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29/05/2024 Filosofia

Teorias políticas modernas: quem foi Rousseau?

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Teorias políticas modernas: quem foi Rousseau?

Jean-Jacques Rousseau entrou para a história como um dos principais pensadores da Modernidade. Embora, ele filosoficamente inserido no Iluminismo, foi um grande crítico da filosofia iluminista. Continue lendo para saber mais sobre suas contribuições para a construção de uma estrutura civil. 

Quem foi Jean-Jacques Rousseau?

Jean-Jacques Rousseau nasceu em 28 de junho de 1712, em Genebra, na Suíça. Suzanne Bernard, mãe do filósofo, faleceu quando ele ainda era pequeno e lhe deixou uma vasta biblioteca. Seu pai, Isaac, usou esses livros para oferecer ao filho a primeira educação, o que se estendeu até os sete anos de Rousseau.

Após se envolver em uma briga com um oficial da lei, o pai de Rousseau teve um sério problema. Sem conseguir provar sua inocência precisou se exilar de Genebra. Rousseau não voltou a ver seu pai e passou a ser cuidado por Bernard, tio materno. Esse tio enviou o garoto para estudar na França com o pastor Lambercier. 

Retorno a Genebra

Em 1724, Rousseau voltou para Genebra e seu tio o colocou para trabalhar como aprendiz de diferentes ofícios como mensageiro e gravador de metais. O futuro filósofo não levava esses ofícios a sério, preferia passear contemplando a natureza. 

Como se atrasava constantemente para seu ofício de gravador, era punido severamente, inclusive fisicamente. Após uma punição por um atraso, Rousseau decidiu ir embora de Genebra para viver sozinho. Ele tinha apenas 16 anos de idade. 

Catolicismo

Rousseau tinha pais e avós protestantes, contudo, como estava com fome e sem perspectivas decidiu procurar o padre Confignon. Esse clérigo era conhecido por abrigar protestantes carentes para convertê-los ao catolicismo. 

O religioso encaminhou Rousseau à senhora de Warens que, por sua vez, enviou o garoto para Turim para viver em um abrigo de aprendizes católicos. No abrigo, Rousseau estudou latim, música e se tornou professor de crianças burguesas. 

Algo interessante é que Rousseau usou a experiência como professor de crianças para escrever uma de suas principais obras: o livro Emílio ou Da educação. Apesar de ter buscado pelo auxílio da igreja católica, Rousseau não seguiu os padrões morais dessa época.

Filhos

O filósofo não se casou na igreja, ele se relacionou durante algum tempo com Thérèse Levasseur. Os dois tiveram cinco filhos, todos foram entregues para adoção, pois o casal não tinha como sustentar as crianças. 

Reconhecimento

Jean-Jacques Rousseau reconhecia a própria inteligência e aspirava pelo sucesso, no entanto, por muito tempo foi um desconhecido. Esse paradigma começou a mudar, em 1749, quando ele viu o anúncio de um concurso literário da Academia de Dijon. 

Era um tipo de concurso comum nessa época que tinha como finalidade a promoção do debate científico, político, artístico e cultural. O tema era “O progresso das artes e das ciências contribui para a corrupção ou a apuração dos costumes?”. Rousseau venceu o concurso e como prêmio seu texto foi publicado, ele alcançou alguma fama. 

Retorno à escrita

Após vencer o concurso, Rousseau voltou a se dedicar intensamente à escrita. Retornou então a Genebra e voltou a praticar o protestantismo. Foi um período em que ele se conectou à elite intelectual.

Rousseau conheceu Denis Diderot, um dos desenvolvedores da Enciclopédia e contribuiu para o projeto escrevendo sobre música e filosofia. Em paralelo a essa fase intelectualmente estimulante de Rousseau, desenvolvia-se o iluminismo.

O Iluminismo e Rousseau

Os iluministas dirigiam fortes críticas ao antigo regime (monarquia absolutista). Esse posicionamento gerou intensa perseguição da Coroa francesa e da Igreja a pensadores como Rousseau, Diderot e Voltaire. Em 1762, Rousseau refugiou-se na Córsega.

Quando retornou ao território francês, em 1767, casou-se com Thérèse. Nessa fase produziu seus últimos escritos. Em 2 de julho de 1778, Thérèse faleceu após ter enfrentado um longo processo de adoecimento neurológico. 

As principais ideias de Jean-Jacques Rousseau

A filosofia desenvolvida por Rousseau pode ser considerada heterodoxa em comparação com as teorias comuns do período. Seu trabalho tem um viés muito mais crítico do ponto de vista político, moral e educativo. Esse fato não reduz a importância da obra de Rousseau, ele se destacou como pensador ensaístico.

Algo recorrente na obra de Rousseau é a ideia de que o homem é melhor quando está mais perto da natureza. Desde jovem, ele tinha apreço por estar perto da natureza sem a presença de outras pessoas. O filósofo defendia que a distância da natureza corrompe o ser humano.

Porém, as convenções sociais e as criações humanas afastam o homem da natureza cada vez mais. Dentre essas convenções e criações estão a filosofia, as artes, as ciências, os costumes, entre outros. 

Contrato social e estado de natureza

Rousseau se enquadra na categoria de filósofo contratualista. Esses pensadores dividem a humanidade em dois estágios, sendo eles:

  • Estágio hipotético (estado de natureza);
  • Estágio de formação social (demarcado pela criação da sociedade civil com leis e códigos). 

A formação social é estabelecida por meio de um contrato ou pacto social que molda e forma os indivíduos. Thomas Hobbes, filósofo inglês, acreditava que o estado de natureza humana é marcado pelo caos, o oposto do pensamento de Rousseau.

Para Rousseau, o estado de natureza humana é o estado próximo a completa liberdade e não a corrupção do ser humano. É importante não reduzir a teoria contratualista de Rousseau a máxima de que o ser humano é “bom por natureza”. Não está incorreto, mas é reducionista. 

Não é correto afirmar que o ser humano é bom por natureza, considerando que o termo bom é algo moralmente aprovado. Para Rousseau a corrupção tem início com a criação do estado civil através do pacto social. 

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