A literatura gótica remonta ao século XVIII, surgiu em 1765 com a obra “O Castelo de Otranto”, de Horace Walpole. Outras obras voltadas para essa vertente foram escritas nos anos seguintes. Continue lendo para conhecer mais a respeito desse estilo dotado de características tão específicas.

O que é a literatura gótica?

A literatura gótica pode ser definida como uma vertente literária do Romantismo mais voltada para o mistério e para o obscuro. De maneira geral, esse estilo trabalha com temas que se opõem aos costumes, cultura e tradições de uma determinada sociedade. 

Trata-se de um tipo de contracultura abastecida por temas, como:

• Morte;
• Insanidade;
• Sonhos;
• Personagens com sérias questões psicológicas; 
• Satanismo. 

Dentro da literatura gótica, a loucura é um tema bastante trabalhado. Normalmente, se relaciona com a fantasia e com a literatura fantástica. A narrativa tende a ser mais negativa e retrata bem mais o metafísico do que o físico. Os pensamentos dos personagens são valorizados em detrimento de suas vivências românticas. 

A história da literatura gótica

Como mencionamos acima, a literatura gótica surgiu em 1765, quando a obra “O Castelo de Otranto”, de Horace Walpole, foi escrita. Outras obras de igual relevância para o gênero surgiram em seguida como “Vathek, o califa maldito”, de William Beckford. 

As primeiras obras góticas nasceram como uma reação ao Racionalismo. Em suas páginas encontramos muita escuridão, criptas, masmorras de castelos medievais e tetos abobadados. 

Acreditar em seres extraordinários e num mundo não dominado pelo ser humano era uma forma de evitar a dor da solidão e o sofrimento. Nesse período, a Europa vivia um grande desenvolvimento científico e retornar às crenças antigas permitia se dissociar desse universo racional. 

O califa Vathek

Um exemplo que ilustra o que era a literatura gótica em seu início é o conto do califa Vathek. O personagem principal dessa história busca um poder sobre-humano e para conquistá-lo passa por muitas adversidades. No fim, ele chega a um submundo cheio de dor e sofrimento.

Frankenstein

Com certeza um dos grandes personagens da literatura gótica é o monstro Frankenstein (ou o Prometeu Moderno) de Mary Shelley. A jovem Shelley criou esse personagem em 1820, após Lord Byron propor, por brincadeira, que alguns amigos escrevessem contos de terror. 

A autora de uma das histórias mais contadas e adaptadas dos últimos séculos sempre comentava sobre a criação de Frankenstein. De acordo com Shelley, o verão de 1820 foi muito chuvoso e isso obrigou Byron e seus amigos a passar muitos dias confinados dentro de casa.

Dentre os temas discutidos nesses longos dias, esteve as experiências do filósofo natural e poeta Erasmus Darwin, do século XVIII. Ele alegava ter sido capaz de animar matéria morta, falava sobre galvanismo e a possibilidade de que um cadáver ou partes de um corpo voltassem à vida.

Podemos citar como outros escritores relevantes da novela gótica clássica:

• Ann Radcliffe, 
• Matthew Lewis,
•  William Godwin
• Charles Robert Maturin.

Duas obras, de nomes semelhantes, inauguraram uma nova “leva” da literatura gótica, estamos falando de:

• “Nightmare Abbey”, de Thomas Love Peacock; 
• “Northanger Abbey”, da inglesa Jane Austen (publicação póstuma). 

Contos vampirescos

Em 1891, foi publicada a obra “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, que potencializou uma evolução da “estética gótica”. Nesse momento surgiram os primeiros contos vampirescos.

O livro “Drácula”, de Bram Stoker, foi publicado em 1897 e se tornou a primeira e mais relevante obra do mito literário do vampiro moderno. Esse romance foi adaptado muitas vezes para o cinema e o teatro. 

A ideia do conde-vampiro foi aproveitada em várias histórias e paródias. Inclusive, até os dias atuais muitos autores utilizam essa figura para construir novas histórias para diferentes mídias. 

Entrevista com o vampiro

Anne Rice publicou na segunda metade do século passado, a obra “Entrevista com o Vampiro”, que funcionou como um impulso para o estilo gótico. O livro escrito em 1973, resultou da dor de Rice ter perdido sua filha com apenas seis anos de idade. A obra teve sua publicação recusada até 1976. 

Características da literatura gótica

A literatura gótica surgiu por volta da metade do século XVIII, nesse período apresentava muitos elementos do romance medieval como:

• Castelos;
• Batalhas;
• Templos;
• Destroços.

Também se destacava nesse período o uso de personagens melodramáticos que tinham grande apelo emocional. O objetivo era despertar no leitor sentimentos mais profundos. 

Confira abaixo alguns elementos recorrentes na literatura gótica:

• Repetição de mistérios do passado;
• Previsões em relação ao futuro;
• Ocultismo;
• Manuscritos camuflados. 

Temas

Em algumas obras góticas, podemos observar a abordagem de alguns temas próprios do terror e suspense como:

• Loucura;
• Demônios psíquicos; 
• Problemas psicológicos;
• Assombrações;
• Pavores entre outros.

Esses romances contavam com intensa carga emocional como um eu interior que se destacava em comparação a outras obras. Tais obras afrontavam os costumes da época e por isso foram bastante rejeitadas. 

Principais representantes da literatura gótica no Brasil e no mundo

A literatura gótica possui um número considerável de escritores, em prosa e poesia. Destacaram-se na Europa, nomes como Charles Baudelaire e o poeta Lord Byron. Edgar Allan Poe foi o representante da literatura gótica nos Estados Unidos com seus poemas, contos e romances. 

No Brasil, a literatura gótica foi introduzida e representada por Álvares de Azevedo com obras como “Noite na Taverna” e “Macário”. Azevedo trabalhou em sua obra com temas como o obscuro e a proximidade entre o amor e a morte. Outros nomes de destaque no Brasil são Augusto dos Anjos e Alphonsus de Guimarães. 

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