Simbolismo no Brasil – O que foi?
A publicação das obras “Missal” e “Broquéis” de Cruz e Sousa (1861-1902) dá início ao Simbolismo no Brasil. Outro autor de destaque é Alphonsus de Guimaraens (1870-1921). Continue lendo para saber mais sobre esse movimento literário.
Entenda o Simbolismo no Brasil
Os dois principais representantes do Simbolismo no Brasil são: Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens. Cruz e Sousa foi um dos únicos autores negros do século XIX. Sua obra é marcada pela profundidade filosófica, a obsessão pela cor branca e a angústia metafísica.
Por sua vez, Alphonsus de Guimaraens tem como principais temas de sua poesia o mórbido e a religiosidade. O movimento literário conhecido como Simbolismo se originou na França através da publicação da obra “As flores do mal”, em 1857, de Charles Baudelaire (1821-1867).
Simbolismo: contexto histórico
A desigualdade social entre a elite econômica e o proletariado tornou-se cada vez mais evidente, a partir da segunda metade do século XIX, com a ascensão do capitalismo. Os trabalhadores viviam na miséria enquanto os burgueses se tornavam mais e mais ricos.
O movimento operário se fortaleceu e o conflito de classes ganhou contornos mais definidos. As nações mais ricas do mundo continuavam sem projeto de expansão imperialista nos continentes asiático e africano. Desenhava-se ainda uma corrida armamentista entre essas nações com base no desenvolvimento científico.
Contexto histórico
O Simbolismo surgiu no Brasil após a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889). Esse momento histórico ficou marcado pela miséria em que os escravos libertos foram lançados. Um grande problema étnico e social que se estende por muitas décadas.
Também ocorreram nesse período diversos conflitos políticos decorrentes da ditadura implantada por Floriano Peixoto (1839-1895) que se estendeu de 1891 a 1894. No Nordeste brasileiro, os problemas sociais resultantes da seca contribuíram para a eclosão da Guerra de Canudos (1896-1897).
Num contexto histórico tão conturbado, os artistas optam por fugir da realidade. Não havia interesse na vida como ela é, nem por parte dos artistas e nem do povo. Então os mais sensíveis preferiram substituir as obras realistas pela fantasia.
Características do Simbolismo
Conheça as principais características do Simbolismo:
– Desconfiança da realidade por acreditar que ela seria ilusória;
– Oposição ao objetivismo do Realismo e do Parnasianismo;
– Valorização do mistério, do não racional;
– Valorização do não consciente, do imaterial e do espiritual;
– Crença de que existe um mundo ideal;
– Relação entre o mundo das essências (ideal) e o mundo visível;
– Sondagem do eu, misticismo e valorização da intuição;
– Busca pela musicalidade das palavras;
– Alienação social;
– Adoção do rigor formal com a adoção de rimas e metrificação;
– Oposição ao otimismo científico;
– Maior destaque para o abstrato;
– Imprecisão através do uso de reticências;
– Oposição à subjetividade através do poder de sugestão;
– Palavra escrita com inicial maiúscula, uso alegórico de letras maiúsculas;
– Sinestesia usada para estimular os sentidos humanos.
Principais autores do Simbolismo no Brasil
Conheça os principais autores do Simbolismo no Brasil (1893-1902).
Cruz e Sousa (1861-1898)
Cruz e Sousa nasceu em Florianópolis, era filho de escravos alforriados. A sua poesia possui profundidade filosófica, está em busca da essência. Os seus textos evidenciam uma angústia metafísica caracterizada pela melancolia. É possível identificar a obsessão do autor pela cor branca em suas obras, ela é associada à pureza ideal.
A poesia de Cruz e Sousa foi reconhecida apenas no século XX. As suas principais obras são:
- Broquéis (1893);
- Missal (1893);
- Evocações (1898);
- Faróis (1900);
- Últimos sonetos (1905).
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Alphonsus de Guimaraens nasceu em Ouro Preto e viveu em Mariana, local em que escreveu a sua obra. O trabalho desse poeta foi ignorado por muitos anos. A religiosidade é uma das grandes marcas da sua poesia.
A linguagem de Alphonsus é mais suave em comparação a de Cruz e Sousa. Há forte misticismo associado à ideia da morte. É recorrente em sua obra a temática da morte do ser amado. As suas principais obras são:
- Septenário das dores de Nossa Senhora (1899);
- Câmara ardente (1899);
- Dona Mística (1899);
- Kyriale (1902);
- Mendigos (1920).
A inauguração do Simbolismo no Brasil
Cruz e Sousa é considerado o principal nome da poesia simbolista brasileira. As obras de sua autoria “Missal” e “Broquéis”, publicados em 1893, inauguraram o estilo no Brasil.
Sua importância também se deve ao fato de que sua poesia apresenta profundidade filosófica em meio às imagens etéreas (em muitos casos sombria). Há forte apelo sensorial.
Simbolismo na Europa
O Simbolismo se originou na França a partir da publicação do livro “As flores do mal” de 1857 de Charles Baudelaire (1821-1867). O destaque fica para o soneto “Correspondências” em que é possível identificar a sinestesia, uma das principais características do Simbolismo.
Paul Bourget (1852-1935) redigiu um artigo a respeito da obra de Baudelaire, apontando a decadência explícita na obra por seu marcante pessimismo e morbidez. Foi daí que surgiu o nome Decadentismo, usado antes do Simbolismo. O último termo foi criado por Jean Moréas (1856-1910) no Manifesto do Simbolismo (1886).
Também são nomes importantes do Simbolismo francês: Paul Verlaine (1844-1896) e Arthur Rimbaud (1854-1891). No Simbolismo português o destaque fica para:
Já no Simbolismo português (1890-1915), os principais autores são:
- António Nobre (1867-1900): Só (1892);
- Eugénio de Castro (1869-1944): Interlúnio (1894);
- Camilo Pessanha (1867-1926): Clépsidra (1920).
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