Aula em vídeo – América Latina no século XIX (Parte 2)
A Proclamação da República do México
O México teve um processo de independência muito violento, iniciado em 1810, e com ampla participação de camponeses e indígenas. Estes, liderados por Padre Hidalgo e em seguida, por padre Morelos foram duramente reprimidos e a independência mexicana só foi consolidada em 1821 por intermédio de Augustin de Iturbide que tentou implementar uma monarquia autoritária, mas logo no ano de 1824, foi fuzilado pela população mexicana.
Em 1824, foi proclamada a República no México e é esse regime que se consolida no século XIX. No entanto, as primeiras décadas após a proclamação da independência foram marcadas por guerras e crises sociais.
Liberais x Conservadores
Dois grupos brigam pelo poder e são eles: os Liberais e Conservadores. Os Conservadores tinham preferência pelo regime monárquico, estavam ligados à Igreja Católica e eram defensores dos privilégios da Igreja, do Exército e da manutenção das demais corporações coloniais.
Os liberais defendiam a República, queriam um Estado separado da Igreja e exigiam a extinção dos privilégios da Igreja, assim como a nacionalização das suas propriedades, além da desarticulação das formas de organização social próprias da colônia, como as comunidades indígenas.
Em relação à participação popular na construção do Estado Nacional, os dois grupos rejeitavam a participação política dos setores populares por considerarem as massas despreparadas para essa função.
Durante primeira metade do século XIX, predominou o projeto dos conservadores, pois foram mantidos os privilégios do Exército e da Igreja, assim como as comunidades indígenas dos tempos coloniais.
No entanto, após a derrota dos mexicanos para os Estados Unidos na década de 1840, quando a República mexicana perdeu metade do seu território por meio de guerras com os Estados Unidos, e entre esses territórios estão o Texas, o Novo México e a Alta Califórnia, quase 3 000 000 de km em faixas territoriais, houve uma descrença muito grande na República Mexicana e sobretudo, em relação ao projeto conservador.
Revolução de Ayutla
A partir daí, com a Revolução de Ayutla em 1854, os liberais assumiram o poder e logo desamortizaram as terras da Igreja, ou seja, tornaram as propriedades vendáveis, cancelaram os privilégios que o clero possuía e ainda previam a divisão dos pueblos entre os membros da comunidade e a conversão das terras em propriedade privada.
Nesse momento, o México mergulha em uma série de guerras civis entre os membros do Partido Liberal e Conservador, sofre uma intervenção de Napoleão III que pretendia expandir os seus domínios para a América e que inclusive, com apoio dos conservadores coloca um monarca no México da casa austríaca – Maximiliano de Habsburgo – que se torna Imperador do México.
Maximiliano de Habsburgo
Com Maximiliano de Habsburgo no poder, ele se afasta do projeto político dos conservadores e acaba se isolando. Em 1867, ele é fuzilado e os liberais se consolidam no poder com Benito Juárez. E em 1876, chega ao poder o líder político mais importante no México do século XIX, Porfírio Diaz.
Porfírio Diaz
Porfírio Diaz, que havia liderado a resistência contra os franceses governou com apenas um pequeno intervalo até 1910 e é no seu governo que se consolida a República Mexicana. Ele volta a se articular com a Igreja, mas mantém o projeto dos liberais e moderniza o México com a construção de ferrovias e de portos.
Revolução Mexicana de 1910
Agora, as reformas liberais desorganizaram as comunidades indígenas e onde o capitalismo avançou mais rapidamente, os pueblos se desagregaram. É nesse contexto de choque entre modernização e estruturas coloniais que ocorre a Revolução Mexicana de 1910. Dessa maneira, por meio de conflitos entre as elites e diferentes projetos de nação que ocorre a consolidação da maioria dos Estados Nacionais latino-americanos. Com o exemplo do México e da Argentina, nós conseguimos pensar questões mais amplas como a participação popular que foi completamente rejeitada durante o século XIX e o embate entre modernidade e tradição, que acaba sendo a razão de boa parte dos conflitos que ocorrem na segunda metade do século XIX e início do XX em toda a América Latina.