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06/10/2022 Sem categoria

Como era a sociedade mineradora no ciclo do ouro no Brasil

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Como era a sociedade mineradora no ciclo do ouro no Brasil

A sociedade mineradora, que se desenvolveu no ciclo do ouro no Brasil, se caracterizava por ser majoritariamente urbana. Essa sociedade estava dividida em potentados, camadas médias, homens pobres livres e escravos

No final do século XVII, o território que atualmente corresponde a Minas Gerais era coberto por matas e ocupado por povos indígenas. Quase não havia europeus na região. Porém, isso mudou em 1693, com a descoberta de jazidas de ouro pelos bandeirantes. A notícia da existência de ouro na região se espalhou rapidamente e isso atraiu pessoas de toda a colônia e até mesmo de Portugal. 

Em 1729, a extração de ouro estava em seu auge e em paralelo foram descobertos diamantes na região do Arraial do Tijuco (local que atualmente pertence à cidade de Diamantina). Portugal declarou então o monopólio da extração de diamantes para a Coroa e criou a Intendência dos Diamantes. Contudo, a partir de 1739, Portugal permitiu que particulares realizassem atividades de mineração. 

Conheça a composição da sociedade mineradora no ciclo do ouro no Brasil

O desenvolvimento de atividades urbanas levou ao surgimento da camada da classe média. No entanto, a maior parte da população das minas era constituída por negros escravizados ou libertos. A população de Minas Gerais, em 1776, era de 319.769 pessoas. 

Desse número, 56% eram negros, 26% pardos e 22% brancos. Logo, 78% da população da região era formada por negros e mestiços, boa parte deles eram escravos e outra parte estava em situação de pobreza. Para facilitar a compreensão, dividiremos a sociedade mineradora nos seguintes grupos: potentados, as camadas médias, os homens livres pobres e os escravizados. Saiba mais sobre essas camadas abaixo. 

Potentados

Poucos realizaram o sonho de enriquecer com a mineração no período do ciclo do ouro. Aqueles que tinham o direito de exploração das lavras (áreas delimitadas de mineração) possuíam fortuna menos significativa do que desejavam. 

O motivo para esse descompasso entre o auge da mineração e o pouco acúmulo de riqueza era o pagamento de impostos para a Coroa como a captação e o quinto. Outros fatores que contribuíam para a pouca riqueza era a compra de mão de obra e itens de luxo, como doces, vinhos, tecidos e queijos. 

A atividade que realmente gerava bastante dinheiro nas minas era o comércio. Os comerciantes eram os homens mais ricos na região das minas. O custo de vida na sociedade mineradora era elevado, a negociação de produtos era feita em ouro em pó. 

Um exemplo de comerciante rico no período foi Manuel Nunes Viana, o líder dos emboabas contra os bandeirantes na Guerra dos Emboabas. Sua riqueza se originou do comércio de atacado, ele vendia gêneros alimentícios variados para armazéns e carne para açougues. 

Camadas médias

Algo interessante de observar é que nas minas existia a possibilidade de mobilidade social, algo que não ocorria no restante da colônia. Diversas atividades de manutenção permitiam  a obtenção de lucros elevados, como o comércio e o exercício de profissões, como as de advogado e médico. 

Na sociedade mineradora também havia roceiros e lavradores que forneciam alimentos para as vilas e cidades. Esses trabalhadores cultivavam mandioca, milho, arroz, hortaliças, feijão, entre outros. Também se destacou posteriormente a criação de vacas leiteiras, porcos e galinhas. O leite permitiu o início do desenvolvimento da produção de queijos que ganhou fama com o passar do tempo. 

Também podem ser citados nas camadas médias os carpinteiros, ourives, alfaiates e garimpeiros que tinham alguns escravos. Os artistas, como escultores, músicos e pintores constituem mais um grupo que pode ser encaixado nas camadas médias. 

Os tropeiros possuíam chances de se destacar na sociedade mineradora. Finalmente, precisamos citar os padres que tinham espaço considerável para a prática de suas atividades, uma vez que os templos estavam se multiplicando na região. 

Homens livres pobres

Nem todo mundo que imigrava para Minas Gerais realizava o sonho de construir fortuna. Nesse grupo também podem ser incluídos negros libertos que não obtiveram melhoria de vida com a liberdade pela falta de oportunidades. Esses indivíduos já eram provenientes de famílias com pouco ou nenhum recurso e foram deixados à margem da sociedade mineradora.

Muitos dos integrantes desse grupo andavam com pouca roupa, sem sapatos e sobrevivendo de esmolas. Tais pessoas eram vistas como sendo “inúteis” e “vadios”. Porém, mesmo que fossem entendidos como “delinquentes”, eram utilizados pelas autoridades quando conveniente. 

Os homens pobres e livres eram usados para a realização de serviços, como o de construção de obras públicas, segurança dos riscos e para perseguição de indígenas e destruição de quilombos. Em outras palavras, nem todas as pessoas livres aproveitavam a prosperidade da sociedade mineradora. 

Escravizados

A mão de obra de pessoas escravizadas foi amplamente utilizada na mineração. O tráfico negreiro, inclusive, ganhou novo fôlego com o aumento do trabalho nas minas. No século XVIII, Minas Gerais se tornou o destino principal dos africanos que eram trazidos para nosso país. 

Tropeiros

Os grupos acima habitavam a sociedade mineradora, contudo, também cabe o adendo de citar os tropeiros. Eles eram os homens responsáveis pelo transporte de mercadorias para as minas e também realizavam o escoamento do ouro e diamantes para o litoral. Esse transporte era realizado no lombo dos muares. Foi dessa forma que teve início o tropeirismo. 

Agora você conhece os principais grupos da sociedade mineradora. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog do Hexag Medicina!

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