O que foi a Semana de Arte Moderna?
A Semana de Arte Moderna entrou para a história como uma manifestação artístico-cultural que mudou os rumos da arte brasileira. Essa semana ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo. O evento contou com apresentações e palestras que propunham uma estética inovadora.
O que foi a Semana de Arte Moderna?
Entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, foi realizado um evento que reuniu palestras e apresentações artísticas. A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que mudou os rumos da arte nacional com inspiração nas vanguardas europeias.
Os artistas buscavam uma renovação artística e social para o país. Esse evento chocou parte da população brasileira e abriu o horizonte para uma visão renovada a respeito dos processos artísticos. A arte passou a ter uma apresentação “mais brasileira”.
Uma das principais propostas desse evento artístico era a de realizar uma ruptura com a arte acadêmica. A ideia era promover uma mudança estética para o Movimento Modernista no Brasil.
O escritor Mário de Andrade foi uma das principais figuras da Semana de Arte Moderna. Também foram organizadores desse evento o artista plástico Di Cavalcanti e o escritor Oswald de Andrade.
Características da Semana de Arte Moderna
O movimento foi organizado com o objetivo de chocar o público e apresentar novas formas de sentir e ver a arte. Dentre as características principais dessa semana de arte estão:
- A eliminação do formalismo;
- Forte crítica ao modelo parnasiano;
- Fim do tradicionalismo;
- Ruptura com o academicismo;
- Valorização da cultura e da identidade brasileira;
- Influência de vanguardas artísticas europeias como o cubismo, futurismo, dadaísmo, expressionismo e surrealismo;
- Liberdade de expressão;
- Experimentações estéticas;
- Abordagem de temáticas nacionalistas e cotidianas;
- Fusão de influências externas aos aumentos brasileiros;
- Aproximação da linguagem oral;
- Uso da linguagem coloquial e vulgar.
Contexto histórico da Semana de Arte Moderna de 1922
No centenário da Independência do Brasil, em 1922, o país passava por significativas mudanças políticas, sociais e econômicas. Houve o processo de industrialização e o fim da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, surgiu a necessidade de adotar uma nova estética e assim a “Semana de Arte Moderna” foi concebida.
Artistas de diferentes áreas como literatura, música e pintura se uniram para dar início às inovações da arte brasileira. O objetivo era romper com os parâmetros que foram anteriormente estabelecidos.
Perfil dos artistas
Grande parte dos artistas era de famílias pertencentes às oligarquias cafeeiras de São Paulo. Nesse período, as oligarquias cafeeiras dominavam a política nacional, juntamente com as oligarquias de Minas Gerais. Era a chamada política do Café com Leite.
O evento ocorreu com respaldo do então governador de São Paulo, Washington Luís, exatamente por essa aproximação com as oligarquias. Muitos dos artistas que ajudaram a realizar a Semana de Arte Moderna tinham boas condições financeiras para viajar e estudar na Europa.
O movimento que culminou na Semana de Arte Moderna foi resultante exatamente desse contato com as inovações artísticas europeias. São Paulo assumiu um papel de protagonista na cena cultural brasileira.
O evento
O artista plástico Di Cavalcanti definiu a Semana de Arte Moderna como sendo uma semana de escândalos literários e artísticos. Havia o desejo de desafiar a elite dominante, embora muitos artistas fossem descendentes da mesma. O evento ocorreu durante três dias: 13, 15 e 17 de fevereiro.
A palestra “A emoção estética da Arte Moderna”, ministrada pelo escritor Graça Aranha, inaugurou o evento. Apresentações musicais e exposições artísticas seguiram a programação. Essa primeira palestra estava cheia e foi relativamente tranquila.
A segunda noite do evento contou com apresentação musical e uma palestra do escritor e artista plástico Menotti del Picchia. Além disso, foi nessa noite que ocorreu a histórica leitura do poema “Os Sapos” de Manuel Bandeira. Ronald de Carvalho foi quem fez a leitura, Bandeira estava tendo uma crise de tuberculose.
A crítica dura a poesia parnasiana causou indignação no público, houve vaias e sons de relinchos e latidos. A terceira e última noite estava mais vazia, ocorreu uma apresentação musical do carioca Villa-Lobos com uma mistura de instrumentos.
O músico se apresentou usando casaca e um pé calçado com sapato e o outro com chinelo. Villa-Lobos foi vaiado, pois o público considerou sua atitude uma afronta, porém, depois o músico explicou que estava com um calo no pé.
Principais Artistas da Semana de Arte Moderna
- Mário de Andrade (1893-1945);
- Oswald de Andrade (1890-1954);
- Anita Malfatti (1889-1964);
- Menotti Del Picchia (1892-1988);
- Graça Aranha (1868-1931);
- Guilherme de Almeida (1890-1969);
- Sérgio Milliet (1898-1966);
- Victor Brecheret (1894-1955);
- Guiomar Novaes (1894-1979);
- Plínio Salgado (1895-1975);
- Ronald de Carvalho (1893-1935);
- Heitor Villa-Lobos (1887-1959);
- Tácito de Almeida (1889-1940);
- Di Cavalcanti (1897- 1976);
- Zina Aita (1900-1967).
Repercussão da Semana de Arte Moderna de 1922
As apresentações chocaram o público que não compreendeu a nova proposta de arte. Dessa forma, as críticas foram severas, houve desconforto diante do apresentado. Os artistas foram comparados a loucos e doentes mentais. Ficou evidente que faltou a preparação do público para receber aqueles novos modelos artísticos.
O escritor Monteiro Lobato foi um dos críticos da Semana de Arte Moderna de 1922. Inclusive, ele já havia publicado um artigo com duras críticas às obras de Anita Malfatti, em 1917.
Consequências da Semana de Arte Moderna de 1922
A Semana de Arte Moderna foi considerada um dos grandes marcos da história cultural do Brasil. Muitas revistas, manifestos e movimentos nasceram dessa manifestação. Muitos grupos de artistas se reuniram para disseminar o modelo de arte moderna, com destaque para:
- Revista Klaxon (1922);
- Movimento Pau-Brasil (1924);
- Revista Estética (1924);
- Movimento Verde-Amarelo (1924);
- A Revista (1925);
- Manifesto Regionalista (1926);
- Outras Terras (1927);
- Terra Roxa (1927);
- Movimento Antropofágico (1928);
- Revista de Antropofagia (1928).
Podemos citar ainda desdobramentos culturais inspirados pelas ideias modernistas como o Tropicalismo e a geração da Lira Paulistana, na década de 1970.
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