A economia açucareira no Brasil colônia nos séculos XVI a XVIII
A economia açucareira no Brasil foi um ciclo econômico que se estendeu entre os séculos XVI e XVIII. Durante esse período houve extensiva produção de açúcar com destaque para a região Nordeste, especialmente Pernambuco. Continue lendo para saber mais.
O que foi a economia açucareira no Brasil ou ciclo do açúcar?
Esse período da história do Brasil colônia se caracterizou pela produção em larga escala de açúcar, essa era a principal atividade econômica. O ciclo do açúcar teve início no século XVI, chegou ao seu ápice no século XVII e entrou em declínio no século XVIII. O açúcar moldou a economia e também a estrutura social da então colônia portuguesa.
Contexto histórico
A base da economia na produção açucareira foi um reflexo da busca por atividades econômicas que beneficiassem Portugal. Entre os séculos XVI e XVII, o país europeu enfrentou grande crise no comércio com a Índia. Alguns fatores favoreceram a crise como:
- Rivalidade com os holandeses;
- Enfraquecimento do monopólio português;
- Mudanças do perfil consumidor europeu;
- Descoberta de novas rotas marítimas.
A decadência do império português decorrente da crise com o comércio indiano levou a transição para o sistema colonial mercantilista. Assim, nasceu a necessidade para Portugal de efetivamente colonizar o Brasil.
O açúcar foi identificado como a melhor estratégia para esse processo, Portugal já tinha experiências bem-sucedidas nas ilhas atlânticas da Madeira e Açores. Por estar economicamente enfraquecido, o país transferiu para a sua burguesia o papel central da produção açucareira.
Características da economia açucareira no Brasil
- Monocultura – amplas áreas de terras dedicadas para o cultivo exclusivo de cana-de-açúcar. O Brasil se tornou dependente desse único produto de exportação.
- Plantation e engenhos – os engenhos eram grandes propriedades rurais em que era realizado o ciclo completo da produção de açúcar.
- Mão de obra escravizada – a base da produção açucareira no Brasil era mão de obra escravizada, milhares de africanos foram trazidos para a colônia.
- Sistema de capitanias hereditárias – o Brasil foi dividido em capitanias, no início do ciclo do açúcar. Donatários portugueses tomavam conta dessas áreas.
- Governo central – após algum tempo o sistema de capitanias hereditárias foi substituído por um governo central.
- Expansão territorial – o ciclo do açúcar contribuiu para a expansão do território para o interior. Novas áreas foram colonizadas para plantar açúcar.
- Nordeste – foi o local de maior produção açucareira, com destaque para Pernambuco.
Engenhos de açúcar: como funcionavam?
A produção de açúcar era uma atividade bastante complexa e mecanizada para o período, sendo realizada em dois turnos de trabalho. Diariamente eram 20 horas de produção. O engenho podia ser impulsionado por força motriz fluvial ou humana, havia ampla participação de mão de obra escravizada.
O lucro exponencial dessa atividade era direcionado em maior parte para os portugueses. Porém, a lavoura (plantação de cana-de-açúcar) era propriedade do senhor de engenho, também podia ser arrendada para outros lavradores.
O plantio da cana era realizado entre fevereiro e maio, já a colheita era realizada de 12 a 18 meses depois. Os escravos eram a principal mão de obra e tinha papel determinante para o sucesso dos engenhos.
Produção do açúcar
O processo de produção do açúcar no Brasil colonial tinha diferentes etapas, cada uma com sua complexidade. Essas etapas incluíam o plantio da cana-de-açúcar e a comercialização do produto final. Confira abaixo as etapas:
- Preparação do solo (coivara) – realização da queima da vegetação existente para limpar a área;
- Plantio da cana – realizada entre os meses de fevereiro e maio;
- Crescimento da cana – período de 12 a 18 meses antes da realização da colheita;
- Colheita – operação intensiva realizada pelos trabalhadores, a maior parte deles escravizados. A cana era cortada e transportada até o engenho;
- Moagem da cana – moída nos engenhos para a extração do caldo usado como matéria-prima para produzir açúcar;
- Extração e purificação do caldo – realização de processos de purificação que podiam incluir fervura e decantação;
- Evaporação e cristalização – o caldo era então aquecido e evaporado para a sacarose ficar concentrada, assim se formavam cristais de açúcar;
- Secagem e refino – os cristais eram secos e refinados para a produção do açúcar branco;
- Armazenamento e distribuição – após ser armazenado, o açúcar era distribuído, etapa que podia envolver outros países como a Holanda;
- Comercialização na Europa – fortalecia a economia colonial e metropolitana.
Crise no ciclo do açúcar
Ao longo do ciclo do açúcar houve desafios a serem superados sendo um dos principais a vulnerabilidade de uma economia baseada em uma monocultura. Isso tornava a economia frágil e suscetível a flutuações de mercado e adversidades.
No século XVII, as invasões holandesas impactaram consideravelmente o ciclo levando a interrupção da produção e destruição de engenhos. Também era um desafio a competição com outras colônias que produziam açúcar.
Consequências do declínio ciclo do açúcar
- A crise econômica decorrente do declínio do ciclo do açúcar contribuiu para diversificar as atividades econômicas coloniais;
- Outras culturas como o tabaco se tornaram alternativas relevantes;
- A pecuária também ganhou maior destaque como atividade econômica;
- Socialmente, impacta a divisão racial do país e a perpetuação de desigualdades sociais.
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