vício em álcool, o escritor desenvolveu uma hipercinese cardíaca, aos 31 anos. O álcool também desencadeou no escritor depressão e neurastenia. Com 35 anos, o autor apresentava uma anemia profunda e com 37 anos quebrou a clavícula.
Os primeiros ataques da epilepsia tóxica se manifestaram no mesmo período. Foi então considerado como “inválido” para o serviço público, sendo aposentado em dezembro de 1918.
Lima Barreto e a Academia Brasileira de Letras
Lima Barreto se candidatou três vezes à Academia Brasileira de Letras (ABL), contudo, recebeu somente uma menção honrosa em 1921. O escritor faleceu em 1° de novembro de 1922 sem ter conquistado uma cadeira na instituição.
Características das obras de Lima Barreto
Lima Barreto é um escritor inserido no contexto do Pré-modernismo (que abrange obras de escritores brasileiros publicadas entre 1902 e 1922). Essa fase marca a transição entre o Simbolismo e o Modernismo.
Nesse período, é possível identificar influências de estilos de épocas anteriores como o Parnasianismo e o Simbolismo na poesia e o Naturalismo na prosa. Também se pode identificar elementos de cunho nacionalista que já anunciam a estética modernista brasileira.
Não há mais uma idealização romântica e sim um nacionalismo crítico. Os problemas sociais do país são expostos de forma crítica. As obras são predominadas pelo realismo. As obras de Lima Barreto possuem essas características, mas também apresentam aspectos da sua vivência como:
- A exclusão devido ao preconceito devido a sua cor de pele e origem humilde;
- Problemas de saúde;
- Alcoolismo.
Visão crítica
A produção literária de Lima Barreto se caracteriza por ter uma visão bastante crítica do escritor enquanto homem e artista à margem da sociedade. A temática do preconceito racial é enfocada em romances como Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909) e Clara dos Anjos (1948).
Em ambos os romances, Barreto critica a política brasileira. Na primeira obra ele dá ênfase ao poder político que a imprensa detinha. Já no segundo, o foco está em apresentar como os poderes estatais não estão preocupados em resolver os problemas do subúrbio.
Em sua obra, Lima Barreto denuncia as desigualdades sociais que se mantêm devido aos interesses políticos individuais e que prejudicam a coletividade. O escritor aponta a hipocrisia da sociedade brasileira com ironia.
Ponto de vista
Algo bastante forte na obra de Lima Barreto é o ponto de vista afro-identificado. Assim suas obras são solidárias aos subalternos e sensíveis aos dramas dos menos favorecidos, sejam homens ou mulheres.
As mulheres presentes nas obras de Lima Barreto são bem diferentes da figura da mulher trabalhada nesse período. A mulher negra, em muitas obras do século XIX, ocupa um lugar de simples objeto de desejo e fantasias masculinas. Já nas obras de Barreto, elas têm outro apelo.
Principais obras de Lima Barreto
Romance:
- Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909);
- As aventuras do Dr. Bogoloff (1912);
- Triste fim de Policarpo Quaresma (1915);
- Numa e a ninfa (1915);
- Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919);
- Clara dos Anjos (1948).
Contos:
Histórias e sonhos (1920).
Crônicas:
- Os bruzundangas (1922);
- Bagatelas (1923);
- Feiras e mafuás (1953);
- Marginália (1953);
- Vida urbana (1956).
Sátira e folclore:
- Coisas do reino do Jambon (1956).
Novela:
- O subterrâneo do Morro do Castelo (1997).
Memórias:
- Diário íntimo (1953);
- O cemitério dos vivos (1956).
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