José Lins do Rego: conheça sua biografia e suas obras
Nascido em 1901, o paraibano José Lins do Rego é um escritor pertencente à Geração de 1930 do modernismo brasileiro. É o autor da obra “Menino de Engenho” que deu início ao chamado ciclo da cana-de-açúcar, livros a respeito da decadência dos engenhos do Nordeste. Continue lendo para saber mais.
Biografia de José Lins do Rego
O escritor José Lins do Rego nasceu em 3 de junho de 1901, em Pilar, na Paraíba. A mãe do escritor faleceu no mesmo ano em que deu à luz. Ela pediu que o filho fosse criado pelos avós e não pelo pai, João do Rego Cavalcanti, este morava em outra fazenda. Sua família era de donos de engenho.
Maria, a tia do escritor, era quem cuidava dele. Quando ela faleceu, o garoto foi matriculado no Instituto Nacional do Carmo, na cidade de Itabaiana. Em seguida estudou no colégio diocesano Pio X, em João Pessoa. Posteriormente, foi para o Instituto Carneiro Leão e no Ginásio Pernambucano, em Recife.
Escrita e início da carreira
Em 1916, o futuro escritor leu a obra “O Ateneu” (1888), escrita por Raul Pompeia (1863-1895). Passados dois anos, leu “Dom Casmurro” (1899), de Machado de Assis (1839-1908).
A partir da leitura dessas obras, José conheceu o realismo e o naturalismo brasileiros. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, em 1919, formou-se em 1923 e em 1925 assumiu o cargo de promotor da cidade de Manhuaçu, Minas Gerais.
Publicação de “Menino de engenho”
Mudou-se para Maceió, em 1926 e trabalhou como fiscal até 1935. Paralelamente, escreveu para o Jornal de Alagoas. Em 1932, publicou seu primeiro livro, “Menino de engenho”, com recursos próprios. Essa obra recebeu o Prêmio da Fundação Graça Aranha.
Novos caminhos profissionais
Em 1935, José Lins do Rego se mudou para o Rio de Janeiro onde trabalhou como fiscal do imposto de consumo. No entanto, ele nunca deixou de escrever. Recebeu o Prêmio Felipe d’Oliveira pela obra “Água-mãe” (1941). Atuou como secretário-geral da Confederação Brasileira de Desportos, entre 1942 e 1954.
Nessa fase foi contemplado com o Prêmio Fábio Prado pela obra “Eurídice” (1947) assim como o Prêmio Carmem Dolores Barbosa pela obra “Cangaceiros” (1953). Em 1955, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 12 de setembro de 1957, no Rio de Janeiro.
Características das obras de José Lins do Rego
O escritor paraibano José Lins do Rego integra a Geração de 1930 do modernismo brasileiro. As obras dessa fase se tornaram conhecidas como romances de 1930 e têm algumas características principais, como:
- Neorrealismo;
- Enredos dinâmicos;
- Reflexão sobre o mundo contemporâneo;
- Neorregionalismo;
- Linguagem simples;
- Temática sociopolítica;
- Determinismo;
- Uso linguagem coloquial;
- Destaque do espaço narrativo;
- Engajamento político-ideológico;
- Liberdade de uso da linguagem;
- Destaque para as características culturais e geográficas;
- Olhar crítico e realista em relação a sociedade brasileira.
Temática da produção literária de José Lins do Rego
As obras de José Lins do Rego caracterizam-se pelo seu viés memorialista. Alguns dos seus romances narram a decadência do sistema de produção de cana-de-açúcar. Entre o final do século XIX e começo do século XX, esse sistema produtivo tornou-se defasado.
Em sua narrativa há a apresentação de um sistema patriarcal que se caracteriza por seu caráter autoritário e violento. A temática central das suas obras está relacionada aos engenhos de cana-de-açúcar e a cultura nordestina.
Ciclo da cana-de-açúcar
As obras do autor estão inseridas no chamado ciclo da cana-de-açúcar que evidencia:
- Relações de trabalho abusivas pós-abolição da escravatura;
- Contexto em que os trabalhadores estão sob o domínio opressor dos latifundiários;
- O engenho de cana-de-açúcar como meio determinante do caráter e destino dos personagens.
O ciclo da cana-de-açúcar tem início com o romance “Menino de engenho” (1932) e termina com a obra “Fogo morto” (1943). Essa última obra fecha a narração do ciclo de decadência do latifúndio açucareiro.
A questão social central trabalhada nos romances de 1930 é a vida precária dos trabalhadores rurais que vivem sob um regime praticamente escravista. Essas obras apresentam os perfis autoritários e de subordinação dessa estrutura de trabalho expondo injustiças e privilégios sociais.
É um retrato da vida no Nordeste, do começo do século XX. Fase em que o país passava pela transição do cenário agrário e conservador para outro mais moderno e conservador.
Obras de José Lins do Rego
Confira abaixo as obras do escritor José Lins do Rego:
- Menino de engenho (1932);
- Doidinho (1933);
- Banguê (1934);
- O moleque Ricardo (1935);
- Usina (1936);
- Histórias da velha Totônia (1936);
- Pureza (1937);
- Pedra bonita (1938);
- Riacho doce (1939);
- Água-mãe (1941);
- Gordos e magros (1942);
- Fogo morto (1943);
- Poesia e vida (1945);
- Eurídice (1947);
- Bota de sete léguas (1951);
- Homens, seres e coisas (1952);
- Cangaceiros (1953);
- A casa e o homem (1954);
- Roteiro de Israel (1955);
- Meus verdes anos (1956);
- Gregos e troianos (1957);
- Presença do Nordeste na literatura brasileira (1957);
- O vulcão e a fonte (1958).
Agora você conhece mais sobre a vida e a obra do escritor José Lins do Rego. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!