A luta dos negros no Brasil e o negro na formação da sociedade brasileira
A história dos negros no Brasil é marcada por uma trajetória de luta pela conquista de direitos e de um espaço consolidado na sociedade. No artigo a seguir, iremos apresentar com mais detalhes essa história iniciada com o desembarque de africanos escravizados no país.
O início da história de luta dos negros no Brasil
Ao longo do período colonial, populações de africanos escravizados desembarcaram no Brasil sendo distribuídos especialmente pelas regiões litorâneas. A maior concentração se deu nas regiões Nordeste e Sudeste.
O período entre os séculos XVII e XIX foi marcado por significativo crescimento econômico, reflexo do cultivo de café, cana-de-açúcar e mineração. Os senhores de engenho e latifundiários acumularam extenso patrimônio tendo como base o trabalho dessa população de escravizados.
Por sua vez, os povos afro precisaram desenvolver estratégias para reverenciar seus antepassados, manter e reconstruir vínculos. A reconstrução de sua cultura representou uma forma de luta e resistência. A abolição da escravatura, em 1888, deu início a um período de conquista de alguns direitos.
Identidade da população negra
Em 1888, a Lei Áurea decretou a extinção formal da escravidão no Brasil. Até esse momento histórico, a população negra escravizada tinha acesso a poucos direitos. Os documentos oficiais que asseguravam esses direitos estavam na posse dos senhores de terras e lideranças políticas.
Contudo, ao longo desse percurso houve o enfrentamento de uma série de obstáculos que impediam a continuidade das suas histórias e culturas. Sendo manifestada individual ou coletivamente, a identidade do povo negro foi reconhecida como patrimônio de sua luta por direitos.
Ancestralidade e religiosidade africanas
A população negra enfrentou e ainda enfrenta uma série de péssimas condições de sobrevivência no Brasil. Porém, ainda assim existe o reforço da ancestralidade e religiosidade africanas como forma de resistência das comunidades afro-brasileiras.
Inclusive, estima-se que a matriz cultural afro é a que mais deixa marcas no país, especialmente na música, na dança, no esporte e na religiosidade. A manutenção e constante reconstrução cultural funciona como a base da resistência diante das dinâmicas segregacionistas.
Luta pela participação equitativa
A Lei Áurea foi promulgada há mais de um século, no entanto, a população negra ainda lida com as consequências de séculos de segregação. O sistema escravocrata ainda ressoa em práticas e obstáculos forjados naquele período. Existe intensa luta pela participação equitativa da população negra em espaços da sociedade brasileira.
Essa desigualdade está presente em diferentes setores como o econômico, social, e da educação. O acesso a oportunidades também é consideravelmente limitado em comparação com a população branca.
Desigualdade de nível de escolaridade
Para se ter uma ideia, negros e pardos representam 53,6% da população. Em torno de 12% da população preta têm ensino superior. Na população parda, esse índice é de 13%. Já entre os brancos, o número sobe para 31%. A diferença proporcional entre o nível de escolaridade se reflete na renda também.
Comparativamente, o salário da população preta e parda equivale a 59,2% ao da população branca. No caso das mulheres pretas, o salário equivale a 35% do salário de um homem branco. Esses números reforçam a relevância de os segmentos da sociedade civil atuarem fortemente contra o racismo e as discriminações raciais.
Formas de resistência
Portugal, em 1815, aderiu a ações para a redução do tráfico ao sul do Equador. Em 1888, foi assinada a Lei Áurea. Entre o período de 1815 a 1888, a população negra adotou uma série de formas de resistência para ter acessos aos seus direitos, ainda que limitados.
Ao longo desse período, o movimento abolicionista teve grande importância na luta contra a escravidão. O processo de transição entre o uso de mão de obra escravizada para mão de obra livre foi gradual tendo como dois marcos:
- Lei do Ventre Livre (1871);
- Lei dos Sexagenários (1885).
Em teoria, essas leis deveriam ajudar a população negra escravizada, mas acabaram se tornando mais uma forma de controle da ordem escravocrata. A integração da população negra liberada foi impedida devido a outras leis que se tornaram mecanismos de controle.
Lei Afonso Arinos
Foi somente em 1951, através da Lei Afonso Arinos, que o preconceito racial foi caracterizado como contravenção penal. Além disso, também foi apenas a partir da segunda metade do século XX que teve início um processo de investigação acadêmico das condições de vida da população negra.
Existe um discurso de que o Brasil é um país sem conflitos raciais e com oportunidades iguais. Porém, não é isso o que se constata na prática. As desigualdades raciais são palpáveis e se perpetuam pela sociedade. Embora não se admita a existência do preconceito, ele está entre nós.
Racismo e tabu
O racismo ainda é um tabu na sociedade brasileira, porém, a sua existência não pode ser simplesmente disfarçada. Esse racismo estrutura as relações sociais do país e deve ser combatido de maneira eficiente e ativa. Há grande perda para toda a população brasileira a manutenção desse sistema que é um reflexo do regime escravocrata.
Agora você conhece mais sobre a luta dos negros no Brasil. Para conferir mais conteúdos como este e dicas para o Enem e o vestibular, acesse outros posts do blog Hexag Medicina!