O que é comparação na língua?
Na Língua Portuguesa, comparação é uma figura de linguagem que realiza uma analogia entre dois ou mais fatores de um enunciado. Pode ser chamada também de símile. Continue lendo para saber mais.
O que é comparação?
Comparação ou símile é uma figura de linguagem que cria uma relação de analogia entre dois ou mais elementos de um mesmo enunciado. O processo de aproximação entre os termos se dá sempre na presença de uma conjunção ou locução conjuntiva comparativa como, por exemplo: tal qual, como, semelhante a, igual a, que nem, assim como, entre outras.
A comparação é bastante utilizada em textos literários e musicais. É integrante do subgrupo conhecido como figuras de palavras ou semânticas. Esses recursos da língua permitem alterar o sentido real de uma frase ou expressão. Dessa forma, o interlocutor recebe esses enunciados com novos efeitos e interpretações.
Confira exemplos de comparação
Através da comparação é feita uma conexão entre elementos que podem ou não fazer parte de um mesmo contexto ou universo. Essa figura de linguagem pode ser usada para ampliar o sentido e a forma como as palavras são utilizadas. Confira alguns exemplos:
“Biologia é tão difícil quanto química.”
“Ir para São Paulo de avião é muito mais rápido do que ir de ônibus.”
Nos exemplos acima, os conectivos comparativos estão estruturados conforme os graus dos adjetivos:
Tão – comparativo de igualdade
Muito mais – comparativo de superioridade
Confira mais exemplos de comparação:
“Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de um caçador.” (Cecília Meireles)
“Feito mal que não tem cura/ Tão levando à loucura/ O país que a gente ama.” (“Meu país”, Roberta Miranda)
“Drão/ O amor da gente é como um grão/ Uma semente de ilusão/ Tem que morrer para germinar”. ( “Drão”, Gilberto Gil)
Para que a comparação seja feita necessita de conjunções ou locuções conjuntivas comparativas para o uso figurado de expressões ou palavras.
Comparação x metáfora: qual é a diferença?
A metáfora e a comparação são figuras semânticas que utilizam as palavras por analogia, isto é, fora do seu sentido convencional. A grande diferença entre elas está no uso dos termos comparativos.
Na metáfora, há desvios no sentido real da palavra através de comparação implícita. Em outras palavras, não são usadas conjunções ou locuções conjuntivas comparativas. Já no caso da comparação é feita a ligação entre dois ou mais elementos por meio de conectivos. A ideia é relacionar características, semelhanças ou traços comuns.
Podemos entender mais claramente essa diferença entre metáfora e comparação através da análise da letra da música “Amor e Sexo” de Rita Lee, Arnaldo Jabor e Roberto de Carvalho.
“Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão”
Nesse trecho da música, o sujeito lírico faz conexões do amor e do sexo com outros elementos sem utilizar conjunções ou locuções comparativas. Dessa forma, cada verso compõe uma metáfora.
Há uma construção no sentido figurado, contudo, o interlocutor consegue entender a mensagem apenas conhecendo os termos comparativos. É feita uma associação das características desses elementos com o amor e o sexo.
Confira abaixo o mesmo trecho dessa música se fossem utilizados os conectivos:
“Amor é [como] cristão
Sexo é [como] pagão
Amor é [como] latifúndio
Sexo é [como] invasão”
A partícula “como” deu força para a expressão figurativa, contudo, não mudou o significado de “cristão”, “pagão”, “latifúndio” e “invasão”. Então, não existe mais metáforas e sim comparações.
Importante!
Alguns estudos da língua já reconhecem um fenômeno chamado de símiles híbridas. Nesse fenômeno, acontece uma mistura entre comparação e metáfora numa mesma expressão.
Conheça outras figuras de palavras
As figuras de palavras podem ser chamadas também de tropos. Elas destacam o significado do discurso, oral ou escrito, substituindo, comparando ou associando palavras. Além da comparação existem outras figuras que fazem parte desse subgrupo, conheça mais sobre elas abaixo:
Metonímia
Consiste em substituir uma palavra por outra que possua algum sentido de proximidade. Normalmente, é usada na comunicação oral, contudo, também funciona em textos escritos como recurso estilístico. Confira exemplos:
Marca pelo produto: “Carol bebe Coca-Cola todos os dias.” (nesse caso é o refrigerante da marca Coca-Cola que é bebido).
Autor pela obra – “Hoje vou ler Machado de Assis.” (nesse caso é um livro de Machado de Assis que será lido).
Causa pelo efeito – “Consegui comprar meu carro com muito suor”. (essa pessoa conseguiu essa conquista através de muito trabalho).
Perífrase ou antonomásia
Consiste no uso de referências ou nomeações indiretas a seres, lugares ou objetos. Possibilitam a substituição de um termo por expressões que descrevem características ou atributos. No entanto, só tem essa função quando as trocas são de conhecimento dos falantes permitindo então a sua compreensão.
Confira exemplos:
“A cidade maravilhosa continua sendo linda” (Rio de Janeiro)
“O poeta dos escravos nasceu na cidade de Muritiba, na Bahia.” (Castro Alves)
Catacrese
Trata-se do uso de um termo em seu sentido figurado porque falta outro que o defina de forma mais adequada. Considera-se um tipo de metáfora uma vez que foi incorporada pelos nativos da língua e serve para a comunicação.
Confira exemplos:
O céu da boca
O braço do sofá
A boca do fogão
A coroa do abacaxi
Sinestesia
Consiste na combinação de diferentes sentidos (tato, visão, paladar, olfato e audição) para construir expressões ou frases que comuniquem simultaneidade de sensações.
Confira exemplos:
“Rosa ama o silêncio doce do entardecer.”
“Esta chuvinha de água viva esperneando luz e ainda com gosto de mato longe, meio baunilha, meio manacá, meio alfazema.” (Mário de Andrade)
Gostou de saber mais sobre comparação na língua? Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog do Hexag Medicina!