Qual a fórmula química do Álcool em Gel? - Hexag Medicina
19/11/2021 Atualidades

Qual a fórmula química do Álcool em Gel?

Escrito por Hexag Educacional @hexagmedicina
Qual a fórmula química do Álcool em Gel?

A pandemia do novo coronavírus fez aumentar exponencialmente o interesse mundial em álcool em gel. No artigo a seguir iremos falar um pouco mais sobre esse produto, que agora faz parte do nosso dia a dia, com destaque para a sua fórmula química e seu processo de produção. Vamos lá?

Álcool em gel: importância da fabricação sob supervisão técnica  

Uma das principais formas de higienização, como combate a propagação do novo coronavírus, é justamente o uso de álcool em gel. Dessa forma, sua produção está em alta no mundo todo. Contudo, produzir esse importante aliado na prevenção do SARS-CoV-2 não é tão simples. Inclusive, é necessário ressaltar que não há receitas caseiras eficientes.

Esse produto químico deve ser fabricado com a supervisão de um responsável técnico, que pode ser um técnico em química, um engenheiro químico, um químico ou um farmacêutico. Por isso, devemos apenas usar os produtos certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. 

Grau alcoólico ou título alcoométrico

Antes de falarmos especificamente sobre a fórmula química e o processo de fabricação do álcool em gel, é importante explicar a diferença entre grau alcoólico ou título alcoométrico. Observe que há os graus ºGL e o ºINPM. 

Graus “Gay-Lussac” (ºGL)

A presença do símbolo °GL indica graus “Gay-Lussac” e se relaciona à porcentagem em volume (v/v), ou seja, o volume de etanol puro encontrado em 100mL de mistura aquosa disponível. Sendo assim, um álcool 70°GL apresenta 70mL de etanol puro numa mistura de 100mL de etanol/água. 

INPM

Por sua vez, a sigla INPM indica Instituto Nacional de Pesos e Medidas e se relaciona com a porcentagem em massa (m/m), ou seja, a massa de etanol puro presente em 100g de mistura aquosa etanol/água. 

Eficácia antisséptica

Para que o álcool em gel seja um antisséptico eficaz, deve apresentar porcentagem de 77°GL (77% v/v) ou 70°INPM (70% m/m). Compreendendo essa diferença entre porcentagem em massa e em volume, é mais fácil escolher produtos realmente eficazes, leia os rótulos com atenção.

Componentes do álcool em gel

A composição do álcool em gel tem outros elementos além do álcool e da água. Além do etanol (álcool etílico) é necessário empregar o uso de excipientes (que funcionam como veículos para o princípio ativo etanol) água, espessante e, em alguns casos, peróxido de hidrogênio e glicerol como aditivos. 

Água 

A água (H2O) utilizada precisa ser purificada por destilação, deionização ou processos de osmose reversa para manter a qualidade necessária. 

Etanol 

Por sua vez, o etanol (CH3CH2OH) utilizado deve estar de acordo com as características do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. É importante observar a composição química e o limite de contaminantes como acetaldeído, benzeno e metanol.

Logo, o álcool combustível não pode ser usado para produzir álcool em gel, uma vez que possuem aditivos como substâncias desnaturantes (para alterar o sabor tornando-o ruim para o paladar), corantes e substâncias tóxicas.

A recomendação da Farmacopeia Brasileira é a de que a porcentagem do etanol (v/v) seja medida na temperatura de 15°C. A determinação do grau alcoólico do etanol deve ser feita através de um alcoômetro de Gay-Lussac. Com a determinação do título alcoométrico do etanol feita segue-se o processo de diluição do etanol com água purificada. 

Fase aquosa (glicerina)

Antes de realizar a diluição do etanol com água purificada, deve ser feita a adição da fase aquosa, a glicerina (glicerol) (C3H8O3). A recomendação da Farmacopeia Brasileira é que essa adição seja de 1,45% (v/v), sendo a concentração permitida de glicerina de até 2%. 

Peróxido de hidrogênio etanólica

Há formulações em que é permitido realizar a adição a de peróxido de hidrogênio numa concentração máxima de 0,125% (v/v). Ressaltamos que nem a glicerina e nem o peróxido de hidrogênio são itens obrigatórios.

A glicerina é empregada por ser um excelente umectante, reduzindo dessa forma o ressecamento causado à pele. Já o peróxido de hidrogênio (H2O2) tem ação esterilizante e desinfetante, propriedades almejadas para o álcool em gel.

Agentes espessantes

A consistência de gel desse produto é obtida por meio do uso de agentes espessantes. Há dois grupos de compostos mais utilizados: polímeros acrílicos (com destaque para o Carbopol®) e polímeros derivados da celulose (podemos citar como exemplos o hidroxietilcelulose (HEC) e a hidroxipropilmetilcelulose HPMC). 

No caso dos polímeros acrílicos, são utilizadas concentrações de 0,5 a 12% (m/m), dependendo do fabricante. Já os polímeros derivados da celulose podem ser empregados na concentração de 0,5 a 1,0% (m/m). 

Curiosidade: por que o álcool em gel fica pegajoso?

Durante a pandemia do novo coronavírus, houve um grande aumento de demanda de álcool em gel e muitas pessoas perceberam que algumas marcas tinham uma consistência mais pegajosa ou ainda faziam espuma durante o uso. Isso acontece pela falta de espessantes adequados no mercado. Os substitutos utilizados podem levar ao surgimento dessas características. 

Além disso, o álcool em gel foi um produto bastante adulterado nesse período. Essa é uma questão muito séria, pois a adulteração faz com que ele não cumpra a sua função de esterilizar as mãos. As formulações finais do álcool em geral devem apresentar valores de pH entre 5 e 7 para que sejam aprovadas pela ANVISA. 

A viscosidade deve ser superior a 8.000 mPa/s, medida a 20rpm (rotações por minuto). Se o álcool for demasiadamente líquido, não cumprirá a função de esterilizar as mãos, uma vez que não se fixa na superfície da pele, evaporando rapidamente. 

Quando for comprar álcool em gel leve todos esses tópicos em consideração!

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