Interpretações da realidade: o uno, o múltiplo e o movimento
Os conceitos de uno e múltiplo nas interpretações da realidade são bastante debatidos na Filosofia. No decorrer das eras, diferentes filósofos abordaram esses conceitos tentando entender a sua relação com a realidade.
Continue lendo para entender melhor sobre esse tema que é abordado nas provas do Enem e de vestibulares.
Interpretações da realidade
Enquanto lê esse conteúdo, você provavelmente está cercado de diversas coisas como outras pessoas, eletrônicos, animais, entre outros. As coisas a nossa volta têm formatos diferentes e são feitas de matérias distintas. Há objetos de cores variadas e arquétipos diversos de coisas reais ou que aparentam ser reais.
Se a realidade transcender essas singularidades, ou seja, ir além do que nos cerca, podemos interpretá-la como uma. Então, todo elemento no cosmos faz parte de algo maior. Porém, podemos pensar a realidade dos elementos do cosmos está em cada elemento.
Dessa forma, não existe algo que seja o todo maior formado por tais elementos. Caso seja essa a interpretação então a realidade passa a ser chamada de múltipla. Os filósofos então se questionam se a realidade está reduzida a cada um desses objetos ou se eles estão contidos em uma realidade mais ampla.
A nossa realidade é totalmente perceptível para nós ou existem coisas à nossa volta que não podemos ver? Essa é uma pergunta muito importante e que pode levar todos, não só os filósofos, a se questionar. A forma como entendemos a realidade é primordial para definir como nos relacionamos com o mundo.
Movimento e imobilismo
A questão que levantamos acima suscita ainda outro tópico de debate, aquele entre o movimento e o imobilismo (ausência de movimento). Esses conceitos, na Antiguidade, são representados principalmente pelos pensamentos de Heráclito e Parmênides.
O filósofo Zenão e seu mestre Parmênides desenvolveram argumentos contrários aos dos defensores da existência do movimento como Heráclito. Além disso, que existia mais de um elemento primordial. Ou seja, o cosmos seria formado de um número múltiplo de elementos e não apenas de um elemento.
Paradoxos de Zenão
Zenão criou cerca de 40 paradoxos para refutar os argumentos dos seus opositores, confira abaixo os principais.
Paradoxo de Aquiles
Vamos imaginar um cenário de uma corrida entre Aquiles (um atleta velocista) e uma tartaruga. Inicialmente, a tartaruga recebe uma vantagem em distância. Nesse caso, Aquiles nunca alcançará a tartaruga.
Quando o velocista alcançar o ponto de partida da tartaruga, ela já estará em outro ponto, uma vez que terá percorrido nova distância. Ao atingir essa nova distância, Aquiles ainda não alcançará a tartaruga, novamente ela terá percorrido uma nova distância. Isso poderá acontecer infinitamente.
Paradoxo da flecha imóvel
Uma flecha que se encontra em voo está a todo instante em repouso. Isso porque um objeto que ocupa espaço igual às suas próprias dimensões está em repouso. Logo, se a flecha em voo sempre ocupa espaço igual às suas dimensões estará sempre em repouso.
Movimento
Zenão, Parmênides e outros filósofos defensores do imobilismo encontraram um impasse para explicar as mudanças que ocorriam no mundo. De acordo com eles, o movimento era uma ilusão dos sentidos.
Essa conclusão era considerada insatisfatória e dessa forma teve início um movimento contrário que acreditava que existiam diversos princípios formadores do universo. A oposição era feita por:
- Demócrito – filósofo e historiador que descreveu a teoria atômica;
- Anaxágoras – filósofo que descrevia a realidade como sendo composta por partículas minúsculas;
- Empédocles – filósofo que descrevia a realidade como sendo composta por terra, fogo, ar e água.
Essas visões de mundo eram unidas pela ideia de que o cosmos não era constituído por um elemento único como Zenão e Parmênides afirmavam. Acreditavam que o cosmos era formado por vários elementos e que o movimento deles dava origem a uma pluralidade de coisas. Por isso o nome múltiplo.
Monismo
Os primeiros a desenvolver argumentos sobre o uno foram os filósofos pré-socráticos. Esses filósofos buscavam uma explicação de mundo que atendesse às suas expectativas. Para isso, eles afirmaram existir uma substância fundamental na criação do cosmos que chamaram de arché.
Grande parte dos filósofos pré-socráticos compunha a turma dos chamados Monistas. Heráclito e Parmênides, Tales de Mileto e Zenão de Eleia foram os filósofos mais conhecidos que falaram a respeito.
Monismo ao longo da história
O Monismo não se restringiu somente à Antiguidade, pode ser observado em outras épocas da história. Um exemplo é Baruch Spinoza que defendia que devíamos considerar a existência de uma única coisa, a substância.
A busca pela realidade das coisas está no centro da filosofia. Nietzsche afirmava que quando Tales propôs a ideia tudo tornou-se o primeiro filósofo. Dessa forma, a discussão entre tudo ser uno ou múltiplo é parte fundamental da Filosofia. Uma das bases de estudo dessa área.
Gostou de saber mais sobre as interpretações da realidade? Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!