Pseudônimos, você já ouviu falar?
Você gosta de ler? Se sim, é provável que já tenha ouvido falar a respeito do uso de pseudônimos, um recurso utilizado por alguns escritores que desejam esconder que eles são os autores de determinadas obras.
O pseudônimo pode ser utilizado para evitar a notoriedade ou até para separar diferentes linhas editoriais com as quais o escritor trabalha. Continue lendo para entender melhor.
O que são pseudônimos?
De acordo com o dicionário, pseudônimo é o uso de um nome suposto para assinar determinado trabalho. O autor que utiliza esse recurso assina com um nome que não é o seu. Em linhas gerais, os escritores usam os pseudônimos para evitar que sejam reconhecidos como autores de alguma obra. Porém, a obra pseudônima é da pessoa do autor, ainda que ele assine com outro nome.
Podemos exemplificar o uso de pseudônimo citando o caso da escritora J. K. Rowling, a autora da série de livros “Harry Potter”. Tendo conquistado grande fama pelas histórias do jovem bruxo, Rowling percebeu que precisava do recurso do pseudônimo para se sentir livre para escrever outros livros. A escritora queria evitar possíveis julgamentos e comparações entre seus novos trabalhos e a saga de Potter.
Então, usando o pseudônimo de Robert Galbraith, lançou o livro “The Cuckoo’s Calling” (“O chamado do Cuco”, no Brasil). Além de evitar cobranças, Rowling também temia que esse livro, de um estilo tão diferente de Harry Potter, fosse um fracasso editorial, manchando a sua reputação junto aos fãs de longa data. Sua estratégia acabou não sendo bem-sucedida, porque uma conhecida acabou entregando que ela era Galbraith.
Conheça outros escritores que usaram pseudônimos
Não foi apenas J. K. Rowling que se valeu de um pseudônimo para enveredar por outros caminhos literários. Confira abaixo alguns exemplos de escritores que utilizaram esse recurso.
Nelson Rodrigues (Suzana Flag)
Nelson Rodrigues foi um escritor, dramaturgo e jornalista de destaque. Contudo, sua obra fez com que muitas pessoas o considerassem (e ainda considerem) como misógino e machista. Sua obra se caracteriza por um estilo ácido e focado na investigação da natureza do homem, por vezes apresentada como vil.
Para poder escrever com liberdade outro estilo de literatura, Nelson também apostou no uso de um pseudônimo. Assinando como Suzana Flag, publicou folhetins em jornais brasileiros no período entre 1944 e 1948. Os personagens criados por “Suzana” tinham características semelhantes àquelas de filmes de romance. As mocinhas eram inocentes e os vilões cruéis.
É curioso imaginar um autor tão interessado em escrever sobre a realidade – por muitas vezes feia e decadente – produzindo histórias melodramáticas. A experiência de Nelson como Suzana Flag foi muito bem-sucedida. Em 1949, ele adotou outro pseudônimo feminino, “Myrna”, que respondia perguntas feitas por leitoras a um jornal. A função da “alma irmã” de Rodrigues era dar (desa)conselhos.
Agatha Christie (Mary Westmacott)
O nome de Agatha Christie é um dos mais consagrados no romance policial, inclusive ela recebeu a alcunha de “Rainha do Crime”. No entanto, quando quis se aventurar por outros estilos literários, adotou o pseudônimo de Mary Westmacott. Com o outro nome, Agatha publicou seis romances de época.
Charlotte, Emily e Anne Brontë (Currer, Ellis e Acton Bell)
As irmãs Brontë, Charlotte, Emily e Anne, resolveram adotar pseudônimos masculinos para lançar, em 1846, o livro “Poemas”. As escritoras viveram em um período em que não era comum que mulheres fossem escritoras.
Curiosamente, elas foram mais bem-sucedidas quando lançaram obras com seus nomes verdadeiros. Charlotte se tornou conhecida pela obra “Jane Eyre”, Emily por “O Morro dos Ventos Uivantes” e Anne por “Agnes Grey”.
Stephen King (Richard Bachman)
Tendo conquistado grande sucesso com livros como “Carrie, a estranha” (1974) e “O Iluminado” (1977), Stephen King quis fazer um teste. Como o autor lançava um livro todos os anos, decidiu que outras obras que fossem produzidas em cada período seriam lançadas sob outro nome. Além de evitar saturar o seu nome, ele queria entender se os leitores gostavam mesmo das suas obras ou compravam só pelo o que ele representava.
Durante alguns anos, ele publicou livros sob o nome de Bachman, mas acabou sendo descoberto. As obras de King sob o nome de Bachman são: “Fúria” (1977), “A autoestrada” (1981), “O Concorrente” (1982) e “A Maldição do Cigano” (1984).
Qual a diferença entre pseudônimo e heterônimo?
Para finalizar, é interessante pontuarmos a diferença existente entre os recursos de pseudônimo e heterônimo. Algumas pessoas os confundem, mas eles são diferentes.
Obras pseudônimas são realizadas pela pessoa do autor, mas assinadas com outro nome. Por sua vez, as obras heterônimas são aquelas produzidas pelo autor fora da sua pessoa. O trabalho é feito a partir da construção da individualidade dessa persona que está por trás da criação.
Um dos autores mais conhecidos pelo uso da heteronímia em sua obra foi Fernando Pessoa. O autor publicou obras sob outros nomes, inventando biografias completas para esses escritores.
As personalidades dos seus heterônimos eram bem distintas entre si, ao ler essas obras é possível identificar as diferenças estilísticas. Dentre os heterônimos de Fernando Pessoa estão Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Bernardo Soares e Ricardo Reis.
Gostou de saber mais sobre pseudônimos? Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog do Hexag Medicina!